Reflexão pós-E3: Permitir o uso de jogos usados em um console não é motivo de exaltação

em 16/06/2013

Com certeza um dos momentos mais emblemáticos da E3 que acaba de terminar e que provavelmente ficará registrado na história da feira foi a... (por Bruno Grisci em 16/06/2013, via GameBlast)

Com certeza um dos momentos mais emblemáticos da E3 que acaba de terminar e que provavelmente ficará registrado na história da feira foi a ovação do PlayStation 4 durante a conferência da Sony quando foi revelado que o console não restringiria o uso de jogos usados. A platéia explodiu em palmas e gritos e a comunidade da internet comemorou a novidade. Após as polêmicas envolvendo as restrições do Xbox One, era um alívio saber que a Sony não seguiria o mesmo caminho.

Mas espere um momento. Será que é mesmo tão normal assim celebrar uma notícia dessas? Até o anúncio da Microsoft que se saiba o padrão do mercado de jogos era poder comprar e revender seus games como você bem entendesse, do Atari ao PlayStation 3. Aliás, não só no mercado de games. Se você comprar um livro, uma geladeira ou um carro, é seu direito revender a sua aquisição. Os criadores e distribuidores faturam ao vender para os varejistas, que ganham quando vendem para você. A ideia de querer remover a possibilidade do consumidor revender algo que é seu e ficar com o valor da negociação para si é no mínimo bizarro.


Já temos que conviver com os DRMs há tempos, mas é a primeira vez que um console vem com eles como uma característica inerente do sistema, como é o caso do Xbox One. Mas este não é o padrão, tanto que Wii U, 3DS e Vita não o implementam, bem como nenhum dos consoles da geração passada. Por isso mesmo é estranho que baste um aparelho para que comecemos a comemorar quando uma empresa anuncia que não adotará a estratégia. Isso sem contar que na verdade o PlayStation 4 a princípio permite a adoção de DRMs nos jogos caso seja de interesse da distribuidora, sendo que a Sony prometeu não usar em seus games.

A verdade é que não há motivos para comemorar a possibilidade de usar jogos usados em um console, esta deveria ser uma suposição natural. Não há porque aplaudir Sony e Nintendo por não adicionarem esta restrição em seus produtos, embora neste aspecto mereçam o voto de confiança dos consumidores. O que merece a atenção do público é o oposto, um produto que impede a utilização de um jogo que já foi jogado. Em vez de celebrar a possibilidade de comprar games de segunda mão, critiquemos a sua proibição.

A equipe do GameBlast cobrindo a E3 em Los Angeles aproveitou para conhecer a loja Game Dude, especializada em jogos usados. 
Capa: Daniel Machado
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