É possível que você esteja me achando estranho por não conseguir esperar um mísero segundo, mas jogar um game como esse já te joga na cara que esse segundo dura um pouco (e aqui o pouco é muito) mais do que aparenta. Não sei se em alguma mitologia existe uma divindade que está encarregada de fazer o tempo andar no ritmo exato (e faz muito sentido que existam algumas), mas a partir de agora carrego uma simpatia muito grande por tal ser. O fato é que esse game é interessante e até mesmo relaxante, mas apenas por trazer diversos estímulos e mesmo dois modos bem distintos.
Clock Simulator traz alguns estágios diferentes, e a promessa é da chegada de mais, mas a base de tudo é tentar contar de um em um segundo da maneira mais precisa possível. O legal é que dependendo do modo a marcação desse ritmo muda, ou sequer existe. Veja, no tutorial uma barra vai preenchendo, te dando um estímulo visual do ritmo. Em outro modo você ganha ponto conforme acerta de forma aproximada, e mais pontos se for preciso, ao passo que perde conforme erra. Ainda há um outro modo que te propõe acertar o "minuto perfeito" e te passa o feedback dos erros e acertos com as cores.
Existe outro modo que brinca com a aparição de espíritos, e ainda um que te dá a chance de errar apenas cinco vezes, fazendo com que as barras caiam conforme erramos. Uma experiência interessante é fechar os olhos e tentar desenvolver um ritmo, seja pautado em um som ou mesmo em sua respiração. Ainda há dois modos diferentes, usando um simpático porquinho. No primeiro é necessário responder ao estímulo e apertar a tecla certa para não se chocar com uma engrenagem. Já o segundo traz o desafio de pular o ponteiro como se fosse uma corda. No fim do dia e em qualquer modo, Clock Simulator é sobre ritmo, e também sobre paciência.
A necessidade de se desenvolver um ritmo, e se adequar às suas variações, é algo recorrente nos jogos. Não dá para não lembrar dos combos de dash em Hyper Light Drifter, ou coisas que vão de Crypt of the Necrodancer aos mais óbvios, como Guitar Hero, Elite Beat Agents e Dance Dance Revolution. Minha principal lembrança de algo do tipo é com um minigame de Final Fantasy IX, no qual é necessário pular corda com uma velocidade que vai aumentando (tudo isso por uma carta).
Clock Simulator traz a premissa do ritmo em sua forma mais "pura". Ele não se acentua, não existem variações, e o intervalo de tempo é sempre o mesmo. Mas ainda assim, acertar exatamente é muito mais difícil do que parece, e aí entra uma sensação constante do jogo, a paciência.
Em todos esses jogos que eu citei, e tantos outros, a ação do jogador encontra uma gama de estímulos muito maior, além de variações múltiplas do ritmo e do comando necessário. Aqui só existe um ritmo e um comando. E o intervalo de tempo não vai se dar de outra forma que não seja a exata. Um segundo é um segundo. A necessidade da paciência vem da aparente falta de movimento na experiência de Clock Simulator. Em outros games, você tem que se adequar a um ritmo dado por algo externo, aqui você é esse algo externo. Oras, você é o relógio.
E a partir do entendimento e da contemplação disso, Clock Simulator vai se moldando como algo bem mais agradável do que parece, como um passatempo interessante que brinca justamente com nossa relação com tempo, ou melhor, das nossas medidas de tempo, e o que há em torno disso.
Prós
- Surpreendentemente relaxante;
- Aspecto visual minimalista ajuda a compor essa atmosfera;
- Bons modos de jogo.
Contras
- Se valeria de mais modos (o que é algo que já está nos planos).
Clock Simulator — PC/Mac/Linux/iOS/Android — Nota: 7.5 Versão utilizada para a análise: PC