Lançado dia 29 de maio de 2013, The Night of the Rabbit é um jogo para PC e Mac da produtora alemã Daedalic Entertainment. Dentre os trabalhos mais famosos da mesma, como desenvolvedora, está a série Deponia. Sem considerar aqui os jogos que a Daedalic Entertainment foi apenas a publicadora: Tales of Monkey Island e Torchlight II, por exemplo. The Night of the Rabbit é um belo jogo indie de aventura point-and-click disponível via midia digital no Steam e no GamersGate.
Um clima de calma
A primeira impressão que o jogo passa é de ser muito bonito, mas um pouco lento. Todos os cenários são detalhadíssimos, com um ar de pintura digital. Por mais que uma cena ou outra seja mais escura, mais clara, mais azul ou mais amarela, são todas cheias de muitas cores vibrantes e degradês que lembram pinceladas à mão. Junte isso a personagens sólidos, expressivos e com personalidade. O tempo todo parece que estamos em um animatic, mas não, são imagens da jogatina mesmo.
No meio de cenas maravilhosas assistimos a um longo vídeo com conversas misteriosas e damos alguns cliques, para lembrarmos de que é um jogo. Depois da introdução existe um tutorial enorme até mesmo com instruções do tipo "clique em um item do inventário para selecioná-lo". Mas é possível pulá-lo, se o jogador for corajoso o bastante e souber que basta apertar um botão.
Depois de todo esse tempo o jogo começa a engatar. Lembrando que é um jogo de aventura, e não ação+aventura, é mais fácil seguir a diante. O rítmo passa de lento para calmo. Os cenários maravilhosos ajudam em algumas tarefas. Em um jogo de exploracão em que passamos o mouse por cima de toda a tela em busca de interação, toda essa beleza ajuda bastante a manter o foco. Rios, cachoeiras, cidades, ratos... Tudo cuidadosamente desenhado e animado.
Magia, aventura e desafios
As coisas começam em uma casa normal, com uma vida normal de um garoto de 12 anos, Jê, e evoluem para uma esfera de magia e sonho em que seguimos um coelho branco para um mundo à parte, em uma clara referência à Alice no País das Maravilhas. Aliás, a primeira proeza tem exatamente esse nome. O coelho leva Jê para a Ratolândia, a simpática cidade dos ratos, e o ajuda em seu maior sonho: tornar-se um mágico.
The Night of the Rabbit é um point-and-click que envolve muitos cenários estáticos e um mouse que muda de acordo com o objeto que está por baixo. Se ele pode ser analisado o cursor vira um olho, se ele pode ser recolhido para o inventário, vira uma mão. Jê vai juntando os itens na mochila e pode gerar uma coisa nova partindo de algumas matérias-primas. Tudo isso é usado para resolver os puzzles e caminhar com as missões.
Não é só o chapéu estilo cartolona de gentleman inglês que faz o jogo parecer com Professor Layton. A jogabilidade também é focada em Puzzles. Mas, diferentemente do irmão japonês, The Night of the Rabbit não tem seus puzzles esquematizadas, numeradas e separadas da história. Elas são parte do cotidiano do jogo e são resolvidas com itens do cenário. Às vezes é preciso andar mais, voltar, entrar em um lugar e observar tudo pra ver onde estão objetos que podem ser recolhidos e depois pensar quais se encaixam em qual puzzle e onde colocá-los. Só assim a história anda. Se não conseguir resolver pode ficar um bom tempo agarrado em um mesmo conjunto de cenas. E às vezes a solução pode estar em um lugar específico de um cenário onde não se passou o mouse para ver o botão de ação.
Professor Layton?... |
Apesar do clima de criança aventureira realizando o sonho de ser mágico e econtrando um mundo encantado no quintal, sabemos que existe algo mais sério acontecendo. Antes de aparecer para o menino, o coelho misterioso se encontra em um local estranho, conversando com um fantasma sobre seu passado, em busca de "um começo". Aos poucos, descobrimos que tal coelho tem motivos pessoais para fazer o menino segui-lo.
Em português
Para quem não fala inglês, The Night of the Rabbit tem a solução: legendas em português. O áudio tem menos línguas, e não traz a nossa. Mas isso não é um grande problema, já que a legendagem foi bastante bem-feita e cuidadosa. Quando o coelho cita o "town council", uma solução fácil seria traduzir para "conselho da cidade", mas os especialistas em detalhamento deram seu charme e podemos ler "conselho citadino". Mousewood é a Ratolândia, Jeremiah Hazelnut é Jê Avelano.
Existe um poema em uma das primeiras missões em que se ouve instruções para a próxima missão em formato de versos. A tradução obedece à linguagem original e mantém o mesmo tom, mas para quem sabe inglês talvez fique mais fácil resolver o quebra-cabeça, pois tem-se uma língua a mais para decifrar códigos.
Pra não deixar faltar nada
Para completar, o jogo traz alguns extras, como audiobooks que vão sendo desbloqueados ao longo da história. Esse tipo de complemento dá a impressão de um jogo finalizado e bem-feito. The Night of the Rabbit começa devagar, mas vai levando o jogador pela curiosidade do que vai acontecer na história e pela vontade de resolver os desafios que se apresentam.
Prós:
- Direção de arte impecável;
- Legendas em português;
- Personagens bem elaborados;
- Boa narrativa e diálogo.
Contras:
- Alguns puzzles com soluções inesperadas;
- Lento demais em alguns momentos.
The Night of the Rabbit - PC/MAC - Nota final: 8
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis