Análise: Super Button Soccer (PC) combina esporte e estratégia

Divertido projeto do estúdio brasileiro Smyowl leva o futebol de botão para o mundo dos videogames.

em 17/08/2016

Criado por um brasileiro durante a década de 1930, o futebol de botão não é apenas uma brincadeira de criança. A prática é oficialmente reconhecida pelo Conselho Nacional de Desportos (CND) como esporte e tem sua própria confederação que regulamenta a atividade. Os campeonatos e torneios da modalidade constantemente atraem enorme legião de fãs. Com tamanho sucesso no mundo real, o futebol de botão se prepara para conquistar também o universo virtual com o lançamento de Super Button Soccer, título para PC desenvolvido pelo estúdio paulista Smyowl Game Studio.


Já disponível através do Steam, o projeto nasceu com o objetivo de se transformar em um verdadeiro eSport. Com controles bastante simples, porém viciantes, o título apresenta potencial para agradar desde jogadores experientes até aqueles mais casuais. Mesmo focando no multiplayer (local ou online), a experiência para quem prefere se divertir sozinho também é interessante e estimulada pela variedade de botões e demais colecionáveis a serem conquistados. Porém, o jogo apresenta algumas falhas que precisam ser corrigidas para que realmente possa ser reconhecido como esporte capaz de lotar arenas e estádios.

Em time que está ganhando...

Ao iniciar Super Button Soccer pela primeira vez, já me senti “em casa” navegando pelas opções e modos de jogos. É inegável que todos os menus foram fortemente inspirados nas telas iniciais de FIFA, com cores e gráficos bastante parecidos. As semelhanças com a consagrada franquia de futebol da EA não param por aí. O gerenciamento do seu time de botões acontece de maneira idêntica com o que ocorre no modo Ultimate Team de FIFA, através do uso de figurinhas.
Super Button Soccer ou FIFA?

Em Super Button Soccer, cada vitória rende ao jogador determinada quantidade de XP. Ao subir de nível, a recompensa será um novo pacote de figurinhas de onde podem sair jogadores, uniformes, emblemas, estádios ou esquemas táticos. O correto gerenciamento da equipe é fundamental para se dar bem nas competições e conseguir deixar a sala de troféus cada vez mais cheia.

Toca y me voy

Existem três modos de jogo disponíveis em Super Button Soccer. O primeiro agrupa todos os torneiros offline, que acontecem no formato mata-mata, ou seja, quem perde está eliminado. As demais possibilidades envolvem as disputas contra outros jogadores, seja desafiando competidores locais através do mesmo computador ou medindo forças com adversários do mundo todo através de copas online.

Para se acostumar com as mecânicas do título, a melhor alternativa é começar a jogatina enfrentando a inteligência artificial. Os comandos se resumem às setas do teclado para escolher qual jogador controlar e a direção do chute ou passe, além da barra de espaço que determina a força da batida na bola.

Os movimentos acontecem em turnos, enquanto quem está no ataque mexe suas peças, a equipe da defesa permanece imóvel. A posse de bola só muda depois de esgotado o tempo da jogada ou se a pelota tocar por último no botão do adversário. Mais do que um simples título esportivo, Super Button Soccer necessita de muita estratégia na elaboração de cada passo a caminho do gol.
Cada movimento é importante


O treinamento contra a inteligência artificial começa a perder a graça quando se percebe que o adversário não é tão inteligente assim. É comum os botões controlados pelo computador executarem movimentos inúteis, previsíveis ou, pior ainda, marcarem gols contra quando a bola está próxima de sua própria baliza. Conquistar as copas offline acaba ficando bem mais fácil do que poderia ser graças a esse defeito da inteligência artificial.

Já nos modos online, a diversão é garantida, pois nunca se sabe o nível do adversário que aparecerá do outro lado. Os movimentos mais lindos e impossíveis acontecem contra os competidores reais. O único problema é que a comunidade do jogo ainda é pequena e pode ser demorado localizar um adversário disponível.

Sem mesmice

Para evitar que Super Button Soccer fique enjoativo rapidamente, a equipe de desenvolvimento adicionou diferentes funcionalidades que alteram completamente a maneira de se jogar. Existem botões de variados tipos, desde aqueles maiores que ocupam grandes espaços no campo e funcionam bem como zagueiros, até os que têm mecanismos magnéticos que atraem a bola quando ela passa por perto. Também há diversos modelos de gramados e condições climáticas, movimentar os botões na chuva requer atenção para fugir das poças de água, já no gelo os jogadores vão escorregar e podem comprometer toda a jogada.
Diferentes botões influenciam a jogabilidade

Os modelos dos botões e dos campos apresentam gráficos bem trabalhados e consistentes. A narração das partidas também recebeu um capricho especial e está recheada de bordões e frases de efeito, capazes de provocar ataques de risos. O problema dos comentários engraçadinhos é que eles existem em pouca quantidade e, com o passar do tempo, acabam se repetindo demasiadamente. Para resolver o problema, nas opções existe a possibilidade de silenciar o narrador.

Gol de placa

O maior trunfo do título é apresentar proposta inovadora que, apesar de bem simples, consegue divertir quem passou dias jogando futebol de botão na infância ou aqueles que nunca experimentaram a modalidade. Entretanto, para atingir o objetivo de se tornar eSport, ainda há um caminho a ser trilhado, em que o primeiro passo é reunir e consolidar uma comunidade de jogadores. Algumas melhorias, como o aprimoramento da inteligência artificial, ajudariam bastante o processo de solidificar Super Button Soccer como um esporte virtual.

Prós

  • Controles simples e intuitivos;
  • Diferentes botões e campos alteram a jogabilidade;
  • Proposta inovadora e divertida.

Contras

  • Inteligência artificial deixa a desejar;
  • Poucos modos de jogo;
  • Ainda não há muitos competidores no modo online.
Super Button Soccer — PC — Nota: 7.0
Revisão: Ana Krishna Peixoto

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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