Por apresentar conteúdo inapropriado e ofensivo aos interesses da população brasileira, este texto está fora do ar e assim estará em breve todo o conteúdo dos sites da marca Blast. Calma, é só uma brincadeira, mas é desta maneira que todo tipo de conteúdo censurado é tratado. Se não é privado de entrar em circulação, é retalhado de forma a deturpar a ideia original. Cuidado, você pode ser preso somente por querer ler esse texto. Isto é, se ele não tiver saído de circulação primeiro.
O assunto não é novidade do século atual. Por ser uma forma de entretenimento extremamente recente, popularizada cerca de 20 anos atrás, os videogames receberam atenção há pouco tempo. Para entendermos as recentes polêmicas envolvendo a censura, principalmente de games, atuais, é proveitoso voltarmos um pouco no tempo. Mais ou menos 500 anos.
Enquanto isso, no Brasil colonial
Historicamente, a produção cultural no Brasil sempre foi muito reprimida. O primeiro grande movimento de censura ocorreu ainda enquanto o Brasil era colônia de Portugal, pois era proibido qualquer tipo de manifestação cultural ou artística, por ordem do governo português. Isso era reflexo da agitação no continente europeu naquele instante, com os ideais libertários do iluminismo se expandindo pelo mundo e com o acontecimento da Revolução Francesa.De Napoleão para D. João VI: "Mas que legal esse país chamado Portugal. Seria uma pena se eu invadisse ele, não acha?" |
O segundo grande movimento de censura no país, e de longe o mais forte deles, ocorreu com o golpe militar de 1964, no período conhecido como Ditadura Militar. Nunca a bandeira brasileira representava tão bem o momento histórico no qual encontrava-se o país: Ordem e Progresso.
Ninguém mandou sair do Fliperama sem pagar a ficha... |
Hoje questiona-se o “progresso” trazido pelos militares, mas, sem dúvida, a “ordem” era algo presente na sociedade brasileira. A moral e os bons costumes eram protegidos à ferro, fogo, bala e passaportes. Diversos artistas, músicos, escritores e compositores foram deportadas acusadas de “promover a subversão da sociedade brasileira”. Para escapar dos censores, os compositores tinham que fazer verdadeiros malabarismos para conseguir promover suas músicas.
Capitaneado por jornalistas que influenciaram toda a geração seguinte, O Pasquim foi um símbolo da resistência cultural na época. O jornalista Paulo Francis, um de seus fundadores, foi inúmeras vezes censurado, até ser deportado para Nova York.
Dando uma volta por aí
Em 1997 foi censurado o primeiro jogo no Brasil. Carmageddon, para PC e MAC, era baseado no filme “Death Race 2000”. Nele você apostava corridas e ganhava pontos por executar manobras arriscadas ou atropelar pedestres. Sob a pena de multa, a distribuidora nacional, BraSoft, entrou em acordo com o governo brasileiro e retirou o game de circulação das lojas.Não é difícil perceber por que o jogo causou tanta polêmica. |
Pouco tempo mais tarde, o polêmico jogo Duke Nuken 3D foi proibido de ser vendido no Brasil. Apesar de o jogo ter sido lançado em 1996, a medida foi tomada somente em 2000. O motivo foi o “atirador do shopping”, como ficou conhecido na mídia Mateus da Costa Pereira. Na época com 29 anos, o estudante de Medicina matou três pessoas e feriu outras quatro, durante uma sessão do filme “Clube da Luta”. Durante o inquérito, em um dos depoimentos de Mateus, é citado o jogo, que apresenta um cinema como cenário na primeira fase. Um episódio lastimável que sem dúvida trouxe problemas para os gamers. Ou não, já que a censura veio tão depois do lançamento.
A última vez que o assunto entrou em pauta na comunidade gamer foi no ano passado. Em 2006, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) havia proposto um projeto que “(...) caracterizaria como crime o ato de fabricar, importar, distribuir, manter em depósito ou comercializar jogos de videogames ofensivos aos costumes, às tradições dos povos, aos seus cultos, credos, religiões e símbolos (...)”
Senador Valdir Raupp discursando no plenário |
Não haveria uma maneira mais ambígua de descrever um jogo que seria embargado pela censura ou não. Depois de receber a notícia com surpresa, houve uma mobilidade de diversos sites e fóruns de games no Brasil, no sentido de modificar o projeto. Cerca de uma semana após apresentar o texto, o senador retirou a proposta, pois “(...) o alcance pretendido no projeto acabou sendo dissociado de sua finalidade (...)”.
Impondo limites
Da maneira como este texto foi articulado até agora, o leitor pode ter a impressão de que a censura é algo completamente negativo. O objetivo aqui não é persuadi-lo a aceitar uma posição, mas promover uma briga sobre o tema. Pare para pensar pelo outro lado agora. Todos os argumentos utilizados pela censura apoiam-se no fato de que determinado produto agride algum grupo de pessoas, ou é plágio de alguma obra, ou promove alguma ação desse tipo. A grande questão é que esse produto faz mal à sociedade, pelo menos aos olhos do Estado, e cabe ao governo proteger os cidadãos disso. Até que ponto o Estado tem o direito de nos privar certos direitos? Até que ponto você acha justo esse tipo de intervenção na sua vida?Estas pessoas não têm consciência do dano que o crack causa nelas mesmas. Como podemos saber se os games não estão estão fazendo o mesmo com a nossa mente? |
Essa questão pode se abordada de uma maneira muito mais drástica. Há cerca de um ano, acontecia a “desocupação” de uma região do centro de São Paulo conhecida como Cracolândia. A região concentra um número enorme de moradores de rua viciados em crack. Com o aval do Tribunal de Justiça de São Paulo, esses moradores eram enviados para clínicas de recuperação.
Lembro que enquanto conversava sobre isso com um grupo de amigos, alguém levantou a seguinte questão: Até que ponto o direito de ir e vir do cidadão é mais importante do que o próprio direito à vida? É óbvio que nesse caso a pergunta é elevada a uma questão de vida ou morte, mas e quando paramos para pensar como isso se encaixa nos videogames?
Você gostaria que seus filhos tivessem livre contato com um jogo que simula estupro, aborto e pedofilia?
Como funciona a classificação por faixa etária no Brasil
Desde 2012 o Ministério da Justiça reconhece a classificação por faixa etária feita pelos ESRB (EUA) e PEGI (Europa). Antes o trabalho era feito por um departamento desse ministério. À primeira vista, a classificação etária pode não significar muita coisa, mas um game com classificação +18 [Mature] pode sofrer alguns prejuízos com isso, pois isso acaba restringindo muito o público alvo do título. Até pouco tempo atrás, a Nintendo não permitia que jogos com essa classificação fossem desenvolvidos para seus consoles. A história mudou recentemente com o lançamento de Ninja Gaiden 3, pra Wii U."Mãe, eu quero jogar GTA. Eu quero, eu quero, eu quero". |
Aonde vamos parar
Até agora eu tive de me conter para escrever de uma maneira imparcial, mas agora vou iniciar a discussão colocando o meu ponto de vista. Sendo bem sincero, eu não concordo com a censura em quase nenhuma ocasião. Se o objetivo do jogo é atropelar velhinhas, fazer sexo com desconhecidas ou roubar o doce de uma criança, não importa. Ele não deveria ser censurado. Quem deve decidir se quer jogar ou não o título é o jogador. Mas para afirmar isso eu estou partindo do princípio que você é uma pessoa bem equilibrada mentalmente e consciente o suficiente para decidir o que é melhor para você mesmo. Quando falamos de crianças, menores de 10 anos, a história já muda. Mesmo nesses casos eu não apoio a censura pelo governo, mas sim pelos responsáveis pela criança.Deixe sua opinião nos comentários abaixo. Não se acanhe sobre o que deve escrever. Respeite a opinião dos outros e não ofenda a ninguém, ou você correrá o risco de ter seu comentário removido.
Revisão: Vitor Tibério