Mantenha distância de Pocket Monster, a medonha aventura de "Picachu"

Sabe aqueles jogos não licenciados que existiam aos montes para SNES e Mega Drive? Pocket Monster talvez seja o pior e mais tosco deles.

em 22/07/2014

"Temos que pegar todos"? Bom, com certeza não estamos falando desse bizarro jogo de Pokémon para SNES e Mega Drive. A primeira (e única) vez que ousei jogar Pocket Monster foi muitos anos atrás, quando um amigo de minha turma na escola me emprestou um "Pokémon de Super Nintendo" pelo meu Kirby Super Star (SNES). Qual não foi minha surpresa quando encontro um dos mais toscos bootlegs, aqueles jogos "piratas" que não precisavam se importar com direitos autorais. Supostamente desenvolvido pela DVS Eletronic Co., trata-se da pior aventura vivida por "Picachu".


"Picachu"?

Sim, foi assim que a DVS Eletronic Co. nomeou o ratinho elétrico que estrela seu jogo: "Picachu". Na verdade, é difícil saber se "Pikachu" não é o título do jogo, se é "Pocket Monsters", como está na caixa do jogo ou se é "Pocket Monster", como na tela inicial. Mas enfim, o fato é que Pocket Monster é uma aventura não autorizada de Pikachu, o mascote da série Pokémon. Foi um jogo criado para SNES e Mega Drive, copiando mecânicas de jogo e trilha sonora de outros games, além dos óbvios designs da franquia da GameFreak. Por exemplo, as músicas da versão de SNES vieram de Bonkers (SNES).


Após uma bizarra animação de Ash Ketchum lançando uma Pokébola, somos apresentados à super simples tela de início. Para começar o jogo, precisamos configurar o nível de dificuldade, vidas e continues. E vou avisando: o jogo é extremamente difícil. Não pelos desafios programados, mas pelos toscos erros, bugs e slowdowns do game. Além disso, há muitas alterações entre as versões de Mega Drive e SNES. Enquanto a versão para o console da Sega copiou as músicas de Mortal Kombat 5, o jogo para Super Nintendo traz as músicas de Bonkers. Não apenas isso, mas opções de pulo, visuais, jogabilidade e até estágios inteiros diferem entre as duas versões.

Cada salto resulta em um doloroso slowdown.
Basicamente, precisamos levar Pikachu até o final de cada estágio de um típico game em progressão lateral. Sua arma é apenas o pulo do Pokémon e seu choque do trovão. Mas você provavelmente só vai querer pular quando for estritamente necessário porque o game inteiro fica lento quando se está no ar. Isso faz de Pocket Monster extramente difícil, pois, acredite, não dá para se acostumar nunca com os slowdowns!

Ainda por cima, vários saltos precisam ser feitos às cegas, pois os desenvolvedores acharam que todo mundo já conhece os cenários de cor e colocaram várias plataformas em locais não visíveis a menos que se pule em sua direção. Para piorar, as fases não têm checkpoints, ou seja, você é levado ao início do estágio sempre que morre. Haja paciência...

Isso é um Krabby? E o outro, um Metroid?

E cadê os outros 151?

Na verdade, Pocket Monster não aproveita como inimigos nem metade dos Pokémon disponíveis na época. Muito pelo contrário, há adversários totalmente bizarros, que não enganam nem uma criança na tentativa de se passar por Pokémon oficiais. Sério, eu estou falando de macacos genéricos, dragões verdes genéricos, vermes que parecem espermatozóides, caranguejos que andam com uma perna só, pássaros esquisitos…, entre muitos outros. E isso porque todos esses monstros poderiam ter substitutos Pokémon adequadíssimos.
Será um monstrinho da 7ª geração?
Espero que não.
Mas, sim, há alguns Pokémon para fazer "companhia" a Pikachu. Além de um Porygon dos mais feios já feitos e outro bicho com uma flor das costas do que provavelmente seria um Venusaur, temos os chefes, que quase sempre são Pokémon. Esses chefes são normalmente gigantes, muito maiores do que Pikachu. Dentre eles, temos Pinsir, Snorlax, Onyx e outros. Alguns estão em ambientes que não têm nada a ver com o monstrinho. É o caso de Gengar, o último adversário do estágio de gelo. E por falar em ambientes, o cenário até que é bem detalhado, mas absurdamente genérico. Já outros chefes são monstros diversos, como uma tartaruga vermiforme medonha e um tricerátopo bípede.
"Pinsir esmaga!"
Em suma, imagine Pikachu em uma aventura bizarra por um mundo de Pokémon mais bizarros do que as criaturinhas das atuais gerações. Deve ter dado um certo trabalho para os desenvolvedores, é claro, mas não deixa de ser um jogo ilegal. E um jogo péssimo, também.

Ainda bem que hoje é quase impossível encontrar um desses.

Qual o saldo?

Nenhum. Sério, Pocket Monster é ruim ao Pokécubo. Claro, trata-se de um jogo feito às coxas, ilegalmente, apenas para lucrar em cima de quem via uma imagem de Pikachu na capa do jogo. Mas, ainda assim, consegue ser péssimo ao extremo. É só olhar para o tosco Pikachu andando de pé o tempo todo, para as suas animações ridículas e para a sua inexplicável sede por cristaizinhos roxos.

O filósofo contemporâneo Ash sempre solta uma pérola
no início de cada fase. "It's hot" para a fase vulcânica
Hoje em dia, encontrar um cartucho de Pocket Monster é uma raridade. Há colecionadores que queiram uma bizarrice dessas, mas, para o jogador comum, alerto aos perigos à sua sanidade e à sua paciência que Pocket Monster é. Ok, uma aventura 2D de Pikachu seria uma ótima pedida, mas não dessa forma. Ao menos você terá coisa pior para dizer quando falarem que o grande erro de Pokémon é sempre repetir a fórmula.
E, sim, existe uma sequência lançada para Mega Drive, mas vamos
parar com o masoquismo.
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Douglas Fernandes

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