Bom, o redator que vos escreve se sente melhor guardando uma lista de sua coleção de jogos. No começo, era apenas um arquivo com títulos para ter uma ideia melhor do tamanho dela (já adianto que não é nada excepcional, mas um número razoável), mas com o tempo foi aperfeiçoada até chegar no formato atual, que permite encontrar os jogos por nome, série ou plataforma. Mas, a não ser que você tenha transtorno obsessivo-compulsivo, saber do método de catalogação de jogos de alguém não é uma das coisas mais interessantes que você lerá hoje. O importante na minha lista são as marcações de status de um jogo: verde para os títulos terminados, azul para os que estão sendo jogados no momento, amarelo para os interrompidos e vermelho para os que não foram iniciados ainda. É bem simples, na verdade, quando um game novo é acrescentado ele recebe a cor vermelha, depois passa para azul e de azul para verde ou amarelo.
Caso todos os jogadores tivessem listas como essas, acredito que seria possível identificar diferentes perfis através da distribuição de cada cor. Alguém com uma seção amarela numerosa provavelmente gosta de testar jogos mas não se sente na obrigação de terminá-los, enquanto quem possui muitas marcações azuis prefere jogar um pouco de tudo ao mesmo tempo. Pessoalmente acredito que o mais “saudável” seria manter uma lista com a parte verde sempre crescente e a vermelha constante, mostrando que o fluxo de games jogados é continuo.
Parte do monstro |
Não foi surpresa para mim, contudo, descobrir que eu não me enquadro nessa situação “ideal”. Quando era pequeno, e acho que muitos talvez se identifiquem, eu tinha bastante tempo livre e poucos jogos, então o hábito era jogar tudo que havia de disponível por longos períodos. Em dado momento, porém, houve um ponto de transição. A representação gráfica disso é uma porção vermelha na lista que cresce muito mais velozmente que a verde.
Isso não significa, claro, que comecei a adquirir jogos desenfreadamente. Acredito que três motivos expliquem o fenômeno de forma geral, além de possíveis questões pessoais. O primeiro deles é trivial: o número de jogos lançados cresceu muito, e isso por si só acaba colocando nas mãos dos jogadores mais títulos que no passado. Mais interessante que isso é a facilidade de se conseguir jogos atualmente. Nem vou entrar na questão da pirataria porque esse não é o ponto, mas reparem como diversos canais de compra de jogos promovem aquisições de grandes quantidades. Vocês provavelmente não terão dificuldade em encontrar os nomes. Temos promoções do Steam, muitas vezes ao ano, com descontos exagerados que incentivam as compras simultâneas. Temos os Bundles, sendo o mais famoso o Humble Bundle, que permite de uma só vez adicionar vários jogos à sua coleção. Temos ainda descontos de outras lojas, distribuições gratuitas, enfim, uma verdadeira “conspiração” para inflar a biblioteca dos jogadores.
Por fim, existe a famigerada “falta de tempo”. Essa varia de forma e intensidade de pessoa para pessoa, mas é evidente que o tempo reservado aos jogos pode facilmente sofrer uma redução significativa quando precisamos nos preocupar com trabalho, universidade, relacionamentos e até outras formas de lazer, afinal tudo disputa nossa atenção.
A sensação de que não estamos jogando tanto quanto gostaríamos pode ser comum, mas quando confrontados com uma planilha na tela do computador mostrando isso tão claramente, uma mudança de atitude recebe incentivo extra. No meu caso, ter criado a lista não apenas serviu como uma forma de organização, mas também como aviso: não comprar jogos por impulso, resistir mais às promoções e lançamentos que sei que não irei jogar tão em breve, e dar mais atenção aos bons jogos que ainda esperam ser desbravados. Se você tivesse uma lista assim, como ela estaria?
Revisão: Bruna Lima
Capa: Daniel Machado