Assassin's Creed: Renascença e o sentimento de nostalgia

O livro Assassin’s Creed: Renascença mexe com a nostalgia de quem já conhece sua história

em 21/03/2014
É desnecessário dizer que a saga literária de Assassin’s Creed já acompanha a história de seus capítulos, sendo lançado quase que simultaneamente ao jogo. Um dos maiores sucessos da literatura gamer, tudo começou com Renascença, que aborda o início da jornada de Ezio Auditore e acompanha os acontecimentos de Assassin’s Creed II.

Para situá-los melhor, joguei Assassin’s Creed II há cerca de dois anos atrás, enquanto demorei considerável tempo para ler o livro, que juntou bastante pó até que eu começasse a lê-lo (culpem os cinco livros de As Crônicas de Gelo e Fogo), o que aconteceu no final do ano passado. Com quase dois anos de diferença, muitas outras memórias foram inseridas no meu DNA e diversas lembranças se tornaram enevoadas. Talvez entrando no Animus eu consiga esclarecê-las.

Quando a névoa ajuda na leitura

Um dos traços compartilhados pela obra literária de Assassin’s Creed e seu respectivo jogo é a atenção ao seu cenário. Enquanto no jogo podemos visualizar as cidades já criadas, na leitura de um livro isso fica a cargo da descrição do autor e da imaginação do leitor.

Porém, quando se assiste a uma obra cinematográfica ou interativa como os videogames, algumas imagens ficam gravadas na memória e inconscientemente tomam forma ao ler uma versão literária da obra. Quem nunca começou a ler Game of Thrones e, depois de assistir a série, começou a visualizar o Sean Bean como Ned Stark durante a leitura?


Talvez pelo hiato entre ter zerado o jogo e lido o livro, alguns cenários não vinham com tanta clareza, apesar do estilo de arquitetura da Itália renascentista já ter começado. Mesmo assim, em Renascença as descrições contavam com detalhes importantes sobre os personagens e locais sem que fossem entediantes ou se estendessem por páginas (Tolkien, esta é uma indireta pra você!).

Quando a névoa torna as coisas confusas

Por outro lado, ter jogado Assassin’s Creed II e lido o livro após tanto tempo também tem suas desvantagens. Embora o conceito da história geral e o final já sejam sabidos, os acontecimentos menores acabam sendo esquecidos de maneira parcial ou total. E neste ponto entra a armadilha da nostalgia: ao invés de absorver o acontecimento, a questão “será que isso realmente aconteceu no jogo?” é uma constante, por algumas vezes nos ceifando de saborear ou detestar a leitura.

Um dos grandes momentos que não podem estar presentes nos jogos são os conflitos emocionais pelos quais Ezio passa, principalmente em seu último diálogo com os rivais que assassina. Com o livro, a confusão racional e emocional do protagonista ficam mais claras para os leitores. Passa-se a saber o que está dentro da cabeça de Ezio naquele momento. Estes momentos acabam por se tornar os melhores de se ler no livro.

Quando a nostalgia se torna uma vitória épica

Não há como negar que a nostalgia também possui seu lado bom. Mesmo que tanto Assassin’s Creed II quanto Assassin’s Creed: Renascença tenham sido lançados há alguns anos, não temam os spoilers. Não há como negar que Ezio Auditore possui um conjunto de momentos memoráveis dentro da franquia.

No livro, estes acontecimentos estão detalhados e, embora o fator surpresa não exista, é inegável que a sensação de nostalgia nos faz reviver cada segundo do momento quando os presenciamos pela primeira vez no jogo.

Porém, por conta disso, torna-se uma tarefa árdua avaliar a qualidade descritiva do acontecimento, talvez sendo possível apenas para quem não conhece o enredo. No final, a experiência de se ler um livro de Assassin’s Creed chega a causar estranheza por dois motivos: o primeiro é saber o início, meio e fim da história; o segundo é evitar a armadilha das lembranças enevoadas sobre como um local, personagem ou acontecimento é narrado ou descrito.
Mesmo assim, é possível dizer que Assassin’s Creed: Renascença é um livro bom para quem ainda não é familiarizado com a franquia, embora peque em alguns momentos por expressar as emoções emitidas pelos personagens de maneira demasiado óbvia.
Revisão: Alan Murilo
Capa: Rafael Lam

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