É um pássaro? Um avião? Não, é uma nave espacial!
O game que inauguraria a época de ouro dos arcades (e faria muitas crianças destruírem seus cofrinhos), Space Invaders, foi desenvolvido por Tomohiro Nishikado em 1978. Mas não pensem que o japonês apenas teve que programar o código do game. Como naquela época as máquinas de arcade ainda eram raras (e os primeiros fliperamas começavam a surgir nos Estados Unidos), Tomohiro teve que gastar muito tempo e suor para desenvolver o hardware e as ferramentas necessárias para o jogo funcionar.O gameplay era muito simples, mas com um nível de dificuldade na medida certa e que aumentava lentamente. Além disso, Space Invaders era extremamente viciante. Não era incomum encontrar crianças e jovens que passavam horas na frente de máquinas de arcade tentando quebrar seus recordes. Com uma mecânica de shooter fixo, o jogador precisava atirar com o laser de um tanque terrestre no exército de naves alienígenas que tentava invadir a Terra. Os discos voadores se moviam horizontalmente e gradativamente desciam e aumentavam as suas velocidades. O jogador precisava ser rápido para desviar dos tiros inimigos, saber utilizar muito bem a proteção de seus quatro escudos e ser muito bom de mira.
Cada fileira de naves do exército alienígena tinha um visual diferente, que mais tarde se tornariam verdadeiros ícones da cultura gamer. Mais memorável ainda era a trilha sonora composta por apenas alguns bits que embalava a invasão extraterrestre. Levando cerca de uma ano para completar sua obra-prima digital, Tomohiro chegou a afirmar que a inspiração do game viera de um sonho em que crianças esperavam pela chegada do Papai Noel e, subitamente eram atacadas por alienígenas (Como assim?!). No entanto, seu modelo inspirador mais provável tenha sido outro título de sucesso da jovem indústria dos games, Breakout, da Atari. O mais curioso é que ele não cogitou a possibilidade de colocar pessoas como personagens no seu game, porque, segundo ele, “isso seria imoral”.
É de bit em bit que se faz um sucesso
Quem diria que um game que utiliza os gráficos rasterizados (utilizando apenas linhas e vetores) mais simples (porém muito eficientes) que existiam na época do primeiro processador da Intel (o grande 8080), ficaria tão famoso? Os números de Space Invaders são de causar inveja para qualquer hit da indústria moderna de games. Somente no final do ano de seu lançamento, a Taito, companhia que comercializa o jogo, já havia instalado mais de 100 mil máquinas de arcade e lucrado cerca de 600 mil. Em questão de apenas 2 anos, 300 mil cópias de Space Invaders haviam sido vendidas no Japão, além de 60 mil nos Estados Unidos. Após 1982, o game já possuia um patrimônio de mais de 450 mil dólares, tornando-se o título mais vendido da sua época e quase superando a bilheteria de um “parente” seu das telonas, Star Wars.Mas Space Invaders não ficou apenas nos arcades durante sua época de glória. O game recebeu várias adaptações e remakes para diversas plataformas, sendo que a mais bem vendida de todas foi a do Atari 2600. Fica difícil enumerar a quantidade de filmes, séries ou desenhos que já utilizaram Space Invaders como referência. Talvez uma das homenagens mais divertidas que o game já tenha recebido foi na série Futurama, em que no episódio “Anthology of Interest II” o pessoal do Planeta Expresso vive uma aventura que cita vários games, mas destacam com muito carinho e humor a importância que Space Invaders teve para a indústria dos games e também para a cultura pop.
Revisão: Luigi Santana
Capa: Vitor Nascimento