Afterfall Reconquest Ep. I (PC) promete, mas prepare-se para morrer muito

Se aventure por cidades destruídas descendo chumbo em mutações e tomando sustos em cada canto deste shooter em terceira pessoa.

em 15/08/2014


É fácil imaginar um mundo pós apocalítico num jogo da atualidade. Há destruição por toda parte e pessoas traindo umas as outras para recuperarem o que sobrou de recursos, armas e proteção em cidades em escombros. Mas, imagina agora um apocalipse onde perdemos, não somente tudo que havia de facilidades na era da informação, mas também algumas das nossas habilidades mais básicas como seres humanos.


Um inferno. Pessoas que não sabem chutar, abrir portas, subir em muros ou pular. Pular! Mas nem tudo está perdido. Para compensar a falta de coordenação, você consegue gerar um escudo com os braços e sugar a vida de criaturas que, há poucos segundos atrás, queriam a sua vida.


Afterfall Reconquest: Episode I te lembra a cada instante que este é um jogo em versão Alpha. Você pagou para jogar algo incompleto e deve ter paciência com as vaciladas que podem aparecer durante suas aventuras. Cedo ou tarde sua ajuda compensará a espera e um jogo brilhante sairá do estado de Early Access para ganhar o espaço que merece na Steam. Apesar dos problemas que insisto em implicar acima, o shooter em terceira pessoa me deu alguns sustos e muitos instantes de ódio com as mutações.

Reconquista

Se você se apaixonou por títulos como Dead Space, ou melhor, se borrou por jogos como Dead Space, reserve sua atenção para este jogo e volte daqui a algum tempo, pois há ainda muita coisa a ser polida e adicionada.

O que mais chamou me chamou a atenção neste game é o jogo de luzes combinado com os gráficos. As animações dos monstros, destroços e veículos também está impecável. Combinados com o universo sombrio, formam uma boa química, diferente do desastre criado em laboratório que causou toda a destruição que seu Reaper vê.


O ambiente repleto de miasma e a aparência detonada da civilização dão o ar macabro que o faz pensar etstar mesmo em um lugar devastado pela terceira guerra mundial. A neblina combinada com a escuridão, e a falta de configuração de elementos gráficos, como contrastes e brilho, tornam suas andanças pela destruição um passeio horripilante.

Aqui você é um Reaper, uma espécie de aventureiro que caça as mutações causadas por um novo tipo de arma química usada na guerra, que foi a responsável pela quase destruição da humanidade.

No apocalipse, não há karatê

Nas poucas mais de duas horas de gameplay, disponível nesta versão, você pode explorar algumas áreas, destruir mutantes e invadir uma espécie de forte populado por alguma coisa que ainda não consegui identificar direito o que é. A confusão pode ser parte do enredo, mas tenho dúvidas quanto a isso.

Esta mesma confusão dá espaço ao ódio quando sinto a impotência de não poder dar uma bicuda ou uma coronhada bem dada em um mutante próximo. As opções de combate se limitam a um escudo, uma espécie de canhão de fragmentos que atinge uma área pequena (e que pode te matar se atirada contra uma parede) e uma pistola. Quando se tem cinco, seis criaturas te cercando e tirando bons nacos da sua vida a cada bordoada, um chute resolveria o que o canhão de pulso não consegue. O mais irônico: os inimigos podem lhe bater com as mãos.


Além da incapacidade de seu personagem não poder reagir a ataques a curta distância, há também a incapacidade de transpor certos obstáculos. Certa vez, cheguei em um conteiner com uma pequena caixa de madeira na frente. Uma criança de dez anos teria dificuldades para subir na plataforma, mas parece que o Reaper está com algum problema no posterior e não consegue subir os oitenta centímetros de altura da caixa. O mesmo vale para algumas escadas e parapeitos.

Em construção, ponha seu capacete

Em sua versão atual, o jogo está bem depenado, faltando algumas coisas essenciais para justificar sua chegada na Steam. Em alguns pontos mais pesados do game, os cenários carregam separadamente, em partes, e algumas vezes só aparecem quando estou em cima dele. O que antes acreditava ser um cerrado plano do nada vira uma construção enorme com mutantes me cercando.

Faltam configurações de controles, e realmente sinto a falta disso com os comandos malucos que o jogo oferece. Posso mudar o escudo para a shotgun usando Q, e carrego essa arma com Shift. Posso sugar a energia da vítima ou interagir com um mecanismo ou botão com F. O espaço serve para correr e, se apertado duas vezes, posso rolar.


Com um joystick, a coisa fica mais simples, mas e quanto aqueles que não querem ou não possuem um controle a disposição? É de espantar como há a possibilidade de se usar um joystick enquanto nem se pode reconfigurar os comandos do teclado.

Mudar a resolução ou configurar o gama? Nem pensar. Simplesmente não existe um menu de opções. Temos que jogar com as configurações padrão do jogo e seus loads demorados. No quesito áudio, a música se combina a temática horror e vai mudando conforme a ação se desenvolve, mas ela chega a irritar nos momentos em que não há inimigos, porém, continua alta.

Cego em tiroteiro

Muitas cutscenes, diálogos e aspectos estéticos estão fora, então, a história não é muito bem explicada e as intenções do Reaper são tão vagas quanto as origens dos monstros que tentam matá-lo a todo instante. Você simplesmente está lá e precisa fazer algo. Em alguns momentos seu personagem fala algo curto e sem muita inspiração pra ajudar o jogador a se encontrar (caso o texto no canto com as informações da missão não forem o suficiente). A falta de informação chega ao absurdo ao nos aproximarmos do fim, depois de horas morrendo para o mesmo grupo de mutantes.
Por fim, leve em conta que se trata de um Acesso Antecipado. O preço (por enquanto, bem baixo) compensa a compra caso você seja paciente e espera algum tempo para poder acompanhar o resto do jogo, que virá em episódios. Se não tem paciência com algo em construção, recomendaria outros jogos, que mesmo com o selo Early Access, já fornece um conteúdo mais completo e bem menos difícil.

Revisão: Jaime Ninice
Capa: Vitor Nascimento

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