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Análise: Smash Hit — Vidro quebrado em um FPS diferente para mobile

Jogo para iOS e Android combina belos visuais com jogabilidade simples mas cativante.

Quando pensamos no gênero FPS nos lembramos de que? Armas, provavelmente, o que faz muito sentido dentro do contexto de mirar e atirar. Os jogos contribuem quase que unanimamente para essa associação, afinal até mesmo quando um jogo com fortes traços de first person shooter mas abordagem completamente diferente aparece, como Portal, o jogador está portando uma “arma”. Mas a ação de atirar é ampla demais para se restringir a isso. Podemos arremessar qualquer coisa. Podemos atirar esferas de metal para quebrar coisas. E é exatamente isso que fazemos em Smash Hit, jogo para as plataformas Android e iOS desenvolvido pela Mediocre.

Abra caminho destruindo tudo

Se fôssemos definir um gênero para Smash Hit, seria um FPS em trilho, aqueles onde o jogador não tem controle sobre a movimentação do personagem, apenas sobre a mira. Mas o jogo é minimalista demais em sua mecânica para que essas categorizações tenham importância. A câmera está indo para frente sem parar, um toque na tela arremessa uma bola de metal e é basicamente isso: nada de personagens, nada de história, nada de inventário. Mas isso não é demérito, pois
o game design se sustenta sozinho. Você possui um determinado número de bolas, que são a sua munição, e deve arremessá-las contra obstáculos de vidro que se colocam em seu caminho para desobstruir a passagem. Alguns cristais ficam espalhados pelo cenário, e quebrá-los lhe concede números variados de esferas. Sempre que você falhar e acabar colidindo,  será penalizado perdendo dez bolas, algo como o Sonic perdendo seus anéis. Fique sem munição e é isso, fim de jogo.

Esse esquema se mantém ao longo das 11 fases de Smash Hit, sendo a última infinita, praticamente um modo survival para ver qual a distância máxima que você consegue alcançar antes de perder. Falando assim parece até algo extremamente chato e repetitivo, mas não é o que acontece graças a uma ótima curva de dificuldade e boa variedade de desafios impostos. Nos níveis iniciais, você encontrará algumas barreiras comuns, como uma simples viga de vidro parada no meio do caminho. Fácil de quebrar e de passar. Logo mais haverá placas móveis indo de um lado para o outro. Depois grandes blocos balançando pendurados por uma corda, estruturas de DNA giratórias, grandes martelos giratórios… O jogo vai acrescentando obstáculos mais complexos de forma natural, exigindo cada vez mais precisão, reflexo e avaliação do jogador. Será que esse bloco maciço que exige vários disparos para quebrar não possui um ou dois pontos frágeis? Às vezes a questão não é nem saber onde atirar, mas sim quando: não é difícil ser enganado pelos movimentos e acabar gastando recursos em objetos que não estavam em rota de colisão conosco. Considerando que o critério de derrota é ficar sem munição, esse é um ponto importante.


Uma boa mira também é fundamental, já que não existe na tela nenhum auxílio visual. Cabe inteiramente ao jogador decidir onde tocar na tela de forma que a bola faça a trajetória desejada, o que nem sempre é trivial, especialmente em ambientes com muitas peças móveis. Mas acertar o alvo não é apenas questão de economizar esferas: quebrando um número suficiente de cristais sem perder nenhum, entra-se numa espécie de combo que vai aumentando o número de bolas por disparo, o que é muito útil em certos momentos.

O relaxante som de vidro quebrando

O mundo geométrico de Smash Hit é muito bonito, como se saído dos sonhos de um artista digital. O próprio menu com o seletor de fases possui sua beleza, mostrando o espaço de jogo como um todo. Cada nível possui sua cor majoritária e obstáculos próprios, e aí vem outro ponto muito interessante do game. Os desafios aparecem em ordens diferentes a cada vez que você começa, então não adianta tentar decorar uma sequência fixa, o que é muito bom para o replay. A música não fica atrás, sendo gerada dinamicamente para refletir o que acontece na tela. Mas o destaque mesmo são as estruturas de vidro que precisamos quebrar ao longo do percurso. Mesmo nos momentos mais acelerados, quebrá-las com as esferas de metal consegue ser uma experiência relaxante.

Isso tudo tem um custo, é claro, e apesar do jogo possuir um bom desempenho, pode ficar lento em dispositivos mais antigos. Felizmente é possível alterar a qualidade nas configurações do menu, garantindo uma partida sem travamentos. Smash Hit está disponível para aparelhos Android e iOS e possui duas versões, uma gratuita e outra por $1,99, que desbloqueia o sincronismo de saves pela nuvem e, o mais importante, o uso de checkpoints. De outro modo é preciso reiniciar sempre do primeiro nível. Apesar de ter boa jogabilidade tanto em smartphones quanto em tablets, uma tela maior é preferível para aproveitar o game.

Smash Hit é um excelente título que sabe se aproveitar da plataforma para a qual foi desenvolvido. Esteja você procurando um jogo para ocupar o tempo de espera no celular ou um conceito diferente e agradável, está aqui uma boa opção.

Prós

  • Conceito simples e divertido;
  • Bom design de fases, com criação dinâmica dos cenários;
  • Belos visuais;
  • Música que acompanha o ritmo do jogo.

Contras

  • Apesar do modo infinito, poderia possuir um número maior de fases;
  • Falta de integração com redes sociais, uma característica popular em jogos mobile.
Smash Hit - Android / iOS - Nota: 9.0
Revisão: Marcos Silveira
Capa: Vitor Nascimento

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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