Mesmo após popularizar o gênero TPS, Mikami continuou inovando, dando à Vanquish a maior resposta para tal. Mas será que o título de Mikami e a equipe da Platinum Games conseguiu fazer com que tais inovações acabassem se demonstrando boas? É o que estamos aqui para descobrir.
O avanço às estrelas
Vanquish se passa em um futuro próximo, em que os recursos da Terra já são escassos o bastante para causar guerras constantes ao redor do mundo. Como alternativa para evitar a escassez, os EUA lançaram ao espaço a Providence (Providência), uma colônia espacial cilíndrica (aquela de Gerard Kitchen O’Neil… ou as apresentadas na série Mobile Suit Gundam, na linha de tempo principal), com o objetivo de canalizar e redirecionar os raios solares, de modo a abastecê-los com energia sustentável de forma, praticamente, ilimitada.Uma verdadeira obra de arte, não? |
O início da represália
Os EUA, claro, não se renderam facilmente e logo se lançam ao espaço com suas Tropas Estelares (e olha que os caras realmente têm muitas referências dos filmes inspirados por Heinlein, embora sejam massivamente diferentes da obra original) para poder parar o ditador. Em meio a essas tropas, encontra-se Sam Gideon, um dos pesquisadores da DARPA, o departamento de desenvolvimento de tecnologia militar dos EUA, com uma Armadura de Reação Aumentada (ARS), um novo modelo de armadura aumentada em desenvolvimento, para resgatar, da forma mais sutil possível, o cientista criador da Providence, que estava abordo da colônia no momento do assalto.Burns e uma de suas tropas de Marines. |
Agora, cabe a Sam e a Equipe BRAVO, conseguirem recuperar a colônia espacial e impedir os russos que aniquilem mais uma cidade americana.
A velocidade é a chave
O jogador assume Sam em sua ARS, podendo correr, rolar, utilizar armas de fogo, golpear fisicamente os inimigos, cobrir-se em algum local (mesmo que muito baixo), jogar granadas, sejam explosivas ou de PEM, e acender até três cigarros enquanto em cobertura, uma vez a cada estágio. A ARS de Sam permite que ele deslize em alta velocidade pelo cenário, dando enorme (mesmo) dinamismo aos tiroteios, possibilitando táticas diferentes e combos divertidos, além de poder golpear fisicamente os inimigos de várias formas cheias de estilo e criar o efeito de câmera lenta para facilitar o foco em pontos específicos de alguns robôs. Caso Sam seja muito alvejado, a armadura entra em câmera lenta automaticamente até que se superaqueça, possibilitando ao jogador escapar de uma situação mais complicada.
Esta é uma ótima demonstração do que a ARS pode fazer.
Conforme é utilizada, a ARS de Sam superaquece e fica “inútil” por alguns segundos, até que resfrie por completo.
Gideon possui um armamento peculiar chamado de BLADE, sigla para Eletrônico Lógico Adaptável para o Campo de Batalha (é, BLADE fica muito melhor) que, como o próprio nome diz, adapta-se ao campo de batalha, neste caso, projetando qualquer arma que o jogador encontrar no meio do caminho. BLADE pode armazenar até três armas diferentes e receber aprimoramentos para elas, caso as pegue novamente com a munição cheia, mais que isso, a nova arma substitui aquela que o jogador está empunhando.
BLADE literalmente replica a arma, remontando-a. |
Em alguns momentos, durante os intervalos no tiroteio, o jogo assume uma visão em primeira pessoa para as atualizações que Elena apresenta sobre a missão, possibilitando ao jogador apenas andar. Em outros momentos, estes mais frenéticos, geralmente durante ou após as batalhas contra os chefes, alguns Quick Time Events surgem para deixar a situação ainda mais veloz, trazendo cenas empolgantes e épicas das batalhas, mas também há espaço para aquelas situações mais “silenciosas” para aqueles que preferem ficar com as snipers.
Nas dependências da Providência
O jogo se passa inteiramente dentro da Providence, logo, praticamente tudo o que é visto se trata de metal e concreto, dando pouco espaço para algo verde. Contudo, a todo momento em áreas abertas, é possível ver o topo do cilindro, o que garante uma bela noção da grandiosidade do local.Visões assim dão uma boa noção da grandiosidade da colônia. |
O dinamismo é bem presente, intercalando vários cenários de modo contínuo, e deixando clara a percepção de progressão e a sensação de urgência da situação.
Em meio à inovação…
O deslize providenciado pelo jogo e sua ação frenética em alta velocidade transformam-no quase que por completo, saindo do típico TPS para algo muito mais divertido e dinâmico, recompensador, que dá vontade de jogar. Infelizmente, o game sofre bastante com alguns erros que poderiam ficar bem longe, praticamente os mesmos sofridos por Binary Domain, título também distribuído pela SEGA.Cenas assim se repetirão incontáveis vezes. |
A história do jogo é clichê e muito previsível, com um ritmo um tanto estranho, desequilibrado, mais por conta de todas as reviravoltas que ocorrem num curtíssimo decorrer de tempo. Além disso, como se não bastasse, a narrativa envolve apenas as ações imediatas (como o que está havendo agora), não abordando o lore por completo, fazendo com que o jogador tenha que ler os informativos nas telas de carregamento… que geralmente não duram mais do que dez segundos, ou seja, não o suficiente, deixando alguns pontos soltos caso não deseje pesquisar mais sobre. Dito isto, o jogo consegue se manter interessante principalmente por conta de Burns, Sam e Elena, que são bastante carismáticos. Raramente quedas de quadros ocorrem, mas é bastante normal presenciar o surgimento de inimigos em alguns locais demarcados no radar.
Vanquish’em!
Mikami e a equipe que coordena geralmente impressionam com o que fazem, RE4 e The Evil Within são grandes exemplos disso. E Vanquish não é nem de longe uma exceção. Trata-se realmente de um grande projeto, divertido, dinâmico, veloz e diferente. Sua história é rasa e muitíssimo previsível e sua progressão, embora bastante diferenciada, tanto nos cenários, quanto no design da aparência dos robôs (no caso de chefes), é muito repetitiva por conta do reaproveitamento dos personagens, como se fosse uma boa escapatória (e é… até que a repetição seja sentida). Contudo, o fato do diretor ter retirado grande parte dos QTEs do jogo fez com que tais momentos fossem reservados para cenas épicas e impressionantes, tornando as lutas contra os chefes muito recompensadoras, valendo o esforço, e deixando uma sensação de poder.Prós:
- Personagens carismáticos e divertidos;
- Jogabilidade inovadora e dinâmica;
- Chefes gigantes e massivos;
- Dificuldade um tanto elevada;
- QTEs são uma ótima adição à jogabilidade, deixando a situação ainda mais frenética.
Contras:
- História rasa, clichê e previsível;
- Pouca atenção ao tentar explicar o lore;
- Repetitividade exagerada, dependendo demais das hordas;
- A necessidade de dominar os comando aumenta a dificuldade, o que pode frustar alguns.
Vanquish - SEGA - PS3 e X360 - Nota: 8.0 - Versão utilizada para análise: PS3
Revisão: Jaime Ninice