Free to play ou free to "pay"? O quão grátis realmente são os jogos?

em 03/05/2013

Ah, a sensação de comprar um jogo novo! Pagar uma determinada quantia pelo download, ou mídia física, daquele título que você tanto esper... (por João Pedro Meireles em 03/05/2013, via GameBlast)


Ah, a sensação de comprar um jogo novo! Pagar uma determinada quantia pelo download, ou mídia física, daquele título que você tanto esperava e enfim poder joga-lo. Mas e se esse jogo não for tão bom quanto você pensava? E se a jogabilidade não lhe agradar? Se você já passou por isso, tenho a solução para seus problemas (ou quase todos). Um nicho cada vez maior da indústria são os jogos Free to Play, ou F2P, nos quais o jogador, como o próprio nome diz, não paga nada pelo jogo, mas por vantagens dentro do mesmo. O quão “grátis”, entretanto, são esses jogos?

Uma pequena introdução 

O conceito de jogos Free to Play começou a ser implantado em MMORPGs voltados para um público mais infantil ou “casual”, como Maple Story, já que os produtores não acreditavam que um produto pago seria capaz de atrair a atenção desses jogadores. Muitos anos após o nascimento do F2P, sua função no mercado mudou, sendo hoje mais  uma estratégia de mercado do que um gênero em si. Abdicando da receita inicial da compra do jogo, as empresas que adotam esse estilo o fazem visando ter um grande número de jogadores, devido à ausência de custos obrigatórios para esses, e tornar o jogo agradável para os mesmos, afim de que se sintam confortáveis o suficiente para gastar dinheiro real em benefícios ou produtos dentro do jogo.

Normalmente as recompensas dentro de um jogo Free to Play podem ser adquiridas de duas formas: com dinheiro interno do jogo, normalmente de fácil, porém de lenta aquisição, e, é claro, com dinheiro real, modo normalmente contando com produtos exclusivos. É nesses produtos que gira toda a discussão sobre esse modelo de negócios, visto que, eles podem ser itens puramente estéticos, como vistos em MOBAs como Dota 2 ou LoL, ou podem ser itens ou benefícios que permitem ao jogador que os adquirir obter uma gigantesca vantagem em relação a quem não paga pelos mesmos. Os jogos que se utilizam desse artifício são, popularmente conhecidos, como Pay to Win (pague para vencer em tradução livre) visto que embora eles se auto proclamem Free to Play, o único jeito de se ter uma experiência completa é pagando.

Um negócio lucrativo

Independente de ser Pay to Win ou não, os jogos Free to Play estão sendo uma alternativa cada vez mais viável tanto para empresas menores, que por não possuir fama apostam na gratuidade de seus jogos para chamar a atenção de novos usuários, como para grandes empresas, que começam a migrar alguns de seus jogos, antes com pagamento mensal, para F2P. DC Universe é o exemplo perfeito do quão lucrativo um F2P bem feito pode vir a ser, e o quão benéfico pode ser a adoção dessa estratégia de mercado por grandes empresas. Originalmente lançado para PS3 e PC com um custo mensal de 15 dólares por mês, a Sony, distribuidora do jogo, optou posteriormente pela transformação do jogo em um F2P. O resultado? Um mês após a troca o jogo teve um salto de 700% no lucro e sua base de usuários crescia a assustadores 6% por dia.

Outro exemplo já citado e que é igualmente “assustador” é o MOBA League of Legends, da empresa Riot games. Com um modelo totalmente F2P, apenas itens estéticos podem ser comprados, o game já possui o maior número de usuários no mundo, sendo um dos grandes expoentes atuais do eSport, oferecendo milhões de dólares em premiações. O que LoL faz, e que é o principal objetivo de um F2P, é atrair o jogador de uma tal maneira, que esse não se importa em gastar dinheiro real, mesmo que seja para adquirir apenas itens estéticos.
Algumas das várias skins compráveis em LoL
Engana-se, contudo, quem acha que apenas jogos de grande porte e grande sucesso beneficiam-se desse modelo de mercado. Com um aumento no número de jogadores em gerais, jogos mais casuais, como os vistos em redes sociais como Facebook e smartphones, começam a apresentar lucros significativos. Vale lembrar que para esse tipo de jogo a publicidade interna também entra como grande fonte de renda para os produtores.

Aonde ele conseguiu aquela espada?

Mas nem tudo são rosas no mundo dos jogos F2P. Imagine você jogar por dias, ou até semanas, para passar de nível ou conseguir itens para seu personagem em um MMORPG, para depois de todo esse esforço ver um jogador que tem metade, ou menos, do seu tempo de jogo e que já possui itens melhores, tudo devido à um gordo pagamento em dinheiro. Esse sentimento de frustração é gerado principalmente por jogos Pay to Win, que permitem uma vantagem desleal em relação aos que não gastam dinheiro no jogo. Um exemplo seria Star Wars: Knights of the Old Republic, que recentemente virou F2P no qual para adquirir uma speed bike ou se espera até o nível 25 ou se paga por isso, literalmente.

Nem deu tempo de jogar...

Outro jeito de “sugar” dinheiro dos jogadores é utilizando-se do tempo que esses perdem com os jogos. Uma estratégia muito utilizada por jogos de Facebook e RTS online é limitar o quanto o jogador pode jogar, ou a velocidade que as coisas são feitas (no caso do RTS), para coibir o jogador a pagar uma determinada quantia para avançar no game ou torna-lo mais rápido. Essa estratégia, entretanto, não se mostrou tão eficiente quanto outras, e uma nova tendência, em especial nos jogos de redes sociais, é coibir o usuário da mesma forma, só que, ao invés de cobrar o pagamento direto, faze-lo assistir um comercial pago por outra empresa, permitindo a companhia lucrar mais ainda com publicidade dentro do jogo.

Um mercado mais que promissor

Uma coisa é certa, os jogos Free to Play tem tudo para se firmar no mercado, em especial nos MMO. Embora algumas empresas abusem desse conceito para extorquir seus usuários, grande parte dos games permitem uma experiência plena sem gastar um tostão sequer, fazendo dos jogos F2P um grande atrativo para aqueles que querem experimentar algo novo e diferente sem correr muitos riscos. E para você? Qual a sua opinião sobre os jogos Free to Play?

Revisão: José Carlos Alves
Capa: Diego Migueis

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