De Fazendeiro e louco, a Natsume tem pouco
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Incongruentemente, os desenvolvedores também decidiram quebrar o padrão da franquia e aumentar as possibilidades de customização do cenário. Agora, tudo se dá em um grid quadriculado nas três dimensões, o que significa que todo o cenário (salvo flora, fauna, personagens e estruturas criadas pelo homem) será feito de cubos. Soa similar? espera que fica mais: com as clássicas ferramentas já conhecidas, o jogador poderá minerar, escavar e remodelar o terreno à sua volta como bem desejar, além de construir estruturas, como moinhos e pontes. É no minimo interessante e esse combo de “Minecraft + Harvest Moon” pode gerar jardins belíssimos, mas também tem o potencial de espantar de vez jogadores que há tempos não experimentam o título e decidiram fazer devido à nostalgia que a arte proporcionou.
Os frutos e ervas daninhas do novo conceito semeado
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Mas o expansivo território não traz somente bons frutos: como consequência da gigante área customizável (e sem loading, diga-se de passagem), eles eliminaram a cidade, para que o jogador não perdesse tempo se deslocando e tendo que fazer tarefas monótonas. Agora, os NPCs vêm até o jogador em dias e horários determinados. Embora a interação seja limitada, você ainda pode conversar, apaixonar-se, casar-se e ter filhos.
Aumentando a longevidade de um já longevo título
Uma das principais preocupações da Natsume com the Lost Valley é fazer com que o jogador continue jogando. Embora Harvest Moon seja um game que, por si só, já faz com que o usuário gaste dezenas ou centenas de horas, boa parte deles deixam o título de lado após casarem e terem filhos ou até mesmo desistem de jogar pelo início lento. Para isso, a Natsume armou-se com duas boas estratégias: enredo e DLCs.
E depois que completar a história, tiver casado e com filhos, rancho expandido ao máximo, produzindo artigos com qualidade Friboi e se tornado um magnata da agricultura com vários Harvest Sprites trabalhando pra você em troca de farinha, o que mais se pode fazer? Simples: baixe algo novo! Embora não tenha entrado em muitos detalhes, a Natsume espera lançar conteúdo para download (tanto grátis quanto pago) que faça com que o jogador se comprometa ao título por mais tempo. Dentre as previsões, temos tanto novos animais e hortaliças quanto estruturas e novas histórias.
Nem só de vegetal vive uma empresa
Caso não saiba, a empresa não desenvolve somente Harvest Moon. Confira os quatro grandes lançamentos para celulares que estavam jogáveis, todos planejados para lançamento durante o inverno brasileiro.Hometown Story: O simulador de loja da Natsume, que já está disponível tanto para celulares quanto 3DS via eShop, conta com a possibilidade de organizar completamente sua loja, colocando as prateleiras como bem entender e escolhendo o quê e a que preço vender. Coloque um preço alto, e nem o garoto propaganda das Casas Bahia conseguirá vendê-lo. Coloque um preço muito baixo, e sairá no prejuízo. Coordenar os preços e estoque, atender clientes e conversar com eles para saber suas expectativas e melhor se programar pode parecer simples no começo, mas em níveis avançados é um incessante clique-clique pra tudo quanto é lado da touchscreen. Bem que ele poderia ser um pouco mais bonitinho…
Reel Fishing Pocket 2: a segunda versão do simulador de pesca (a Natsume gosta mesmo de simuladores, não?) contém alguns uptades visuais em relação ao seu predecessor (que se encontra grátis no iTunes) e alguns peixes, varas e iscas a mais, mas não impressiona. Com ações repetitivas e não muito envolventes, o jogo é indicado para partidas rápidas enquanto se espera um metrô ou fãs do gênero (se é que tal nicho existe…).
Gabrielle’s Monstrous Duel: Um bizarro misto de “puzzle” e combate, o jogador deve escolher ações em um grid quadrado (3x3, 4x4, 5x5..) nas linhas, enquanto o adversário, no turno seguinte, seleciona algo da mesma coluna na qual o jogador selecionou sua ação, e assim por diante. Confuso, o jogo conta com algumas partidas tutoriais para explicar, mas é desafiador e interessante. Contando com monstros diferentes para usar, o que gera ataques e efeitos diferentes, é um dos mais interessantes títulos mobile da empresa.
Ninja Strike: no comando de um ninja, o jogador deve chegar o mais longe e fazer o maior número de pontos o possível, usando apenas dois botões: pulo e ataque. O ninja se move sozinho em uma constante velocidade, e cabe a você pular para pegar os itens, escapar de penhascos e atacar os ninjas inimigos. Segurar o botão de pulo permite planar, porém isso usa as duas mãos do protagonista, e impede que ele ataque. Ninja Strike é um daqueles joguinhos simples e viciantes, como Flappy Bird, mas bem menos difícil que o exemplo citado.
Diversificar nem sempre é a melhor opção.
Para qualquer um que passou pelo estande da empresa, fica clara a disparidade da qualidade de seus títulos mobiles e Harvest Moon. Diversificar a sua presença na feira com os títulos mobiles foi uma ideia interessante, mas o conceito e qualidades simplórias dos mesmos os deixou com cara de jogos indie ou até mesmo amadores. Igualmente, a tentativa de diversificar o mais recente Harvest Moon pode vir a causar a mesma impressão nos jogadores para com a nova iteração da franquia de fazenda.O conceito de customização do cenário, em troca de várias coisas as quais já estamos acostumados, pode tanto revitalizar a série que há um tempo estava meio estagnada quanto afastar de vez os fãs que ainda compravam seus títulos. Só com o passar das estações, quando o jogo chegar em nossas mãos, poderemos dar um veredito, mas que ele vai fazer muita gente comprar, só de curiosidade, ele vai.
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Até ano que vem, Natsume! |
Revisão: Alberto Canen
Capa: Douglas Fernandes