1979. Enquanto no Brasil vivíamos os chamados “anos de chumbo” da horrível ditadura militar, nos Estados Unidos a era da paz e do amor hippie perdia suas forças. O mundo estava prestes a entrar na década de 1980, época em que os videoclipes musicais nasceram, descobrimos um dos estilos de se vestir mais bregas do século XX e a indústria dos games deu passos importantes para se consolidar como uma das mais poderosas do planeta nas décadas que viriam. E também foi por volta dessa época que muitos dos games que seriam os antepassados dos títulos de hoje surgiram nos famosos arcades, como Space Invaders, Tetris e o pioneiro Asteroids. Que tal lembrar a história e descobrir algumas curiosidades desse game clássico para saber que o espírito dos anos 1980 ainda ecoa hoje?
Os gráficos vetoriais mais viciantes dos anos 1980
Asteroids foi lançando pela Atari em 1979 e produzido por Lyle Rains e Ed Logg. Fruto da época de ouro do “Vale do Silício” na Califórnia, Estados Unidos, o jogo foi criado para a plataforma mais sofisticada da época, o famoso Atari 2600. Apesar de o cartucho ter feito muito sucesso, a fama de Asteroids ocorreu mesmo dentro dos arcades americanos, onde a Atari ainda vendia seu hardware para as grandes máquinas de jogos. Alguns games que inspiraram sua criação foram o famoso Space Invaders, Lunar Lander e Spacewar!.
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A esquerda, o cartucho do game para o Atari 2600. Na direita, a máquina de arcade que fez muitas moedas rolarem. |
O game utilizava gráficos vetoriais, ou seja, os gráficos eram linhas desenhadas em um monitor vetorial. Tal abordagem parecia melhor porque tornava a mira e os controles do jogo muito mais fluidos e flexíveis, ao invés de ficarem estáticos ou travando como costumava ocorrer com gráficos rasterizados. Asteroids também apresentava visual simples, sem cores e nem padrões muito ousados ou músicas, se apoiando apenas em sua jogabilidade viciante.
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Uma nave contra o espaço sideral. |
O objetivo principal do game era pilotar uma nave espacial, um triângulo transparente, e atravessar o campo de asteróides enquanto lutava contra discos voadores. Mas a tarefa não era simples, pois as pedras espaciais gigantes precisavam ser destruídas e, ao fazê-lo, se despedaçavam em pedaços menores que ainda representavam ameaça. Então, o jogador devia ser rápido na mira e controlar sua nave muito bem: além de ajustar a mira, era necessário posicionar a nave no local certo da tela para escapar do perigo iminente.
Asteroids era extremamente viciante pela sua jogabilidade simples e desafios empolgantes. Quanto mais o jogador avançava de nível, mais difícil escapar ileso dessa aventura espacial. Não era incomum na época do game ver os arcades lotados de crianças que tentavam quebrar recordes de pontuação e nem os funcionários da Atari deixavam de jogar dentro da empresa quando tinham um momento de folga.
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Funcionários da Atari testando as primeiras máquinas com o game. |
Um legado eletrônico
Desde a época de seu lançamento, Asteroids foi um sucesso absoluto. Ele conseguiu até superar Space Invaders em níveis de popularidad, se tornando o jogo de arcade mais vendido de todos os tempos com incríveis 70 mil unidades comercializadas. Isso sem falar no grande lucro de 150 milhões da Atari com a venda de cartuchos e do software para as máquinas de arcades, além das moedinhas da garotada que renderam mais 550 milhões! Não foi a toa que muitas casas de jogos precisaram instalar máquinas maiores para aguentar o fluxo de moedas que rolava todos os dias.
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Apenas um, dentre os vários remakes já feitos do clássico jogo. |
Asteroids foi um precursor dos jogos eletrônicos que consolidou definitivamente o gênero “space shooter” no mundo dos games. A ideia serviu de inspiração para milhares de jogos que surgiriam nas décadas seguintes, desde
StarFox 64 até
Star Wars: Rogue Squadron, ambos para o Nintendo 64. O game ainda recebeu vários remakes em outras plataformas, mas nenhum teve aquele charme especial da versão de 1979. O som monotônico do tiro da nave atingindo os asteróides é algo inesquecível que vai permanecer com muito carinho na história dos videogames.
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Não existe "Game Over" para um clássico. Ele nunca morre! |
Revisão: Bruna Lima
Capa: Stefano Genachi