Como Street Fighter V (PS4/PC) evoluiu com o tempo?

Após mais de meio ano e diversas atualizações, vamos discutir como evoluiu o jogo de luta da Capcom?

em 17/11/2016
Street Fighter V foi lançado no começo desse ano e prometia ser o maior lançamento da série, seguindo o grande sucesso que foi Street Fighter IV e suas inúmeras atualizações. Embora esse novo capítulo tenha trazido um sistema de combate muito bom, o jogo foi alvo de duras críticas devido a sua falta de conteúdo, principalmente nos modos offline. Na minha análise, citei que, talvez após seis meses ou um ano, SF V poderia ser um jogo melhor do que era na época do lançamento. Pois bem, aqui estou para falar como foi a passagem dos meses para o jogo de luta da Capcom e se, de fato, o tempo foi um bom remédio.

Essa duplinha ai arruma altas confusões
Podemos começar falando sobre os modos de jogo, algo que critiquei bastante no lançamento. Infelizmente o modo arcade tradicional não foi implementado, o que, ao meu ver, ainda é um erro gigante, pois é algo básico para qualquer jogo de luta. Contudo, após a atualização de setembro, finalmente foi liberada a opção de jogar o modo versus contra o CPU. É estranho algo tão simples não ser colocado logo de cara e ainda ter demorado tanto para ser implementado. Parece até que a Capcom tem medo que as pessoas joguem offline.

Enfim, antes disso, voltando para março, os Desafios foram um complemento interessante. Diferente do modo equivalente em SF IV, aqui são apenas 10 passos e todos trazem sequências de golpes que vão aumentando em dificuldade. É um bom método de aprendizado para quem não é tão habilidoso. Não me lembro de ter pego nenhuma sequência trivial, todas demandavam atenção para serem realizadas.


Claro, não posso deixar de falar do tão aclamado Modo História, prometido para junho e lançado em julho. A ideia aqui, creio eu, era fazer algo grandioso, que seguisse a linha do que foi feito nos jogos mais recentes da série Mortal Kombat. Mas, ao meu ver, acabou sendo algo “mais ou menos”, principalmente na sua execução.

No plot, mais uma vez, Bison armou um plano para dominar o mundo e blá, blá, blá. Mas esse nem o ponto negativo, mas sim como a trama é contada. Você não escolhe o personagem, apenas vai jogando as lutas conforme a progressão na história. Nessa progressão, existem dois pontos problemáticos que se interligam: temos muita narrativa para poucas lutas e as lutas são fáceis demais. É como se elas estivessem lá só para você se lembrar que é um jogo de luta. Além disso, a direção de algumas cenas é bem questionável: frequentemente a cena é focada em um personagem A, mas no momento do combate o jogador controla o personagem B, que chegou instantes antes, não fazendo muito sentido.

A trama até tem seus bons momentos, mas não entendo como a Capcom não conseguiu realizar um serviço melhor, ou ao menos igual, do que nos é apresentado em séries como Mortal Kombat e Guilty Gear, que fazem um trabalho muito melhor em contar suas narrativas em seus jogos mais recentes.
Mas nenhum outro jogo tem um homem de família
Uma novidade na série Street Fighter foi a inserção de moedas para compras de item in-game, em um modelo semelhante ao visto em jogos free to play. De acordo com o anunciado antes do lançamento, SF V teria dois tipos de moedas: o Fight Money, que é conquistado dentro do jogo, jogando online e cumprindo objetivos extras, e o Zenny, que seria adquirido com dinheiro real. A moeda virtual se mantém aí até hoje e, no geral, funciona bem. Jogando com uma frequência razoável, é possível ter todos os personagens já lançados e mais alguns extras como mapas ou skins sem gastar um tostão a mais por isso.

Já o Zenny, depois de ser adiado várias vezes, foi abandonado. A justificativa da Capcom foi a de que eles não conseguiram fazer com o que o sistema funcionasse de forma segura. Dessa forma, transações com dinheiro real usam os sistemas da Steam e da PSN, cobrando já direto o valor. Apesar dos pesares, no final, acho que tudo acabou bem. Essa forma de monetização eliminou o problema das versões Super, Hyper, Ultra, Arcade Edition, etc. e dá a possibilidade de conseguir conteúdos sem gastos extras.

Outra novidade prometida no lançamento e só disponibilizada em setembro foram as missões diárias. Elas variam entre “assista um replay” até “realize dez counters em partidas online”. Embora tenha demorado bastante para aparecerem, são um ótimo recurso para ajudar a ganhar mais Fight Money, além de manter as pessoas jogando por mais tempo.
Urien, último personagem adicionado ao elenco de Street Fighter V
Ainda ao longo dos meses, adições e correções pontuais foram feitas, em conjunto com a inserção dos seis novos lutadores, que fazem parte do Season Pass. Um anúncio no começo de novembro entregou que Akuma será integrado ao elenco de personagens, mas ainda não sabemos se o jogo manterá o sistema de passe de temporada ou adotará outro sistema. Mas acredito ser certo imaginar que o esquema deverá ser mantido.

Por fim, vale falar do cenário competitivo de Street Fighter V que, inegavelmente, cresceu muito. Os torneios tem ainda mais destaque e o Capcom Pro Tour, principal liga competitiva, aumentou consideravelmente em quantidade de jogadores e qualidade de disputas. Mesmo aqui no Brasil, tivemos mais eventos que contaram pontos classificatórios, além de sediarmos as finais da seletiva latino-americana.

Street Fighter V de fato mudou muito em relação ao que foi na época do seu lançamento, mas ainda não é bastante. Seu foco se mantém nas partidas online e a falta de um modo arcade ou algo equivalente ainda é sentida, bem como outros recursos que sejam mais atrativos aos jogadores casuais. O modo história é uma boa inovação na franquia, mas faltou um polimento melhor para deixá-lo mais atrativo tanto pelo ponto de vista de narrativa como de “modo de jogo de luta”. Não posso dizer que não houve uma melhora comparado ao produto inicial, valendo muito mais a pena do que aquele SF V de fevereiro. Mas o caminho do guerreiro ainda está longe de seu final.


Revisão: Arthur Maia

Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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