Com isto dito, é de se esperar que o mascote da Sega receba apenas o melhor em sua quarta entrada na série principal, não é? É isso que vim conferir ao me aventurar novamente pelos territórios do ouriço azul em Sonic the Hedgehog 4: Episode I (iOS), um jogo de fama controverso, que ou é amado ou é odiado. Mas quais os motivos para isso? Bem, continuem lendo e tentarei dar uma luz para esta situação e descobrir se realmente este jogo faz jus à fama de Sonic.
“E que se façam os robôs!”
"Vamos conferir se minha nota foi boa..." |
Com a trama apresentada, o objetivo do jogo é atravessar quatro territórios de três atos e um chefe para conseguir chegar à base de Dr. Eggman. Se você é um fã de Sonic, já deve ter visto o primeiro problema aí; quatro territórios. Com um pouco de matemática de primário, é possível deduzir que o jogo possui somente dezessete fases (quatro por território e o chefe final, desconsiderando as fases bônus), enquanto os outros jogos da série principal possuem bem mais. Claro, é possível se esconder na desculpa de que este é apenas o “Episode I”, mas não sei vocês, eu prefiro receber o meu jogo completo ao comprá-lo.
Favor não reparar nas minhas poucas esmeraldas. |
Mas é claro, nem toda nostalgia do mundo pode te salvar de certos problemas.
A maldição da touchscreen
Antes de iniciar oficialmente este tópico, gostaria de esclarecer que a jogabilidade de Sonic the Hedgehog 4: Episode I é genial. Muito fiel aos seus predecessores, em sua grande maioria, mas com a adição de certas mecânicas dos jogos em 3D, como o Homing Attack e seu uso para atravessar determinados espaços. Além disso, o jogo usufrui de forma inteligente do giroscópio do iDevice nas fases cavernosas onde Sonic controla um carrinho de mina por trilhos, dependendo da direção em que você vira o aparelho. Em suma, a ideia toda é brilhante, o problema está na aplicação.O que é o Homing Attack?Utilizado pela primeira vez em Sonic Adventure (Dreamcast) em 1998, o Homing Attack é uma técnica recorrente utilizada por Sonic e outros personagens da franquia. O golpe envolve saltar, entrar em modo de esfera e esperar que uma mira surja em seu alvo, podendo este ser um inimigo ou um objeto. Quando o cursor aparece, pressiona-se o botão de salto novamente e Sonic se propele contra o alvo, atingindo-o ainda em forma de esfera. É possível fazer um combo com esse movimento, acertando repetidamente vários adversários ao pressionar o botão de pulo no momento certo, após acertar o alvo anterior.
Como todos sabem, é difícil simular um controle em uma tela touchscreen como a do iPhone ou do iPad, especialmente no primeiro pois seus dedos acabam cortando o pouco raio de visão que se já tem. Além disso, a precisão dos controles é instável, sendo poucos os jogos que realmente conseguem ser precisos o tempo todo. Infelizmente, este não é um deles.
Embora tenham uma boa resposta quando Sonic está em alta velocidade (reparem que eu não disse velocidade máxima, falaremos disso em breve), o controle é complicado quando se está mais lento – e, acredite, por incrível que pareça, esses momentos são constantes. Este título possui muitas áreas que devem ser passadas com paciência em vez de velocidade, e é nesse tipo de área que os controles deixam a desejar. Chega a ser engraçado pensar que é mais fácil controlar o personagem quando está correndo freneticamente do que quando está lento e calmo.
Reparem que ele não forma uma esfera perfeita, dando a impressão de lentidão. |
Onde o brilho supera a maldição
Mas novamente a Sega conseguiu dar uma dentro nas fases especiais, inspiradas totalmente nas do primeiro jogo da franquia. Para alcançá-las, é preciso reunir cinquenta ou mais anéis no decorrer da fase e carregá-los até o fim (o que é um desafio por si só, visto as armadilhas inesperadas que surgem a qualquer instante). Nelas você deve passar por uma arena psicodélica até alcançar as Esmeraldas do Caos (“Chaos Emeralds” no original), uma missão secundária recorrente da série. A parte interessante? Todo o controle é pelo giroscópio!O caos é generalizado. |
Combine isso tudo com um visual arrasador e temos aqui o verdadeiro charme do jogo. Sonic the Hedgehog 4: Episode I possui gráficos lindos e cenários estonteantes, sempre bem detalhados e em HD. Claro, difícil apreciar o visual quando seus dedos estão ocupando metade da tela, mas possuidores de um iPad podem aproveitar ao máximo as belezas que o jogo tem a oferecer.
Veloz, mas não supersônico
"...Podia ser melhor. Subindo!" |
Prós
- Mecânicas dos jogos 3D aplicados em um jogo plataforma;
- Jogabilidade divertida com o giroscópio;
- Nostálgico em muitas de suas fases;
- Dificuldade digna da série;
- Visual estonteante.
Contras
- Controles ligeiramente travados em alguns momentos;
- Número muito limitado de fases;
- “Não é um jogo completo”, fazendo sentir a necessidade de jogar Episode II (e pagar novamente).
Sonic the Hedgehog 4: Episode I – iOS – Nota: 8,0
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Daniel Machado