O caminho rumo ao sucesso
No início de DiRT 4 temos um dos seus piores problemas: a introdução totalmente presa do jogo. Ao abrir pela primeira vez o título, ele te obriga a seguir determinados comandos para te ensinar alguns princípios básicos do game e utilizar alguns dos mecanismos do menu de fases e modos de jogo. O problema é que esse tutorial é completamente invasivo, impedindo que você consiga até fechar o jogo sem completar os comandos exigidos.Ao invés de priorizar uma curva de aprendizado mais natural e instintiva, DiRT 4 enfia tudo goela abaixo do jogador em poucos minutos e de forma incontrolável, tornando a experiência inicial do jogo, no mínimo, estressante. Porém, ao vencer essa barreira terrível imposta ao jogador, temos uma visão muito boa para aqueles já familiarizados com a franquia e uma linha de desafios pesada para os estreantes da série.
DiRT 4 conta com quatro copas distintas, que são liberadas no modo carreira com o decorrer das vitórias do jogador. Cada uma das copas possui carros totalmente diferentes que só podem ser usados nelas. Os grupos A e N possuem carros das décadas de 1990 e 2000, o Grupo B é constituído por carros dos anos 1980 e, por fim, o grupo R tem os carros mais modernos, de 2010 até os dias atuais. Além disso, o game retorna com o modo Landrush, que conta com estádios de caminhões e corridas de buggy em circuitos fechado, ambas com estágios na Califórnia, em Nevada e no México.
A evolução no jogo pode ser bem rápida no início e todos esses modos podem ser acessados no jogo livre também, o que remete a um formato mais despretensioso, como nos Arcade clássicos. Além disso, um ranque global online é mantido atualizado com os melhores scores dos jogadores em todas as plataformas nas quais o jogo está disponível. Os menus, é importante dizer, são bem instintivos e fluidos, o que torna a navegação muito agradável, desconsiderando, é claro, o início conturbado.
Jogabilidade realista no ponto certo
Um ponto que agrada bastante em DiRT 4 são seus controles. Bastante realistas ao mesmo tempo que possuem certa simplicidade, os comandos básicos dos carros levam alguns segundos para serem decorados e várias horas de jogo para serem dominados com um mínimo de destreza. Boa parte do desafio do game é exatamente em dominar os carros em suas variedades de sensibilidade e estabilidade.Um ponto que pode agradar bastante é a variação entre os comandos do carro entre aqueles que “só querem jogar” e os que querem realmente “experimentar algo mais realista”. A mudança entre os dois estilos de controle aparentemente não modificam muita coisa, mas na verdade mudam completamente o senso de estabilidade do carro e a física de impactos e derrapadas, tornando tudo muito mais real, complexo e desafiador no segundo modo. Para os amantes dos volantes e pedais para jogos, este daqui é uma boa pedida.
Como se não bastasse toda a complexidade envolvida no processo de controlar os carros, outros artifícios aumentam ainda mais o senso de desafio que o jogo impõe ao jogador. Efeitos climáticos como chuva, neblinas e até neve modificam drasticamente o cenário e a jogabilidade com os mais variados modelos de carros. Em determinadas pistas, inclusive, pontos de altitude diferentes podem conter densas neblinas e radiantes paisagens ensolaradas, confundindo a percepção do jogador e forçando ainda mais suas habilidades como piloto de rally.
Um ponto que pode ser considerado como, ao menos, desagradável no título é a ausência de uma personalização das funções de cada botão. Por exemplo, no PC o jogo utiliza as teclas A e Z para acelerar e frear respectivamente, enquanto utiliza as teclas “<” e “>” para virar o carro para um lado ou para o outro. Essas configurações não são passíveis de serem alteradas facilmente, o que deixa a liberdade do jogador defasada. Por outro lado, diversas são as configurações de comandos dentro do próprio jogo que podem ser mudadas.
Otimização excelente, mas com um preço
Outro ponto a ser elogiado no novo título da Codemaster é a sua otimização. Tudo flui com extrema agilidade no jogo, desde as telas de carregamento até as respostas tanto dos carros quanto dos menus do jogo. Da opção de pausa à opção de voltar ao menu principal, tudo é muito rápido e dinâmico, demonstrando uma leveza que faz o jogador esquecer dos mais de 30 GB de tamanho do game. Entretanto, essa “leveza” veio com um custo: seus gráficos não são tão estonteantes como em outros títulos do ano.
Não me entenda mal, o visual de DiRT 4 é muito bom, mas peca em alguns detalhes como a nuvem de poeira que os carros levantam e as marcas de destruição causadas nos carros após alguma colisão. Nada absurdamente irreal ou horrível de ver, mas para um simulador de corrida lançado em 2017, está um pouco aquém do esperado. Mas com menus e recursos com respostas tão rápidas, este pequeno problema passa até despercebido pela maioria dos jogadores.
No quesito otimização, se os gráficos não estão lá em seu potencial mais estupendo, os efeitos sonoros já são outra história. O som dos motores, ruído das rodas em variados terrenos, as pessoas falando e batendo palma nos arredores, seu companheiro de corrida ditando o percurso que vem logo a frente, tudo é muito bem feito e expressa uma excelente qualidade sonora. E quando falamos da trilha sonora, essa qualidade se repete, com músicas atuais e mais antigas que tocam aleatoriamente e dão boas sensações quando se está transitando de um percurso para outro.
Agradando gregos e troianos
DiRT 4 possui diversos acertos que compensam a aquisição do game. Sua longevidade é muito gratificante e a repetitividade só é presente quando o jogador busca a perfeição em todas as pistas, melhorando suas habilidades e garantindo o primeiro lugar sempre. No quesito desafio, o jogo cumpre seu objetivo, com pistas e adversários a altura até dos mais especializados no gênero, mas com o foco muito mais nos comandos e no jogador se superar muito mais do que superar a máquina.
Na parte da carreira solo, elementos originalmente introduzidos em DiRT 3 (Multi) retornam, como a mecânica de montar sua própria equipe através de contratações de pessoal especializado, melhorando o tempo de recuperação dos seus carros ou a escolha do parceiro de corrida. Além desses artifícios, os quais atraem o pessoal mais familiarizado com o gênero de corridas realistas, Dirt 4 também é um ótimo título para introduzir novos jogadores à franquia, com opções de jogo e controle de dificuldades que possibilitam uma experiência mais despretensiosa do título, sem necessariamente minar seu senso de desafio.
A curva de aprendizado muito pessoal e instintiva recompensa o jogador seja ele um veterano ou um novato, indo na direção oposta de todo aquele tutorial inicial que não serve para muita coisa. No fim, DiRT 4 acaba sendo um excelente jogo de corrida com artifícios próprios que podem agradar diversos públicos, mesmo que não seja tão de nicho quanto o seu antecessor.
Prós
- Ótima precisão e realismo dos controles;
- Artifícios do ambiente complementam o desafio;
- Variedade de modos de jogo aumentam a longevidade do título;
- Jogo bem otimizado, mesmo que com perdas gráficas leves;
- Excelente coletânea de músicas e efeitos sonoros;
- Nível de dificuldade considerável;
- Agrada vários tipos de jogadores;
- Alta gama de controle das dificuldades relacionadas ao carro;
- Curva de aprendizado instintiva e focada no próprio jogador.
Contras
- Tutoriais iniciais invasivos e estressantes;
- Controles não personalizáveis;
- Gráficos aquém do esperado.
DiRT 4 — PC/PS4/XBO — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ana Krishna Peixoto