O fim do mundos pelas mãos (e dentes) de zumbis sedentos por carne humana é um dos temas mais explorados pelas mídias atualmente. Desde a televisão com The Walking Dead, ou a grande telona, com clássicos como A Noite dos Mortos-vivos ou, o mais recente Guerra Mundial Z, todos bebem da fonte inesgotável que é imaginar como seria um apocalipse zumbi. Agora, o assunto está indo para o universo dos games. Afinal, se já era divertido ver sobreviventes flagelados esmagarem zumbis feiosos das maneiras mais grotescas possíveis nos filmes e séries, como isso não poderia ficar legal com um controle nas mãos? Mas um apocalipse zumbi é feito de muito mais do que pessoas fugindo e zumbis sendo desmembrados ou devorando cadáveres. Ele é feito de histórias e possibilidades. E foi assim que Organ Trail surgiu para nos mostrar os bastidores desse tema tão surreal do imaginário popular.
ATENÇÃO: O jogo utilizado nessa matéria é totalmente ficcional. Qualquer semelhança entre os nomes de seus integrantes e dos diretores de pautas dos sites do GameBlast é mera coincidência. (OK, são eles mesmos...)
Junte um punhado de zumbis, alguns amigos para ajudar e muitos suprimentos…
Todo mundo, uma vez ou outra, deve ter jogado algum game educacional nos seus tempos de colégio. Aqueles velhos simuladores barulhentos, chatos ou tão simples que enjoavam (e nem se comparavam com um
Age of Empires). Bem, Organ Trail é um jogo ricamente baseado nesse estilo. E até seu nome faz brincadeira com dos mais famosos jogos educacionais já desenvolvidos,
The Oregon Trail, de 1974. Na verdade, Organ Trail imita até o visual pixelado do antigo título, além de todo o estilo da jogabilidade. O jogo se tratava de um simulador para ensinar crianças sobre o estilo de vida dos pioneiros do velho oeste norte americano do século XX. E Organ Trail segue a mesma premissa. Apenas troque os perigos das trilhas no deserto por zumbis e a carroça por um carro.
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Não se engane: em um temos bois e no outro temos zumbis. |
Organ Trail é um jogo, ao estilo simulador retrô, de sobrevivência em um apocalipse zumbi. Sua primeira versão foi lançada em flash de forma gratuita, em 2010. O título foi produzido por Ben Perez, Michael Block e Ryan Wiemeyer que, mais tarde portaram o jogo para aparelhos móveis e, graças a uma campanha de apoio bem sucessida no Steam Greenlight, uma versão intitulada Organ Trail: Director’s Cut, foi lançada para PC, em 2013. Para aqueles que não queriam ver o mundo dominado por zumbis ao estilo FPS ou até em terceira pessoa, Organ Trail mostrou-se um título único, que mostrava o apocalipse macabro diretamente de seus bastidores mais emocionantes e tensos.
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Sem nada para fazer, Rodrigo acaba quebrando uma peça importante do carro, prejudicando nossa viagem. |
Com um visual totalmente em 8-bits, Organ Trail é um jogo que impressiona em produzir tanta diversão com tamanha simplicidade visual e com uma jogabilidade fluida. Além disso, o jogador tem liberdade para escolher como montar a sua equipe de amigos que irá tentar sobreviver a esse mundo hostil. Escolher nomes de pessoas conhecidas torna-se uma experiência muito divertida quando o jogo começa a dar constantes avisos como “Bruno quebrou uma perna” ou “Luciana tem tifóide”. Mas não basta somente ver as mensagens, é preciso agir. O jogo exige uma resposta em tempo real do jogador, tanto em questões de tomada de decisões quanto saber quando é necessário parar o veículo para descansar, fazer consertos ou até ter que sacrificar um dos amigos que está prestes a virar um zumbi.
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Além de ter sido mordido por um zumbi, tivemos que lidar com o acidente do Thomas. |
De cidade em cidade, você e seus amigos dirigem por paisagens devastadas e com hordas de mortos-vivos (tudo claro, com muita ajuda de sua imaginação, pois a única coisa que aparece na tela é o carro andando pela rodovia). Em cada parada, você repor seus suprimentos ou tentar vasculhar as redondezas em busca de alimentos ou munição, tendo até que enfrentar exércitos de zumbis famintos, motoqueiros selvagens e até manadas de veados enlouquecidos. Tudo isso, claro, ao som nostálgico dos bits e com um visual pixelado que se torna quase caricatural. Mas não deixe que toda essa emoção e tensão constante o distraiam! É preciso atenção redobrada ou você pode acabar tendo que escrever seu próprio epitáfio em pouco tempo.
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Depois de um bandido atacar nosso carro e sequestrar a pobre Luciana, tive que mirar com cuidado para salvar a vida de minha amiga. |
Adicione uma pitada de tensão e deixe a história se desenrolar
Talvez o único grande problema de The Organ Trail seja justamente a sua aproximação com uma “possível realidade apocalíptica”. Enquanto em outros jogos o jogador apenas precisa se preocupar com a quantidade de munição que carrega e se vai conseguir encontrar uma rota de fuga, em Organ Trail o jogador é constantemente desafiado pelos obstáculos e problemas que surgem pelo caminho. Dessa forma, a aventura pode acabar ficando repetitiva e até cansativa quando você tiver que arrumar o motor estragado do carro pela décima quinta vez ou precisar descansar novamente para recobrar as suas energias (e de seus grupos também).
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Sem suprimentos e com o carro quebrado, nada mais pude fazer a não ser ver meus amigos morrerem e esperar pela morte. |
Além disso, muitas vezes, caso seus suprimentos estejam em níveis aceitáveis, seu carro pode acabar andando quilômetros e quilômetros sem que nada que necessite de sua ação aconteça. Em alguns momentos o carro pode quebrar e ele se consertar automaticamente ou seu amigo pode ficar doente e, como por milagre, conseguir se curar em poucas rodadas. Toda a ação e tomada de decisões fica por conta do padrão semi-randômico do próprio programa do jogo que, de maneira imprevisível, pode tornar sua viagem um mar de rosas ou um verdadeiro inferno sobre rodas. Mas mesmo deixando o jogo agir por conta própria, não dá para se evitar algumas risadas quando uma mensagem bizarra aparece na tela ou mesmo alguns sustos quando você se depara com uma cidade vazia com zumbis surgindo do nada, em um silêncio esmagador. Realmente, nunca simular um apocalipse zumbi foi tão divertido, e educacional, claro.
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Pois é... Foi bom enquanto durou. |
Prós
- Jogabilidade simples e divertida (além de nostálgica);
- Trabalho estratégico estimulante.
Contras
- História pode ficar repetitiva (mas… Ei! A realidade também é assim, às vezes).
Organ Trail: Director’s Cut - PC - Nota: 8.5
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Rafael Lam