Se nos arcades Mortal Kombat foi uma das franquias mais avassaladoras das décadas passadas, chegando para bater de frente com o rival Street Fighter, nos consoles a coisa foi um pouco diferente. Por se tratarem de sistemas caseiros disponíveis a qualquer um, limitações como a remoção do sangue e a exclusão de alguns dos famosos "fatalities" em algumas versões deram à série um início morno, tanto na geração dos 8 quanto na dos 16 bits.
No Master System a coisa não foi muito diferente. O primeiro Mortal Kombat trouxe ao console da Sega uma jogabilidade um tanto fora do comum e certas limitações, como bugs gráficos em alguns golpes, apesar de ser visualmente superior à versão do concorrente NES. O segundo game da série, no entanto, conseguiu corrigir quase tudo isso.
Mortal Kombat II foi um marco para mim. Em primeiro lugar, foi o primeiro jogo de luta no qual eu coloquei as mãos, ainda como uma criança, no Master System que minha irmã e eu ganhamos de nossos pais. Em segundo lugar, foi um dos primeiros jogos em cartucho, senão o primeiro, que conseguimos, já que Sonic the Hedgehog já vinha instalado na memória do console.
Gráficos absurdamente semelhantes aos originais, apesar das óbvias limitações técnicas. |
A jogabilidade também é perfeitamente fluída e executar os mais diversos golpes especiais é tarefa simples. Mas é nas finalizações, os "fatalities", que mora o verdadeiro diferencial de Mortal Kombat, alguns mais fáceis de se executar, como o de Jax, alguns incrivelmente difíceis, como o de Sub-Zero, mas todos fornecendo uma sensação de dever cumprido quando executados da maneira correta, especialmente jogando contra o amigo.
A gulosa filha do imperador devora o inimigo e cospe apenas os ossos. "Fatalidade". |
Doze personagens na luta, mas apenas oito para escolher?
Esta tela não será esquecida. |
No modo para um jogador, a dificuldade determina apenas a inteligência dos inimigos, já que o reduzido número de combatentes impossibilita a torre de combate de mudar de tamanho. É nesse modo que o jogador consegue a chance de enfrentar mais quatro personagens que não estão na tela de seleção: Jade e Smoke como personagens secretos, enfrentados em um estágio também secreto, e Kintaro e Shao Kahn, como chefe e sub-chefe do jogo, vindo logo depois do feiticeiro Shang Tsung.
Sete personagens?Ao todo, o game tem doze personagens, contando com os selecionáveis, os secretos e os chefes, sendo eles: Liu Kang, Sub-Zero, Kitana, Reptile, Shang Tsung, Mileena, Scorpion, Jax, Jade, Smoke, Kintaro e Shao Kahn, uma quantia bem grande para um console de 8 bits, certo? No entanto, é certo que apenas sete destes são, de fato, personagens distintos, já que todos os ninjas masculinos e todas as femininas utilizam os mesmos gráficos, apenas com golpes e cores diferentes.
Já no modo para dois jogadores, o que conta é a habilidade de cada um. A diversão proporcionada pela distribuição de finalizações com diferentes personagens é algo, para mim, incomparável. Lembro-me até hoje de quando descobri o fatality de Jax (naquela época não tinha internet, e era difícil encontrar revistas especializadas na minha cidade) e o utilizei pela primeira vez contra um adversário humano.
Também é possível entrar no modo para dois jogadores a qualquer momento depois de iniciar o single player. O manual do jogo adverte, no entanto, que tal artifício não seja utilizado nas lutas contra Kintaro e Shao Kahn, o que sempre despertou minha curiosidade. Será que o jogo trava? Ou o segundo jogador passa a controlar o chefe? Eu precisava descobrir! Então, num certo dia, peguei minha irmã lutando contra Kintaro e não perdi tempo ao pegar o segundo controle. O resultado? Um joystick quebrado e um galo na minha cabeça: simplesmente o jogo te leva para a mesma tela de seleção de personagens, como se o primeiro jogador estivesse lutando contra qualquer outro oponente, e não contra um chefe.
Mortal Kombat II certamente foi uma ótima aquisição para os donos de Master System, na época de seu lançamento. Capaz de divertir ainda hoje, mesmo com todos os avanços tecnológicos, sua simplicidade rivalizada com a dificuldade em executar as finalizações o coloca, sem a intenção de criar qualquer polêmica, à frente da versão de Street Fighter II para o mesmo console. E você, leitor? Teve a oportunidade de por as mãos neste game? Ou será que está na hora de tirar a poeira de seu velho Master System e conseguir uma cópia?
Revisão: Alberto Maia Canen
Capa: Diego Migueis