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Análise: Akaneiro: Demon Hunters

American McGee, famoso pelos jogos American McGee's Alice e Alice: Madness Returns, fundou sua própria desenvolvedora de jogos indie... (por Amèlie Poulain em 17/03/2013, via GameBlast)

American McGee, famoso pelos jogos American McGee's Alice e Alice: Madness Returns, fundou sua própria desenvolvedora de jogos indie, Spicy Horse, em Shangai, China. A atual menina dos olhos dessa empresa é Akaneiro, um RPG de ação online gratuito que está em constante desenvolvimento, principalmente após a arrecadação de mais de 200 mil dólares na campanha do Kickstarter para sua ampliação pós-lançamento. O jogo se vende como uma versão oriental e, claro, sombria de Chapeuzinho Vermelho e o comentário mais pertinente até agora é o de que se trata de uma mistura da jogabilidade de Diablo com os visuais de Okami. Confira os detalhes na nossa análise.

Jogo financiado por quem espera o melhor de American McGee


A campanha no Kickstarter atingiu sua meta aos 45 do segundo tempo, com American McGee aparecendo em vários canais, buscando atenção para seu objetivo. A aprovação no Greenlight da Valve ajudou nesse ponto e foi nessa época que conseguimos uma bela entrevista exclusiva. Nos últimos dias a campanha deu um salto e atingiu a marca de 204 mil, dinheiro que os produtores afirmam que será utilizado para uma dedicação exclusiva de uma equipe que vai desenvolver mais o jogo, bem como versões para tablet e linux. Aproveitando o sucesso, criaram uma página de doações com mais ou menos os mesmos prêmios que a campanha oferecia.

O jogo em si criou uma expectativa muito grande, por ser uma criação de alguém tão famoso fazendo o que faz de melhor: recriar uma história fantástica com um toque obscuro. A crítica no entanto foi severa, 4,5 na IGN, por exemplo. Os pontos ruins existem, mas ainda sim é possível se divertir, de graça ou por um preço que não é tão caro assim.

Diablo meets Okami


Cenários únicos

Pra começar os gráficos são impecáveis. Uma fantasia com ar de desenho feito à mão misturado com um toque de aquarela. A maioria dos cenários é aberto, com natureza, pedras e alguns elementos tribais. O figurino é bem bonito, e as armas também. Talvez o fato do chefão American McGee ter fundado seu estúdio em plena Shangai possa ter ajudado. A direção de arte é toda perfeita. Todos os ítens da cena estão em harmonia. Sempre. E são todos bonitos e detalhados individualmente, nessa mistura de simplicidade com riqueza.

O jogo se parece com Diablo em vários aspectos. Inicialmente escolhemos uma classe de personagem, dentre três disponíveis, mas essa escolha afeta pouco futuramente pois a árvore de habilidades é aberta, e podemos pegar características de qualquer das três classes depois. Ainda não sei se isso é bom ou ruim, mas definitivamente mais simplista do que o esperado.

O sistema de armas e vestuário se parece muito com Diablo e outros jogos do gênero. Começamos com o básico e vamos encontrando ítens pelo jogo. Quando matamos um chefe, ele deixa cair vários ítens aleatórios com chance de serem melhores. Alguns ítens coloridos possuem propriedades especiais como mais defesa ou chance de ataques mais fortes. Uma vantagem de Akaneiro é que quando enchemos nosso inventário e ainda encontramos ítens pelo mapa, podemos vender os ítens do inventário automaticamente pela metade do valor original. É uma característica interessante, contando que não podemos voltar à cidade a hora em que quisermos durante uma missão. Bom, não sem perdermos pontos de Karma, XP e objetos adquiridos.

Parece com tanta coisa já feita, mas com seu charme único

Pagar ou não pagar pelo jogo?


A moeda corrente é o karma, que é adquirida matando monstros e abrindo potes pelas fases. Ela serve para comprar ítens na cidade, como armas e roupas, para abrir novas fases, para recuperar a energia do personagem durante a jogatina e para usar o feitiço de ressurreição quando o personagem morre. O sistema não é ruim, tem uma lógica, mas para induzir o jogador a comprar o jogo é colocada uma certa dificuldade aí.



A quantidade de pontos adquirida em uma fase geralmente não é suficiente para abrir a próxima, sendo necessário jogar várias vezes a mesma fase para dar andamento com o jogo. Para piorar, o mapa é exatamente igual, não existe um gerador automático que crie variações do mapa (como em DIablo). O resultado é uma repetitividade enorme pra conseguir mais pontinhos e avançar no jogo.

Outra questão é que é relativamente fácil morrer em uma fase, pois os pontos de karma liberados pelos monstros aumentam pouco a vida, bem pouco, e a quantidade total de pontos dentro da fase é limitada, não se renova com o tempo então recuar não adianta muito. Se o personagem morrer em uma fase tem-se duas opções, voltar à cidade, perdendo o XP e o karma adquirido, ou pagar por um feitiço de ressureição, sem perder nada. É claro que esse feitiço vai ficando mais caro a cada vez que é usado.

É possível comprar o jogo todo de uma vez só


Como prometido pelo próprio American McGee, é possível jogar Akaneiro sem pagar por ele e não se perde nenhum recurso, nem fase, só será necessário repetir algumas fases e ficar coletando karma. Por outro lado, eles querem dinheiro e a opção de compra não é tão injusta assim. Existe um pacote que se compra uma vez apenas e adquire-se karma suficiente para abrir todas as fases e não ter que se preocupar tanto com feitiço de ressureição (a não ser que você seja ruim demais da conta mesmo e morra com qualquer coisinha, mas não deve ser o caso). Eu particularmente acho melhor do que jogos que querem o tempo inteiro que o jogador compre uma evolução aqui, um recurso exclusivo ali. Mas é uma questão pessoal. Os fatos, de todo modo, estão expostos.

A história que tantos esperavam


História enigmática

Depois de angariar uma legião de fãs com suas versões sombrias de Alice, American McGee ficou com uma grande responsabilidade com Akaneiro. Todos querem saber como vai ficar a Chapeuzinho Vermelho, quando imersa nas sombras do oriente. Em entrevista, American McGee disse que a idéia para a história veio de um livro sobre lobos no Japão e civilizações vegetarianas que sofreram mudanças sociais. Tudo muito curioso. No entanto a única semelhança com Chapeuzinho Vermelho é uma leve associação visual, e dependendo da roupa nem temos o famoso chapeuzinho, e nem é vermelho. Mas temos muitos lobos para derrotar, o tempo inteiro.

A história é contada em alguns quadros com legendas e não fica muito clara, a não ser que se leia algo a respeito. Esse ponto foi um pouco decepcionante.


Por fim, é bom ou ruim?


Akaneiro se revelou um jogo divertido, mas a expectativa era muito grande e talvez por isso tenha deixado a desejar em alguns pontos quase imperdoáveis. O visual é perfeito, simples e complexo como poucos. Fascinante de uma maneira difícil de se ver. Eu diria que vale a pena experimentar, contando que pode ser jogado gratuitamente e é relativamente leve, além de termos a opção de jogar no browser. Os defeitos são claros, muita repetição e pouca história. Mas ainda assim o jogo é divertido, ainda mais pra quem curte o gênero. Sair andando e matando monstros com cliques furiosos sempre vai ter seu charme. Recomendo.

Click click click click click! Matando monstros

Prós:

  • Beleza inigualável
  • Batalha fluida
  • Pouco ou nenhum bug

Contras:

  • Repetitivo, principalmente na versão gratuita
  • História pouco articulada

Akaneiro - PC/Mac/Navegador - Nota Final: 7.0.

Revisão: Leonardo Nazareth

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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