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Análise: O clássico retorna ainda mais rápido em Sonic the Hedgehog (iOS)! Apenas um port ou um novo jogo?

Existem dois grupos de pessoas que acessam esse site: as que conhecem Sonic, o ouriço azul mascote da Sega, e as que caíram aqui por engan... (por Fellipe Camarossi em 14/07/2013, via GameBlast)

Existem dois grupos de pessoas que acessam esse site: as que conhecem Sonic, o ouriço azul mascote da Sega, e as que caíram aqui por engano. Se você é uma das pessoas deste primeiro grupo e é proprietário de um iDevice (iPad, iPhone e/ou iPod), acomode-se, pegue o seu aparelho e aguarde por instruções sobre acessar ou não a AppStore e desembolsar a bagatela de USD 2,99 pelo port do jogo que sagrou o legado do ouriço mais rápido dos videogames, Sonic the Hedgehog. Se você faz parte do segundo grupo, bem... fica, vai ter bolo (ou não).

Uma velha história acelera novamente

A melhor parte de se jogar novamente um jogo que fez parte da sua infância é poder ver toda a sua estrutura de uma forma diferente. Tudo bem, nem sempre é uma coisa boa, podemos nos decepcionar, mas com certeza este não é o caso quando, enfim, entende-se o que se passa nos bastidores de Sonic the Hedgehog.

Dr. Ivo Robotnik, popularmente conhecido como Dr. Eggman, é um cientista que tenta há tempos dominar o mundo com a sua genialidade e tecnologia. Infelizmente, todos os seus planos costumam ser frustrados pelo ouriço azul de velocidade supersônica e de nome homônimo ao título do game. Cansado de ser continuamente derrubado por seu nêmesis, Robotnik pesquisou e descobriu sobre sete artefatos que mudariam para sempre a sua história (e a de seu inimigo): as Sete Esmeraldas do Caos (Chaos Emerald).

Ou ao menos é essa a proposta do aplicativo!
As joias que serviam como fonte de energia para todos os seres vivos de South Island também eram um poderoso combustível, se usados cientificamente, podendo alimentar as poderosíssimas máquinas que Robotnik construía. Sonic, ao descobrir o que o oponente planejava, viajou para a ilha de modo a interceptar seus planos, mas chegou em péssima hora; o cientista havia robotizado a maioria dos animais e cenários do local, transformando toda a ilha em um inimigo para o ouriço.

E com armadilhas pra todo lado.
Com isto, resta a Sonic conseguir recuperar as Sete Esmeraldas do Caos e libertar os animais que servem de cobaia para os experimentos do insano Robotnik, destruindo seus robôs e transformando aquele paraíso natural de volta ao seu estado normal. Podem dizer o que quiserem, mas para um jogo que não possuía fala alguma, a forma subjetiva com a qual essa história é contada chega a ser incrível. É preciso definir a história somente com as interações do ouriço com o cenário, a maneira com a qual os animais saem dos Badniks (os robôs) ao serem derrotados e como as várias criaturinhas são libertas aos fins de cada setor.

Admito descaradamente que sou um apreciador de histórias nos jogos, e mesmo sendo esta subjetiva e de décadas atrás, ainda me agrada a forma com a qual é retratada. Melhor que isso, [vírgula] só a forma com a qual você passa por ela.

Era difícil? Agora é pior

Como a maioria dos jogos em plataforma, Sonic possui duas mecânicas básicas: andar e pular. Você passa o jogo inteiro intercalando entre fazer ambos, já que o pulo é a única arma com a qual o ouriço pode contar, convertendo-se em uma bola de espinhos azul e destruindo os Badniks que ficam em seu caminho, enquanto recolhe todos os anéis (rings) que puder para conseguir se manter vivo (já que, quando se recebe um golpe, você perde os anéis em vez de morrer) e liberar os Special Stages (que dissertarei mais à frente). É aí que começam os problemas.

O design dos níveis de Sonic the Hedgehog remete ao começo da década de 90, uma época marcada por jogos difíceis e que colocavam os instintos do jogador no seu ápice. Enquanto as telas são colossais e com diversos caminhos diferentes para se percorrer e chegar ao mesmo fim, elas são preenchidas quase que totalmente por oponentes e armadilhas prontos para arrancar sua paciência. Pra ser bem honesto, em diversas partes do jogo é exigido que você tenha o tempo de reação de um leopardo caçando pra poder evitar as artimanhas presentes.

E claro, tudo fica mais difícil numa fase de água.
Isso tudo se complica com a migração do game de console para o iDevice, pois aqui os controles funcionam através de um “joystick touch” semitransparente na parte inferior da tela. Os controles são bem fluídos, mas algumas vezes imprecisos – e graças ao senso de humor sádico da vida, eles costumam ser assim quando mais precisamos de exatidão.  Ao menos parece que a Sega está trabalhando neste problema dos controles, pois em versões anteriores era mais comum a imprecisão, e a cada nova versão se torna um pouco melhor seu controle, além de adicionar um comando que não existia na versão original: o Spin Dash (segurando para baixo e pressionando o botão de pulo, Sonic se propele para frente girando).

Espero que os controles se acertem mesmo, afinal, quero fluidez para jogar com Tails e Knuckles.

O que é um herói sem seus amigos?

É, vocês não leram errado, mais uma cortesia da Sega para o retorno glorioso deste clássico. Além de algumas adaptações do jogo original e da adição do Spin Dash, temos junto ao ouriço azul dois de seus melhores companheiros o ajudando a derrubar os planos de Robotnik, os já conhecidos Miles “Tails” Prower e Knuckles the Echidna.

A raposa amarela de duas caudas, conhecida por ser o melhor amigo de Sonic e seu engenheiro pessoal, entra na aventura com sua habilidade mais marcante: voar. Girando suas caudas quando se pressiona repetidamente o botão de pulo, Tails alça voo e pode alcançar pontos bem mais altos do que seu parceiro supersônico, embora não seja tão rápido quanto ele (o que, em partes, é uma bênção).

Já o equidna vermelho é um morador da ilha e guardião das Sete Esmeraldas do Caos, também ranzinza e muito irritado com o que Robotnik fez à sua terra. Além de poder planar quando se pressiona o botão de pulo e o segura pela segunda vez, Knuckles pode se prender nas paredes e escalá-las, sendo muito versátil para telas que envolvem subir em vez de simplesmente avançar.

Ambos podem ser liberados ao concluir a história com Sonic, porém Tails só precisa que o jogo seja zerado, enquanto Knuckles exige que a jogatina seja terminada somente após adquirir as Esmeraldas do Caos, conseguidas ao se terminar os Special Stages (calma, logo chegamos lá). Em suma, foram apenas adições que deram a este clássico uma nova cara.

Quase como no Mega Drive. Eu disse quase

Além de todas as novidades já citadas, era claro que um jogo para iOS iria se aproveitar dos seus atributos mais interessantes: o giroscópio. A capacidade de detectar a posição na qual o aparelho se encontra já foi explorada em outros títulos da própria Sega (como Sonic Jump), e é claro que não estaria de fora dessa vez. Onde? Você pode perguntar. E enfim eu respondo: nos Special Stages.

Parece complicado... porque é.
As telas especiais, acessíveis quando se termina uma tela com cinquenta ou mais anéis, são onde conseguimos juntar as Esmeraldas do Caos, essenciais para vencer o jogo completamente e liberar o equidna vermelho. Além de ser um grande desafio chegar nestas telas, afinal, passar por todas as armadilhas do jogo com cinquenta anéis é uma verdadeira provação, passar por ela é ainda pior.

Neste território psicodélico, a missão é chegar até o fim antes que o tempo acabe, e sem cair nos falsos finais espalhados pela área. Como todo bom clássico, Sonic the Hedgehog sabe como ser uma dor de cabeça quanto à dificuldade, e vai arrancar lágrimas e suor de cada jogador que tentar passar por seus desafios.

Claro, lágrimas também podem sair devido as leves quedas de framerate que ocorreram na transição para os iDevices. Enquanto os aparelhos mais recentes conseguem executar com maestria o jogo, os mais antigos podem ficar levemente engasgados nos momentos de alta velocidade (que, ironicamente, são o foco do jogo). Bom, não dá pra culpar muito a produtora por isso, mas não deixa de ser um pequeno empecilho para aproveitar ao máximo o bom jogo que temos aqui.

Atropelando os problemas na velocidade do som

Em geral, Sonic the Hedgehog sempre foi um bom jogo cujos defeitos o puxam para baixo. Antigamente, sua concorrência e dificuldade lhe foram um problema, mas hoje em dia, sua jogabilidade instável e a mesma dificuldade o assombram. Ainda assim, a Sega fez um bom trabalho em misturar nostalgia e inovação em doses corretas, criando assim um título perfeito para apreciar o primeiro jogo da série.

Agora corra antes que te encontrem!
Se você nunca jogou os primórdios da série e gostaria de tentar, vale a pena pegar essa versão e experimentar essa nova visão do clássico da década de 90. Se você já jogou e sente falta, mas hesita devido aos problemas, pondere com calma e veja se a presença destes itens inovadores compensa. Mas não espere demais, ou o Sonic pode ir embora sem você!

Requisitos

  • iOS 4.3 ou posterior, o mesmo aplicativo é compatível com iPhone, iPod e iPad.

Prós

  • Um clássico remasterizado com leves upgrades na jogabilidade;
  • Adição de Tails e Knuckles como personagens extras.

Contras

  • Leve queda no framerate quando o jogo acelera demais;
  • Controles por vezes imprecisos.

Frustração: não precisar assoprar o iDevice pro jogo pegar.
Sonic the Hedgehog – iOS – Nota: 8,0

Revisão: Jaime Ninice
Capa: Daniel Machado

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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