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Análise: O mais bravo e estranho game da série que você já viu até agora, conheça Final Fantasy: All the Bravest (Android/iOS)

em 18/10/2013

Eu sempre me perguntei qual era a graça de ficar alisando a tela de um smartphone  enquanto brincava com o tal do Pou , uma espécie... (por Ok em 18/10/2013, via GameBlast)


Eu sempre me perguntei qual era a graça de ficar alisando a tela de um smartphone enquanto brincava com o tal do Pou, uma espécie de bichinho virtual que parece ter sugado as almas da maioria das pessoas que eu conheço, forçando-as a uma maratona de "alisamento de telas" só para deixar a criatura limpinha e cheirosa. Mal sabia eu que a própria Square Enix estava tramando uma armadilha para os meus próprios dedos.

Mais bravo que o Chapolin

Diz a lenda que, quando o brilho do Sol é oculto pela sombra da Lua, mundos outrora desconectados são unidos, e o portão entre as dimensões é aberto. Neste dia surgirá do Sol uma terrível e sinistra hoste, junto com uma tremenda escuridão que ameaça consumir a tudo e a todos. Para combater estas malignas forças, guerreiros de todos os mundos devem se unir, cada um com seu Cristal, para uma guerra cujo final não pode ser definido.
Basicamente esta é a história de Final Fantasy: All the Bravest, e toda a história que você verá durante o jogo. Muitos e muitos guerreiros, vindos de todos os mundos, se unem para combater as forças malignas que surgem, aparentemente, da união destes mundos. Depois desta breve introdução, está na hora de descer o couro nos inimigos.

Mais estranho que Theatrhythm

Uma horda de heróis apareceu!
Se você achava que o título mais estranho da série Final Fantasy seria aquele jogo rítmico cujo nome quase ninguém consegue pronunciar (eu mesmo ainda falo "Teatrinho Final Fantasy") aqui está a prova de que, assim como eu, você estava enganado. Isso porque FFATB te coloca no meio de uma grande confusão, com uma horda de heróis de um lado da tela e alguns inimigos do outro.

Controlar tais heróis seria uma tarefa hercúlea se fosse necessário dizer a cada um o que deve ser feito em cada turno, certo? E é exatamente por isso que a Square resolveu que você não vai dizer a ninguém o que fazer, somente indicar aos heróis que está na hora de atacar tocando sobre eles. É isso mesmo: você não precisa escolher nenhum ataque, ou mesmo a qual inimigo atacar. Basta apenas tocar sobre o herói que ele utilizará seu ataque básico e escolherá algum inimigo aleatoriamente.

É exatamente por isso que eu disse, lá no primeiro parágrafo, que eu ainda não entendia a tal maratona de "alisamento de telas" à qual o game Pou conduzia os jogadores: na maior parte do tempo, a menos que hajam pouquíssimos heróis sobreviventes, você ficará passando o dedo descontroladamente pela tela, ordenando à multidão de heróis que ataquem.

E não pense que a loucura termina aí: muito embora tanto os heróis quanto os inimigos tenham seus próprios contadores de vida e tempo para atacar, cada inimigo só precisa de um único golpe para derrubar um de seus heróis. Isso ao mesmo tempo faz os ataques poderosos e concentrados em um único alvo inúteis, mas também os ataques mais fracos e espalhados por área perigosíssimos.
"The Bravest"?
Quando a Square Enix registrou a marca "All the Bravest" em 1º de dezembro de 2012, alguns sites começaram a relatar que, possivelmente, seria algo relacionado a Bravely Default. Mais tarde, a Square postou um teaser em seu site oficial com diversas silhuetas de personagens da série Final Fantasy, levando as especulações a algo relacionado com a quinta e a sexta edições da franquia. Somente no dia 16 de janeiro de 2013 é que a empresa revelou o game oficialmente.

Capaz de atacar várias vezes em um turno

Ninguém é páreo para um
monte de guerreiros febris!
Se o artigo terminasse no parágrafo anterior, você certamente estaria vendo apenas os lados negativos do game. Isso porque, para contra-atacar tamanho poder por parte dos inimigos, quem sobe de nível não são os guerreiros em si, mas o jogador. E, ao invés de golpes novos, o jogador vai ganhando mais e mais espaços na equipe, formando um grupo cada vez maior de heróis.

Falando nos heróis, o game te dá, de tempos em tempos, classes novas com as quais lutar. Se você começa apenas com um pequeno grupo de Guerreiros, logo estará contando, também, com os clássicos Monge, Ladrão, Mago Branco, Mago Negro e até o Mago Azul, entre outros. 

Além disso há uma série de personagens premium a serem desbloqueados através de microtransações (presumivelmente, os mais legais, incluindo: Cloud, SquallChocobo, Mog, Tidus e até um porco de Final Fantasy IV), e até mesmo mundos premium. O grande problema disso tudo? Apesar de cada um custar apenas US$0.99, o personagem que você ganha a cada transação é aleatório.

As funcionalidades do jogo não param por aí: é claro que derrotar aquele chefe mais poderoso usando um esquema como esse seria praticamente impossível, então a cada três minutos um de seus personagens revive, mesmo se você não estiver mais no jogo. Mas a função mais legal, apesar de bem simples, é o modo "febril" ("fever", no original), ativado a cada três horas através de um botão na tela - e, durante o qual, um agitado samba é iniciado. Ao ativar este modo o jogador pode atacar quantas vezes quiser sem receber ataques inimigos e sem esperar o contador de tempo de cada personagem encher (por um breve período).

E a nostalgia?

Certamente o fator que mais pesa na hora de realizar o download de um game como esse (além, é claro, de ser gratuito para jogar) é a nostalgia. E nesse quesito a Square Enix acertou em cheio, reunindo elementos de diversos games da série em um só (alguém disse "teatrinho"?).

Para começar, o visual do game como um todo remete diretamente aos títulos lançados para o Super Nintendo, com gráficos planejados totalmente em 16 bits. Já as músicas e efeitos sonoros variam entre os 16 e 8 bits, e é claro que são todos retirados dos jogos originais da franquia (com um total de 30 músicas de batalha).

Um game como esse merece a sua chance, e chega a proporcionar uma boa diversão casual, especialmente para os fãs da série, mas acaba por aí - comparar o título a outros da franquia seria até injusto. Então, se você não tiver nenhuma necessidade de desbloquear seus personagens preferidos aleatoriamente, ou mesmo de comprar "ampulhetas douradas" ("golden hourglass", no original) para fazer seus heróis reviverem mais rapidamente, aproveite que o download é gratuito e conte suas experiências para nós!

Prós

  • Alto fator nostalgia;
  • Muitos personagens para desbloquear, entre pagos e gratuitos;
  • Diversão casual.

Contras

  • História quase inexistente e jogabilidade rasa;
  • Os sons de alguns ataques são extremamente irritantes, considerando-se que são repetidos a uma frequência muito superior à da série tradicional;
  • Nunca chegará aos pés de qualquer título da série tradicional (incluindo Theatrhythm);
  • "Você está jogando Pou?";
  • Pague US$0.99 pelo Cloud e receba um porco.
Final Fantasy All the Bravest - Android/iOS - Nota Final: 6.0

Revisão: Catarine Aurora
Capa: Leonardo Correia

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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