Não existe mais nada. A energia se extingue, a comida termina e as pessoas simplesmente sumiram ou estão morrendo aos poucos para se tornarem pesadelos ambulantes. Esse é o mundo em que Randall Wayne, um homem que não tem medo do que pode estar escondido nas sombras, precisa se aventurar. Deadlight é uma produção da Tequila Games em pareceria com a Microsoft Studios. Contendo cenários que são ao mesmo tempo incríveis e desoladores, Deadlight traz uma experiência única do gênero zumbi ao mundo eletrônico. Talvez um mundo pós-apocalíptico nunca tenha sido tão belo de se admirar e tão tenso de se explorar.
“É o fim… meu único amigo, o fim”
Logo no início, o jogador encarna o ousado Randall Wayne, sobrevivente de um holocausto que parece ter dizimado quase toda a população do planeta. Andando e correndo em meio a construções abandonadas e caindo aos pedaços, nem fazemos ideia do que realmente tenha acontecido com o mundo, mas apenas sabemos que Randall está desesperadamente procurando sua família. Com sorte, seus entes queridos devem estar seguros e, rapidamente descobrimos o motivo desse homem solitário estar tão preocupado com isso. Ao vislumbrar o caos e a desolação que tomou a cidade de Seattle, agora repleta de zumbis sedentos por carne em todos os cantos, podemos compreender que o fim do mundo chegou e apenas o desespero impera.
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Um mundo frio e onde a morte assombra. Esse é o mundo em que Randall Wayne tenta sobreviver. |
Por volta do começo dos anos 80, um misterioso vírus infectou diversas pessoas, causando em pouco tempo uma pandemia que se espalhou rapidamente. Com a sociedade decaindo aos poucos, o mundo mergulhou nas sombras e agora apenas alguns sobreviventes lutam pelas suas vidas e, enfrentando medos piores do que seus mais terríveis pesadelos. Contando apenas com um machado, logo no início de sua jornada, Wayne tem que lidar com problemas e obstáculos que estão em seu caminho, enquanto nocauteia hordas de zumbis que parecem brotar do nada. Ao longo da gameplay, o herói desse mundo caótico ainda ganha outras armas como um revólver e até um estilingue. Mas isso não facilita muito suas tarefas e, muitas vezes, ele precisa contar com elementos do ambiente como caixas, carros e fiações em curto-circuito para se livrar de seus inimigos mórbidos. Isso se estes ou o mundo não acabarem com o protagonista antes.
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Para garantir a sobrevivência de Wayne, o jogador precisa cuidar de sua barra de vida e de estamina, que decresce sempre que ele se cansa ou realiza algum grande esforço. |
Deadlight consegue combinar com sucesso o estilo de jogo em plataforma com o tema survival horror para produzir uma obra com jogabilidade fluida e recheada de momentos tensos do início ao fim. Utilizando-se de um visual em 2.5D, a ambientação do jogo abusa de cenários que exploram a profundidade e focam nos detalhes, sejam eles caixas jogadas pelo caminho ou construções ruindo ao longe. É muito normal Randall estar ocupado resolvendo algum problema ou desobstruindo seu caminho e, de repente, um ou dois zumbis aparecerem do nada para agarrá-lo e tentar devorá-lo. Nesses momentos é preciso se recuperar do susto e escolher entre três opções: correr feito um louco, tentar matá-los ou morrer.
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É preciso ficar sempre atento. Nunca se sabe de onde um zumbi pode surgir. |
A jogabilidade desse jogo é extremamente simplificada, necessitando de poucos toques no teclado ou no controle para realizar os movimentos ou interagir com o cenário a sua volta. Isso é um aspecto muito bom em um jogo que possui momentos em que é preciso ser ágil ou em que Wayne apenas precisa observar o ambiente para procurar por itens importantes ou descobrir algum segredo. Aliando controles fáceis a desafios e enigmas nem um pouco difíceis de serem resolvidos, atravessar a Sealtte pós-apocalíptica não é muito complicado. Somente é preciso se desviar dos zumbis que aparecem pelo caminho.
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É correr ou lutar pela sua vida. |
Nas sombras da noite
O ambiente e os cenários de Dealight certamente podem ser considerados os elementos principais do jogo. Por possuir um visual artístico tão inspirador e bem trabalhado que, não é de se surpreender ficar absorto observando algum detalhe que acontece na sua frente ou bem ao longe. Seja de dia ou de noite, as paisagens parecem pinturas vivas e, de fato, nunca um jogo repleto de zumbis conseguiu conquistar tanto a atenção do jogador na sua ambientação. Apesar de tantos positivos nesse quesito, ele falha ao mostrar pouca interação com as ações do personagem, apenas cumprindo seu papel de pano de fundo para a jornada do sobrevivente. Além disso, as cutscenes em estilo de quadrinho, mesmo bem trabalhadas, parecem quebrar o clima da história do jogo.
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Ambientes incríveis e cenas ricas em detalhes enchem a aventura com cenas impressionantes. |
Existem diversos objetos e páginas de diário colecionáveis que podem ser obtidas ao longo da jornada. Esses itens estão normalmente escondidos em caixas, corpos e, mais geralmente, em cantos escuros. Apesar desses itens contarem muito sobre a história do jogo, de pessoas comuns e do próprio personagem, eles parecem não se conectar ao enredo principal. Ao invés de acrescentar elementos de narrativa ao enredo, eles funcionam apenas como extras ou curiosidades, sem ter uma importância no contexto da jornada de Randall Wayne.
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Wayne precisa encontrar sua família. Mas será que ainda há esperança em um mundo tão desolador assim? |
Prós
- Visuais e ambientações incríveis;
- Momentos de tensão quase constantes;
- História envolvente.
Contras
- Cenários mal aproveitados;
- Puzzles simples e de baixa dificuldade.
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Realidade ou pesadelo? |
Deadlight - PC - Nota: 8.5
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Daniel Silva