Em um artigo recente na página oficial, Riot Statikk conversa conosco sobre a classificação dos campeões em League of Legends, detalhando um pouco mais sobre como eles estão sendo categorizados. Houveram algumas mudanças fortes em relação aos conceitos para isso do passado, e hoje vamos colocar isso em pauta.
Agarração descontrolada
A principal decisão exposta foi a extinção de uma subclasse inteira e a criação de uma nova, tomando parte de seu lugar. O conceito de Disruptores, isso é, magos tipicamente conhecidos por seu foco em controlar territórios em vez simplesmente causar quantidades ridículas de dano, fora dissolvido e seus membros espalhados por outras categorias. A argumentação de Statikk é a de que o simples fato de um personagem utilizar de mecanismos de controle não deveria ser algo que o defina, podendo ser ferramentas para qualquer classe atingir seus objetivos. O grupo consistia de personagens com modos de ação diferentes, como o acorrentamento impiedoso de Thresh e o enfoque em dano ao longo de tempo de Anivia, que parecia não haver uma definição certa do que ele se tratava, garantindo assim sua exclusão.Os resultados disso são diversos, mas ao meu ver são, em sua maioria, bem positivos. O mais importante é que agora vários personagens poderão ser vistos de forma mais clara como algo além de meras máquinas de aprisionamento e tortura, esticando o leque de opções de subclasses menos desenvolvidas como os Magos de Batalha. Os pouco que restaram como verdadeiros carcereiros foram realocados para a nova subclasse: os Apanhadores, ganhando agora direitos como principais fontes de controle de campo agressivo de Summoner’s Rift. O principal problema que posso ver erguendo-se aqui está em onde alguns dos personagens realocados foram postos, o que dá sinais de abandono ou homogeneização de alguns conceitos.
Floquinhos de neve especiais
Dos antigos Disruptores, Teemo e Azir estão a adentrar um “novo” supergrupo que é o dos personagens com estilo próprio. Como uma tentativa de admitir variedade no elenco, uma série de campeões foram agora classificados como seres diferentes de todos os padrões, mas uma análise mais aprofundada mostra algo preocupante: ele é de todo composto de nomes ou conceitos que se mostraram problemáticos ao longo de anos, como Singed e Heimerdinger. A presença de Teemo, Azir e Kayle — todos tendo em comum uma forte presença de dano mágico distribuído através de seus ataques básicos — nesse grupo em vez de serem classificados como Atiradores me parece uma forte decisão por parte da Riot de não dar apoio ao conceito de atiradores de dano mágico ou DPS (dano por segundo) mágico apenas.Deveriam “Atiradores mágicos” serem classificados da mesma forma que os mais tradicionais de dano físico? Dar melhores bases para isso pode despertar alguns velhos medos como os dias em que Fizz se equipava com vários itens de efeitos de contato mágicos, assim tendo tanto DPS quanto explosões destrutivas, ou mesmo transformar alguns magos como Ziggs em monstros arrasadores de objetivos maiores do que já são, mas isso também pode abrir o leque de composições de times de forma interessante, quebrando a monotonia de sempre haver um Atirador físico e seu suporte na rota inferior.
Alguns dos campeões aqui parecem estar apenas por má vontade para classificá-los, como os casos de Urgot, Graves e Quinn. Urgot, apesar de que isso deve estar para mudar quando seus joelhos de espingarda forem instalados durante sua futura atualização, já deveria estar classificado junto a Jayce como um Mago de Artilharia. Graves e Quinn são compreensíveis de estar aqui, uma vez que eles originalmente eram atiradores e agora fazem tudo exceto atirar de longe, mas colocá-los em uma gaiola própria? Eles possuem traços o suficiente para terem sido classificados como Duelistas uma vez que ainda são capazes de causar extremo dano ao longo de tempo, só que em curto alcance. Mas a forma não-ortodoxa que eles saíram das rotas e foram para a selva pode talvez ser base o suficiente para isolá-los de tudo.
Se atirando de cabeça
Enquanto Statikk não entra nisso diretamente, um par de acontecimentos válidos de se discutir foram apontados pelos jogadores: a passagem de Rengar, anteriormente tido como um Assassino, para o subgrupo dos Lutadores de Investida, e a insistência da Riot em manter os Atiradores como uma classe sem subclasses. Até onde isso pode apontar uma visão preocupantemente homogênea desses grupos?De forma geral, a descrição de Lutadores de Investida pode ser resumida em “unidades que se forçam através das linhas inimigas para derrubar alvos prioritários”, o que todos eles de fato o fazem, mas se a argumentação para a extinção dos Disruptores nos é lembrada aqui, isso não é genérico demais? O mesmo padrão é visto em Assassinos e Duelistas, grupos que sempre se tornaram problemáticos quando conseguiram se equipar como Lutadores — isso é, com poucos itens de dano e um enfoque defensivo.
Não seriam, assim, um bom número de Lutadores de Investida, na verdade, membros de outras classes, só que que forçados e suportados por uma itemização genérica devido a falta de apoio ou proibição para configurações menos defensivas? Deveriam mesmo Rengar, Pantheon, Diana e Elise, campeões conhecidos por seus feitos como temíveis assassinos, estarem na mesma pilha que Jarvan, Kled, Olaf e Vi, verdadeiros tijolos voadores que batem e não quebram, só porque estes nomes jogam com o mesmo padrão de se arremessar em alguém importante? Talvez sim, uma vez que algumas das colocações que hoje vemos são a direção para a qual a Riot quer apontar esses nomes uma vez que os jogadores têm os usado dessa forma, mas também deve-se pesar o quanto isso se deve a esses personagens serem forçados a prepararem-se de forma universal para lidar com o excesso de guerreiros demasiadamente genéricos.
A noção de proibição é bem real, como vimos com Camille recentemente. Refrescando suas memórias, durante os dias em que a Dama Cinzenta esteve no ambiente público de beta, a equipe de balanceamento fora veloz em impedir que os ataques básicos carregando uma de suas habilidades, Protocolo de Precisão, desfrutem de acertos críticos. Enquanto limitar o potencial destrutivo que ela teve naqueles dias foi essencial, seria muito mais respeitoso simplesmente limitar o quão forte esses golpes seriam em vez de forçá-la á conformista configuração de Força da Trindade e Hidra Titânica que tanto vimos. Talvez teria sido melhor? É uma boa pergunta. Quem sabe ela teria forças para competir com a muralha de titãs corpulentos e não receber a tempestade de nerfs que vieram depois, mas estamos com um ambiente de jogo capaz de suportar tal forma de assassinato?
Ideias parecidas também parecem se manifestar para os Atiradores, com os quais se vê uma obsessão em torná-los todos frágeis monstros que só se revelam ao fim do jogo. Novamente pergunto: isso não é genérico e limitante? Essa é uma definição que se espalha pelas outras classes com diferenças muito tópicas. Obliteradores e Artilharias fazem o mesmo só que com Poder de Habilidade em vez de Dano de Ataque, já Assassinos e Duelistas tem capacidade de dano muito similar, só que condizentemente maiores devido à seus alcances menores.
Considerando que nos últimos anos, os Atiradores dominantes sempre foram aqueles que conseguiram escapar desse molde — como durante a atualização dos Assassinos, quando alguns efetivamente tornaram-se magos devido aos itens de Letalidade —, pergunto se é ou não interessante se que manter o conceito de Atirador como algo válido. Até onde acham que que a classe é realmente tão única assim, para necessitar de um tratamento tão especial? Talvez seja interessante simplesmente devido ao fato de ser um grupo todo balanceado em torno de mecanismos de acerto crítico e dano por segundo, mas fora disso talvez muito do que vemos neles seja só o desdobramento lógico de colocar esses elementos e ataques a distância em qualquer outra classe.
Notas da Atualização, Tl;Dr
Em suma, os resultados desta nova linha de pensamento da Riot me parecem estar apontando para resultados bem neutros, o que por si só é bom, uma vez que procura manter-se fora de perigo e reações adversas.Perdemos uma subclasse que não classifica nada de tão genérica, mas seus membros mais eficientes nessa rala descrição de mestres supremos do controle de campo e captura de alvos receberam um título novo inteiramente para si. Assim, dizemos adeus para os Disruptores enquanto abraçamos os Apanhadores, o que é um ponto inegavelmente bom e uma ótima direção a se tomar para todo o resto: as equipes de balanceamento e criação querem eliminar ideias muito vagas.
Em compensação, o contrário ainda se mostra um pouco quando falando ainda da direção para os
Atiradores e Lutadores de Investida, ambos grupos ainda muito aglomerados por idéias sem foco. Está suficiente para vocês dar como descrições desses grupos “lutador que se lança através da linha de frente” e “atacante à distância com enfoque no fim do jogo”, mesmo isso sendo mais uma descrição do como eles operam em vez do propósito para o qual avançam? Se sim, o que eles possuem de tão específico para honrar isso? E se não, onde ou como eles poderiam ser realocados?
Uma decisão com impressões confusas é a de isolar alguns campeões com uma nova “classe” cuja característica comum é de serem supostamente diferentes demais para serem classificados, porém, convenientemente todos sendo, muitas vezes por isso mesmo, nomes com um histórico como estorvos de balanceamento. Enquanto criar um espaço de aceitação para estilos próprios é importante, é realmente necessário separar eles em um espaço diferente do resto? E quando alguns deles formam um grupo de tema bem coeso — como dano mágico em ataques básicos ou Atiradores não-ortodoxos —, acham isso um sinal que esse tema não mais será mais explorado, ao menos no futuro imediato? Ter esses grupos de nicho em uma prisão metafórica pode ser bom na visão de que isso ajuda em manter o resto do ambiente estável e previsível, mas pode também significar que esses “prisioneiros” são mais fáceis de se abandonar quando não se consegue encontrar soluções para trazê-los de volta de forma mais saudável.
Enquanto não concordo com algumas das medidas mais conservativas desse anúncio de mudança que, em vias de fatos, não muda muita coisa, ao menos vejo um belo esforço por parte da Riot em tentar tornar as diferenças entre grupos de campeões mais claras. Não duvido em nada que o grau de alterações que se encaixa nas minhas expectativas está mais para algo que veríamos durante a pré-temporada, não durante o meio do ano, mas aos poucos, quem sabe, chegamos em algo fascinantemente diferente.
Revisão: Ana Krishna Peixoto