Análise: Castle Crashers (PC)

em 22/12/2012

Nos últimos anos, os jogadores de PCs vêm sendo agraciados com uma enxurrada de títulos independentes. O motivo é fácil de deduzir: lançar... (por Jardeson Barbosa em 22/12/2012, via GameBlast)

Nos últimos anos, os jogadores de PCs vêm sendo agraciados com uma enxurrada de títulos independentes. O motivo é fácil de deduzir: lançar jogos para PCs se tornou bem mais fácil com as novas lojas digitais. Entretanto, alguns desenvolvedores ainda preferem o conforto dos consoles e demoram anos para lançarem versões de seus jogos nos computadores. Esse é o caso de Castle Crashers, um dos maiores sucessos do Xbox Live Arcade em 2008 que chegou, de forma tímida, neste ano para os PCs. Será que a tardia versão merece alguma atenção? Ou será que os jogadores já esqueceram do título?

Diversão é a palavra-chave

Hoje em dia, são raros os jogos que deixam de de lado uma série de fatores técnicos e elementos repetitivos e focam apenas diversão descompromissada  – ainda mais quando trata-se de jogos lançados para os PCs. Com a ascensão dos pequenos desenvolvedores, que ganharam vez e voz na indústria dos videogames, muitos tabus antigos foram quebrados e a ideia de que o jogo perfeito é aquele que consegue as melhores texturas ou a melhor taxa de quadros por segundo ficou no passado. Nessa nova realidade, encontramos títulos como Castle Crashers, uma investida criativa em um gênero pouco aproveitado e umas melhores experiências multiplayer disponíveis no mercado.

Essa é a bagunça que te espera em Castle Crashers.


Em poucas palavras, Castle Crashers é exatamente aquilo que se espera de um beat ’em up 2D do século vinte e um. O jogo em muito lembra outros títulos da era de ouro do gênero, como Turtles In Time, do Super NES, mas incorpora elementos comuns aos jogos da atualidade, como um sistema de níveis e classes, oriundo do gênero RPG. Por isso mesmo, Castle Crashers pode se passar por um action-rpg orientado ao hack and slash.

Confira o gameplay comentado do GameBlast:


Produzido e publicado pela independente The Behemoth, o game destaca-se por arriscar sem medo de errar. Um dos diferenciais de Castle Crashers está no fato de o próprio jogo não levar-se a sério. Além das diversas referências a Alien Hominid, primeira produção do mesmo estúdio, o jogo também é cheio de situações inusitadas e, até certo ponto, constrangedoras. Quem esperaria encontrar, nos videogames, um veado que utiliza suas fezes (!) como propulsão durante um momento de pânico? Tudo isso acaba, de certa forma, contribuindo para o clima amistoso do multiplayer local, que ganha um tom cômico e favorece as brincadeiras entre amigos. Falar de multiplayer local também é algo pertinente. Pode ser algo absurdo, mas essa modalidade ainda é bastante rara nos jogos de PC. Isso ocorre porque as produtoras geralmente deduzem que os gamers que jogam em computadores preferem ficar em máquinas individuais. Entretanto, nem sempre isso deve ser encarado como verdade absoluta e, no caso de Castle Crashers, a adição foi super bem-vinda.

Comédia inteligente?


Uma narrativa simples e cativante


Castle Crashers conta com um formato de narrativa inusitado para os dias atuais. Não é possível encontrar, em todo o jogo, uma única linha de diálogo sequer. Nem mesmo textos que deem detalhes do que está ocorrendo ou expliquem a premissa do jogo se fazem presentes. Nesse tipo de formato, o jogador deve interpretar o enredo da forma como bem entender. A diferença é que, em Castle Crashers, a história é bem evidente, principalmente graças à forma como todos os personagens, incluindo os não-controláveis, se comportam na tela.

Isso tudo é resultado de uma direção de arte impecável. Levando em conta que o game foi produzido por uma pequena empresa e é distribuído exclusivamente por download, o resultado final é impressionante. Os cenários de fundo são extremamente cativantes e as expressões feitas pelos personagens enquanto eles apanham são impagáveis.

Arte impecável.


Mas voltando a falar do enredo, a trama de Castle Crashers é bem simples e cativante. Toda a história gira em torno do sequestro de quatro princesas e de um grande cristal, que, aparentemente, tem valor inestimável. Assim como na maioria dos jogos dos anos 1980 e 1990, sua missão é resgatar as donzelas em apuros, bem como o grande cristal e, por fim, salvar o dia. Infelizmente isso tudo ocorre de forma linear, sem espaço para improvisos. O legal é que, como existe uma quantidade enorme de personagens desbloqueáveis, a história pode ganhar pequenas alterações, já que você pode fechar o jogo atuando como um inimigo que, de alguma forma, mudou de lado.

Os controles, por mais simples e otimizados que sejam, não parecem se adequar bem ao teclado, tanto que o próprio jogo recomenda o uso de um gamepad. Na prática, a disposição das teclas é boa, mas não o suficiente para proporcionar uma jogabilidade fluida. Para piorar, são necessários dois ou mais gamepads para que o multiplayer local entre em ação, o que faz sentido, mas não deixa de decepcionar.

A primeira coisa que você verá no jogo.


Jogando e evoluindo

Se você é fã de personagens desbloqueáveis, esse é o seu jogo. Praticamente todos os inimigos do título podem ser controlados pelo jogador e cada um possui elementos únicos, o que expande de uma forma impressionante as possibilidades do jogador.

Jogue como um Alien Hominid.


Esses elementos únicos funcionam como as skills dos RPGs. Cada "classe" (isto é, cada personagem) possui um tipo de magia distinto, que pode ser aumentado a medida que o jogador avança de nível. Isso proporciona "mágicas" (entre aspas mesmo, já que algumas não são magias) mais poderosas e técnicas mais bem elaboradas. No fim das contas, não há muita diferença entre uma classe ou outra, já que, na prática, todas as técnicas afetam os inimigos de forma bem parecida, mas esse ponto é importante porque reforça o fator replay, já que você quase sempre terá um personagem novo para experimentar.

Sempre que um personagem avança de nível, o jogador pode melhorar um de seus atributos. Ao todo são quatro atributos: força, defesa, magia e velocidade. No início, tudo isso pode parecer um pouco confuso para os jogadores inexperientes na área dos RPGs, mas a adaptação a esse formato ocorre de forma natural.

Desenvolva o personagem a seu gosto.


Para ajudar os jogadores nas batalhas, existem ainda certos animais, que os acompanham nas fases e podem atuar de formas distintas  A girafa, por exemplo, aumenta o ganho de experiência do personagem; já o morcego ataca os inimigos próximos. Existe uma enorme quantidades de animais para colecionar e todos eles devem ser desbloqueados, o que favorece o fator exploração.

Pequenas falhas de percusso

Apesar de possuir diversos conteúdos extras, como easter eggs, Castle Crashers é um jogo extremamente curto. Se jogado sozinho, a campanha principal pode durar cerca de cinco horas e exige mais esforço do jogador, já que em determinadas partes o título se mostra realmente desafiante. Com um grupo de quatro amigos, o jogo se torna extremamente fácil, apesar de a experiência adquirida ser drasticamente inferior ao equivalente em uma partida single player.

Consegue identificar algum easter egg nesta imagem?

Para aumentar a vida útil do jogo, a Behemoth criou um modo Insano, que é desbloqueado depois que o jogo é terminado pela primeira vez. Nesse modo, a aventura está bem mais difícil que o normal, algo interessante para os amantes de desafios.

Castle Crashers conta ainda com duas modalidades extras, a Arena, semelhante ao Duel Mode de Golden Axe (no qual o personagem deve enfrentar hordas de inimigos em uma arena), e All You Can Quaff, um mini-game em que o objetivo é comer mais rápido que os adversários, um tipo de "esmaga botões" moderno. Nada disso serve de fato como extensão do jogo principal, mas são ótimos passatempos para os momentos em que o modo campanha ficar cansativo.

All You Can Quaff é, literalmente, tudo o que você puder comer.


Além disso, Castle Crashers ainda possui a modalidade de multiplayer online entre plataformas, ou seja, além de poder jogar online com outras pessoas que adquiriram o jogo para PC, é possível participar de jogatinas com usuários do Xbox 360 e do PS3, por exemplo. Infelizmente, essa segunda opção ocorre de forma aleatória.

O modo online de Castle Crashers é decente, diferente de como ele era quando o título foi lançado para Xbox 360, um dos pontos positivos da versão para PCs. Infelizmente, o uso do Steam é obrigatório, o que, sem dúvida, vai afastar aquele amigo que só joga títulos DRM-free. E para piorar, é impossível entrar em uma partida que já foi iniciada, dificultando um pouco as coisas caso sua unica opção seja uma partida rápida com desconhecidos.

E também tem gatos.


Difícil seria não recomendar Castle Crashers. O título, além de extremamente barato – ainda mais durante as promoções de fim de ano – é muito divertido. A jogabilidade viciante, aliada a um conjunto de elementos que não deixam a desejar, tornaram esse jogo um dos mais viciantes do ano e uma opção certeira para quem procura uma diversão barata (no bom sentido, claro) com os amigos. A versão para PCs demorou, mas vale muito a pena.

Prós

  • Visual bem trabalhado;
  • Grande variedade de inimigos;
  • Jogabilidade acessível;
  • Muitos personagens, armas e animais desbloqueáveis;
  • Chefes interessantes;
  • Multiplayer extremamente divertido, localmente ou online.

Contras

  • O uso do Steam é obrigatório;
  • É necessário possuir um ou mais gamepads para aproveitar todo o potencial do jogo;
  • Para quem não se interessa em desbloquear conteúdo, é relativamente curto;
  • Humor infantil em várias situações;
  • É muito chato se jogado sozinho.

Castle Crashers - PC - Nota Final: 9.0
Visual: 10 | Som: 8.5 | Jogabilidade: 9.0 | Diversão: 10
 Revisão: Gabriel Toschi


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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