O jogo foi lançado no início de Novembro para PC, Mac, PS4 e XBO e tem como principais marcas o carisma de seus traços e enredo, somados, é claro, com um multiplayer eletrizante. Preparem as guitarras, controles e dedos, pois esse jogo vai te dar trabalho!
Visual carismático, mas um enredo nem tanto
Super Dungeon Bros nos apresenta quatro protagonistas bastante carismáticos: Axl, o cavaleiro azul, é bastante bruto e gosta de “bater antes e perguntar depois”; já Lars, o cavaleiro amarelo, é o garanhão, que na verdade não passa de um tímido; Ozzie é o cérebro do grupo, o cavaleiro verde pensa por todos, mas infelizmente gosta mais de incitar o caos do que de fazer algo produtivo; por fim temos Freddie, o cavaleiro vermelho que, segundo o próprio jogo, não é tão burro quanto uma porta porque isso seria um insulto às portas.Até aí os personagens são bem interessantes, cada um com o seu alívio cômico distinto. Uma pena, entretanto, que as referências às características próprias de cada personagem parem por aí. Durante a jogabilidade, nenhuma diferença existe entre escolher um ou outro dos quatro “bros”, mudando literalmente apenas a cor do jogador. O mesmo ocorre com as quatro personagens femininas disponíveis em uma DLC gratuita disponível pelo Steam. São personagens interessantes e com certe veia cômica, mas infelizmente mal aproveitados em relação ao desenvolvimento do enredo.
Na introdução do jogo (independente do mundo que você escolha para jogar) Freddie chega na casa dos bros com um disco mágico. Ao tocá-lo, os quatro amigos recebem a missão de desbravar masmorras sombrias e cheias de ameaça para alcançar o patamar de virarem astros do rock. O tom cômico do enredo, mesmo que despretencioso, não se sustenta e acaba se tornando algo totalmente descartável na experiência.
Felizmente, em contrapartida a isso, os visuais do jogo são de primeira. Com cores vivas, trilha sonora eletrizante e ótimos efeitos de magias, explosões e impactos. O que o enredo não atrai, o visual carismático do jogo compensa. Some a isso uma jogabilidade mais que interessante e você tem bons motivos para jogar Super Dungeon Bros, só não inclua nesses motivos a história do jogo, pois ela não faz sentido algum.
Jogabilidade rápida e dificuldade elevada
Entre todos os adjetivos que ajudam a definir Super Dungeon Bros, facilidade certamente não está inclusa. Seja em partidas solo ou com amigos (online ou local), o jogo apresenta um nível de dificuldade bastante elevado. Leva algum tempo para que os jogadores comecem a pegar as mecânicas de cada inimigo, assim como os macetes de passar por cada parte das dungeons e como utilizar da melhor formas suas habilidades, pensando na melhor forma de ajudar o grupo e a si mesmo, ou não.O nível de dificuldade sozinho parece muito grande, entretanto ao jogar multiplayer vemos que ele é regulado para um único jogador, pois com quatro cavaleiros juntos, a quantidade de inimigos tende a ser muito maior. Além disso, os tradicionais corações que representam suas chances de morrer antes de dar game over são compartilhadas entre todos os jogadores, aumentando ainda mais o nível de desafio ao se jogar em grupo.
Os comandos, seja em um controle ou no teclado, são bem práticos e instintivos. Com a possibilidade de rolar para desviar de ataques e armadilhas, pular em cima dos monstros para fugir de ataques e até causar danos. Também temos duas possibilidades diferentes de ataque (uma rápida e mais fraca e outra forte porém mais lenta), a capacidade de pegar determinados objetos ou companheiros para arremessá-los contra as hordas e uma habilidade especial com alto poder destrutivo, mas que deve ser usada com cautela.
Como todo hack ‘n’ slash que se preze, o jogo apresenta constantemente uma grande quantidade de inimigos e um confronto altamente energético, forçando o jogador a ter respostas rápidas, demonstrando resistência, inteligência, paciência e audácia. Por conta dos corações compartilhados e a escassez de itens de cura, cada morte é sentida com bastante peso pelos jogadores, que realmente lutam para sobreviver a cada embate.
É bom ter amigos para jogar, sério, é bom mesmo…
A React Games planejou Super Dungeon Bros para ser jogado em grupo. Isso é notório desde o nome do jogo, mas é jogando que você nota isso com mais clareza. A jogatina solo é um tanto quanto monótona em alguns momentos. Morrer por conta da incapacidade do personagem de enfrentar tantos monstros ao mesmo tempo chega a ser frustrante em alguns momentos. Porém, nas opções multiplayer é que o jogo alcança sua real glória.Tanto local quanto online, o multiplayer funciona muito bem. Os artifícios de jogabilidade que fazem os personagens interagirem, como a capacidade de arremessar o colega na direção dos monstros para causar dano, são bem interessantes e, em alguns episódios, obrigam os jogadores a trabalharem em equipe ou então morrerem. A instintividade do jogo se mostra aí, pois sem notar, os jogadores começam a dividir tarefas ao longo das masmorras a fim de desbravar com maior facilidade todos os perigos e glórias que os cercam.
Além disso, a cada nova tentativa de explorar uma das fases, os detalhes delas mudam completamente. Tanto o caminho quanto os desafios encontrados variam de tamanho e direção dependendo da quantidade de tentativas. Porém, não existe uma grande variedade de opções de construção de masmorras, fazendo com que o padrão se torne perceptível após quatro ou cinco mortes seguidas.
Fora os artifícios de jogabilidade multiplayer, toda fase possui um rank diário atualizado rapidamente que mostra os melhores tempos e pontuações feitos por jogadores em cada uma das três grandes fases do game. Mesmo que pareçam poucas, o fato de mudarem de forma e direção a cada nova tentativa de desbravamento — considerando ainda o nível elevado de dificuldade para superá-las — torna a vida útil do jogo bem maior, mesmo com apenas três grandes fases divididas em cerca de quatro partes cada.
Com tudo isso, jogar em equipe e sozinho são duas experiências completamente diferentes em Super Dungeon Bros, mesmo que o jogo seja exatamente o mesmo. A vivência das masmorras em equipe é muito mais dinâmica e ativa, com mais monstros para se enfrentar e habilidades para combinar. Sozinho, o jogo lembra um “Diablo” com mais ação e menos RPG. Porém, em grupo, lembra um Castle Crushers (Multi) em 3D, o que é bem divertido.
Uma dualidade cativante e frustrante
Está aí uma característica um tanto quanto ambígua do jogo. Ao mesmo tempo que ele cativa bastante o jogador a continuar jogando em alguns pontos, ele frustra bastante em outros, podendo causar desânimo em jogá-lo por mais tempo. Isso se deve a soma de conteúdos colecionáveis e desbloqueáveis com cristais que você coleta ao longo das masmorras. Há também a incapacidade de salvar partidas, fazendo com que, ao morrer, o jogador seja obrigado a reiniciar o jogo do zero com nenhuma das habilidades do seu personagem desenvolvidas.
Essa dualidade pode confundir os sentimentos de muitos pelo jogo. As armas, por exemplo, possuem uma boa variedade de habilidades e diversidade, causando certa curiosidade nos jogadores para saberem como que as armas mais poderosas funcionam, incentivando-o a jogar mais. Porém, se ele morre por um mero deslize ou porque realmente ele não tem muitos amigos para jogar com ele naquele momento, é obrigado a começar do zero, independente de estar no início da fase ou na boca do boss final, o que desanima muitos a tentar novamente.
Essa dualidade confunde muito a opinião sobre o título, mas a verdade é que passada a raiva de morrer por um meio muitas vezes estúpido, o jogador vai se sentir na ânsia de não errar daquele jeito de novo e vai tentar, mais uma vez, superar aquela maldita masmorra! Isso prova que o jogo é, independente de seus defeitos, muito divertido. Como se não bastasse toda a dificuldade que os jogadores enfrentam, no início de cada fase quatro piras de fogo se encontram apagadas. Cada uma possui uma habilidade que aumenta a dificuldade ainda mais, como por exemplo, o “fogo amigo” que permite que um jogador cause dano nos próprios amigos com seus golpes. Para quem chegar no nível de achar a dificuldade do jogo banal, cabe usar as quatro piras acesas e ver o circo literalmente pegar fogo.
Diversão acima de tudo
Como falamos um pouco acima, o jogo possui um fator importantíssimo para garantir a sua qualidade: a diversão. Seja com amigos em seu computador ou em uma conferência de skype em uma partida online, jogar Super Dungeon Bros é, acima de tudo, divertido. Se você for mais para o estilo “lobo solitário” e gostar de desafios, esse jogo também é para você, só não espere muita história ou enredo cativante aqui, o lance é enfrentar hordas e pilhar tesouros, ponto final.
Mas claro, o jogo não é perfeito. Várias coisas poderiam ser melhoradas para que a experiência fosse muito mais interessante. Talvez até um modo história cooperativo com a possibilidade de salvar o avanço da jogatina para continuar no outro dia com os amigos. Infelizmente a ausência dessa extensão pode prejudicar a longevidade do título, mesmo que seja sustentada pela diversão e pelo alto nível de desafio. Fica aí a dica para o pessoal da React Games. No mais, virando astros do rock ou não, pilhar tesouros e detonar hordas de esqueletos ainda é um ótimo passa tempo.
Prós
- Belos gráficos carismáticos e coloridos;
- Trilha sonora animada;
- Multiplayer local e online funcionam muito bem;
- Desafios de Rank Global podem aumentar dinâmica das partidas;
- Boa variedade de armas desbloqueáveis;
- Alto nível de desafio;
- Piras de fogo podem aumentar ainda mais a dificuldade do jogo.
Contras
- Pouco número de fases;
- Foco no multiplayer deixa a jogatina solo um pouco monótona;
- Ausência da possibilidade de salvar avanço pode frustrar;
- Enredo e alívios cômicos não cumprem função;
- Diferença entre os quatro protagonistas é apenas visual.
Super Dungeon Bros (Multi) - PS4 / XBO / PC / Mac - Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Pedro Vicente