Cada detalhe de BioShock Infinite é capaz de envolver e conquistar o jogador. Seja pelo cenário fantástico ou pela história rica e repleta de reviravoltas do destino, essa obra de arte da ficção eletrônica já garantiu seu lugar entre os maiores e mais belos jogos da época e até, do século, quem sabe. Porém, todos sabem que além dos personagens principais da trama, toda boa história precisa de um personagem extra. Uma presença que pode às vezes passar despercebida, mas que nunca é esquecida: a trilha sonora. E em Infinite, a trilha sonora quase acaba roubando a cena.
CUIDADO: O texto a seguir pode conter spoleirs para quem não jogou Bioshock Infinite. Leia por sua conta e risco!
Só as mais novas!
Iniciando a nossa aventura com o pé direito, logo no menu
principal do jogo uma música pode ser ouvida tocando ao longe. “After You’ve Gone” é uma canção antiga
muito popular, composta por Turner Layton e gravada na voz de Marion Harris em
1918 e regravada pela banda Jessy Carolina especialmente para o jogo. Mas
espera aí: BioShock Infinite não se passa em 1912? Sim. Porém, essa diferença
temporal logo fará sentido. Outro detalhe interessante sobre o momento em que essa
música toca no jogo, é que se o jogador acessar as opções do game, ele será
redirecionado para uma das lojas de Columbia e poderá notar que a música está
sendo tocada dentro desse ambiente.
Uma das mais belas canções do jogo, “Will The Circle Be Unbroken”, baseada em um hino composto por Ada R. Haberson e Charles H. Gabriel, tem sua letra falando sobre a morte, o funeral e o luto da mãe do próprio narrador. Regravada como “Can The Circle Be Unbroken (By and By)?”, em um estilo country/folk por A. P. Carter, a canção tornou-se muito popular e ganhou diversas versões interpretadas por diferentes grupos musicais. No jogo, a canção aparece nos momentos mais “religiosos” da aventura, cantada por um coral, como quando Booker chega a Columbia e adentra o santuário gigantesco que existe na entrada da cidade ou no momento em que ele relembra seu batismo. Na trilha sonora completa, a música possui diversas versões interpretadas pela própria dubladora de Elizabeth.
Já no jogo de fato, quando vislumbramos o interior de Columbia
pela primeira vez, literalmente nos sentimos nas nuvens assim que começa a tocar
a bela melodia de “Lighter than air“.
Mas, durante toda a aventura, as músicas que realmente vão acompanhar cada
passo do jogador são as de época. Sejam a simples, mas divertida, melodia de “Rory O'More-Saddle/ The Pony” que toca
durante a visita à BattleShip Bay ou a nacionalista música “The Readiness Is All”, que pode ser ouvida no interior do Hall of
Heroes, muitas outras também podem ser ouvidas nas antigas vitrolas e rádios espalhados pelas lojas e casas de Columbia. As músicas clássicas também estão presentes na jornada, como as
sequências do Requiem de Mozart (Rex
tremendae, Confutatis e Lacrimosa), tocadas durante a passagem pelo santuário
de Lady Comstock ou a “Air on the G
String from Orchestral Suite No. 3 in D major”, de Bach, que se ouve ao
derrotar um Zealot of the Lady e tomar o vigor do Murder of Crows pela primeira vez.
As músicas dedicadas aos personagens e às cenas de batalha também são composições belíssimas e emocionantes do jogo que merecem destaque. A canção “Elizabeth” é uma das mais bonitas e consegue sintetizar em apenas uma melodia todos os sentimos que envolvem a grande aventura de Infinite. “Lutece”, obviamente, é a composição feita especialmente para a dupla de físicos mais irônicos e sarcásticos do mundo eletrônico. Uma composição que transmite a sensação do que é estar perdido no espaço das probabilidades e lidar com tudo isso da maneira mais engraçada que pode haver. Já, “The Songbird”, como o próprio pássaro gigante que incomoda Booker e os jogadores, é uma música tensa que toca com toda intensidade no momento em que resgatamos Elizabeth e tentamos fugir desse guardião alado pela primeira vez. As músicas de combate também são ótimas e tornam as batalhas ainda mais emocionantes, como “The Battle for Columbia I” e “The Battle for Columbia III”.
Para aqueles jogadores que já se sentiram muitas vezes com vontade de ir à cozinha fazer um lanchinho, enquanto a tela de carregamento do jogo cobria a tela do PC por vários minutos, BioShock Infinite encontrou uma ótima forma de prender a nossa atenção ou, de pelo menos nos deixar relaxados enquanto esperamos o próximo nível carregar. “Solace” foi a música de época escolhida para acompanhar as telas de carregamento do jogo. É um solo de piano muito simples, mas a melodia é tão divertida que não se surpreenda se pela metade do jogo você já começar a cantarolar ela quando vir a tela mais uma vez.
Do fundo do baú e direto do túnel do tempo
Os jogadores que prestam atenção à trilha sonora do jogo,
certamente notaram algo peculiar em algumas músicas de Infinite. Alguma coisa
de familiar em diversas músicas e melodias que compõe a parte musical do jogo.
E eles estavam certos. Isso porque algumas das músicas de época que são tocadas
no jogo, nada mais são do que versões de músicas clássicas dos anos 80, em suas
respectivas versões de 1912. Exemplos
disso são as versões clássicas de “Everybody Wants To Rule The World”, de Tears for Fears; “Girls Just Wanna Have Fun”, de Cindy Lauper ou “Tainted Love”, de Ed Cobb.
Esse fenômeno bizarro acontece por causa das constantes tears que se abrem e fecham por Columbia. Essas brechas no tecido do espaço-tempo permitem que o indivíduo vislumbre um universo paralelo ou mesmo outro período histórico de seu próprio universo, seja o passado ou o futuro. Nesse caso, ao ouvir músicas do futuro, Albert Fink (irmão do magnata capitalista de Columbia, Jeremiah Fink) tornou-se o compositor de maior sucesso da cidade flutuante, ao tentar reproduzir as canções ao seu estilo, obtendo resultados bem interessantes. Isso explica o porquê de ouvirmos tantas músicas familiares tocando pela cidade. Curiosamente, as tears de Columbia possuem uma conexão muito forte com a década de 80, porém também podemos perceber que os anos 50 foram citados com a adaptação de “God Only Knows”, dos Beach Boys, para um daqueles clássicos quartetos de barbearia ou a presença de “After You’ve Gone” de 1918, em pleno ano de 1912.
Com tantas músicas, a edição completa da trilha sonora de
Infinite, composta por dois CDs, conta com 59 faixas, sendo que grande parte das composições são de autoria de G. Schyman. É uma obra musical tão
extensa e variada que vale a pena reservar um tempo de seu dia, sentar-se e
relaxar enquanto ouve essa compilção de grandes músicas. Se BioShock Infinite conseguiu
fazer tanto sucesso e conquistar tantos jogadores, a sua trilha sonora não
deixa por menos. São tantas melodias e composições belas que poderiam até
amansar o problemático Songbird, não acham?
A trilha sonora de Infinite é um oferecimento de SongBird Records: músicas para o povo de Columbia! |
Revisâo: Bruno Nominato