Salvar o mundo é uma atividade corriqueira nos videogames. Se formos levar em consideração o número de vezes que zeramos jogos com essa temática, é seguro dizer que, no mínimo, cada um de nós salvou o mundo ao menos uma vez por mês durante a vida inteira. Ou seja, salvamos o mundo cerca de doze vezes ao ano. Só o Jack Bauer consegue impedir nosso planeta de ir pelos ares em menos tempo.
Quando trazemos isso para o mundo real, a coisa fica bem mais complicada. Guerras, epidemias, aquecimento global e ódio no geral são apenas uns dos grandes problemas que enfrentamos diariamente. Analisando o cenário todo, parece até mesmo ser bobo jogar videogame quando temos tanto a fazer. Mas será que, mesmo aproveitando nosso hobby favorito, temos como ajudar o mundo a se tornar um lugar melhor?
Games angariando fundos para a caridade
Dentre as iniciativas que utilizam jogos eletrônicos para um propósito maior, o mais conhecido de longe é o Humble Bundle. Sua proposta aos fãs de games é simples: pague o quanto quiser em um conjunto de games e ajude instituições de caridade pelo mundo todo. O projeto foi tão bem-sucedido que acabou por inaugurar sua loja própria, na qual 10% do valor de seus jogos é revertido em doações, além de adicionar pacotes com obras de outras mídias, como os quadrinhos e livros.Um exemplo dos pacotes oferecidos pelo Humble Bundle |
Jogos contra o câncer
Outra das iniciativas mais conhecidas dentro do universo dos games é o Child’s Play. A instituição americana busca trazer alívio a crianças que estão nos hospitais sob tratamento para vencer o câncer. Esse alívio é trazido na forma de videogames, cujo estas crianças podem, nos intervalos dos tratamentos, jogar e interagir com outros jovens em condições semelhantes. Em alguns dos testemunhos encontrados em seu site oficial (em inglês), fica claro que estes jogos foram vitais em ajudar estas crianças a atravessar os dolorosos tratamentos aos quais se submeteram. Impossível não sentir um nó na garganta ao ler os testemunhos.Também no combate contra o câncer, o jogo mobile Play to Cure: Genes in Space foi encomendado por um instituto de pesquisa britânico para receber auxílio em sua pesquisa para obter uma cura para a doença. Mas engana-se quem pensa que o jogo consiste em combater células cancerígenas.
Ao invés disso, você é um piloto de espaçonaves que deve mapear rotas e coletar uma forma de energia alternativa. A grande sacada do jogo é que os mapas nos quais o jogador trabalha são mapas genéticos reais e, a cada passagem, o jogo envia os dados obtidos em sua sessão, economizando um número considerável de horas dos pesquisadores. O melhor de tudo: é totalmente gratuito!
Mas a pergunta que não quer calar: dá pra salvar o mundo com videogames?
Estas não são as únicas instituições que utilizam os games, mas exemplificam bem como os videogames podem ir muito mais além do que meros objetos de entretenimento. No entanto, a resposta para a pergunta que estabeleci no título desta matéria é não, não é possível salvar o mundo apenas com videogames.Salvar o mundo é uma das questões mais complexas da humanidade, visto que o termo “salvar o mundo” tem implicações diferentes para cada indivíduo. Algumas bem controversas, inclusive.
No entanto, reforço que os videogames são sim uma ferramenta significativa para ajudar a melhorar nosso planeta, seja comprando jogos através do Humble Bundle, doando para uma instituição como a Child’s Play ou até procurando e jogando títulos com premissas parecidas com as de Play to Cure: Genes in Space. O importante é ter a consciência de que, sem nossa ação hoje, o futuro melhor e brilhante que muitos acreditam existir nunca acontecerá.
Conhecem outras instituições que utilizem games como ferramentas para melhorar o mundo? Querem divulgar algum tipo de iniciativa semelhante aqui no Brasil? Adoraria conhecer mais um pouco sobre estes projetos, então deixe seu comentário logo abaixo!
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Leonardo Correia