A Realm Reborn daqui para frente
Diante de tantas constantes atualizações e expansões de Final Fantasy XIV, especialmente Heavensward, foi perguntado sobre a continuidade do suporte à versão de PS3. Segundo Yoshida, a versão disponível para a geração anterior de consoles continuará a ser suprida de novidades. Não há por que se preocupar com isso.
Em seguida, perguntamos sobre a possibilidade de haver, em Final Fantasy XIV, conteúdo relacionado a Final Fantasy XV (Multi), próximo grande jogo da franquia. Yoshida falou que há, sim, conversas entre ele e o diretor de FF XV, mas que os planos só começarão após o lançamento do novo título. Para ele, o ideal é que as pessoas possam experienciar tranquilamente FF XV para somente depois começar a divulgar conteúdo relacionado a ele em outros jogos.
Pensando num futuro a longo prazo, perguntamos sobre a possibilidade de outras franquias da Square Enix, como Kingdom Hearts, receberem um tratamento em MMORPG semelhante a Final Fantasy XIV e Dragon Quest X (Wii/Wii U). A possibilidade não parece estar descartada, mas Yoshida citou o caso da Blizzard, falando que mesmo uma desenvolvedora experiente em títulos do gênero acaba focando-se num número limitado de MMOs. Segundo ele, um outro RPG online da Square Enix exigiria o trabalho dos melhores desenvolvedores da empresa para construir um bom jogo e suprí-lo constantemente de novidades. Ir além da conta poderia levar a falhas como a versão 1.0 do próprio Final Fantasy XIV.
Do fracasso ao sucesso
E, já que falamos da versão 1.0, esse foi um dos pontos mais importantes da conversa. Afinal Naoki Yoshida foi o responsável pelo reboot A Realm Reborn de Final Fantasy, responsável por dar uma vida nova (e aceitável) ao jogo. E, pela entrevista, sentimos que Yoshida foi de fato um grande diretor, pois, além de fã de Final Fantasy, é também um grande jogador de MMORPG.
Yoshida falou abertamente sobre a decisão de recomeçar FF XIV após os erros da versão original. Ele contou que assumiu a responsabilidade de retrabalhar o título original. Para isso, pensou em elementos que fariam sentido em um RPG online, como as disputas diretas entre jogadores. Depois disso, analisou mais uma vez a versão 1.0 para decidir o que mudaria. Segundo ele, o processo de planejamento de A Realm Reborn durou dois meses e meio.
O diretor também disse que, apesar de A Realm Reborn ter sido um jogo criado praticamente do zero, houve comprometimento em manter os dados de quem havia jogado a versão original. Além disso, a história do reboot precisava fazer sentido no contexto da primeira versão, para criar uma ideia de continuidade para quem havia jogado o 1.0. O reboot também trouxe a ideia de construir uma história que só o formato de MMORPG poderia proporcionar, de forma que se destacasse em relação às aventuras singleplayer da série
Relação entre fãs e desenvolvedores
Ouvimos também muitos comentários sobre como é a relação entre a equipe de desenvolvimento de Final Fantasy XIV e a comunidade de jogadores. Para Yoshida, aproveitar os benefícios dessa relação foi uma das metas com o reboot da série. Ele destacou também o quanto ficou feliz nas oportunidades que teve de encontrar os fãs do jogo, como no Final Fantasy XIV Fan Festival 2016 em Las Vegas. Segundo ele, os fãs japoneses são muito mais tímidos do que os americanos.
Yoshida falou de como as visões dos jogadores e desenvolvedores sobre o jogo são diferentes. Para o primeiro, o importante é curtir sempre boas experiências no exato momento em que joga, enquanto que os desenvolvedores se preocupam em manter o jogo interessante ao longo dos anos. A colaboração entre esses duas visões é crucial, segundo o diretor.
Assinatura VS Free-to-play
Outro assunto que recebeu destaque durante a entrevista foi a decisão entre lançar Final Fantasy XIV pelo modo aberto ao público (free-to-play) ou limitado (através de assinatura). Yoshida não acredita que haja realmente uma competição entre os dois modelos, pois cada um traz uma consequente diferença muito grande de design. As diferenças incluem a organização da equipe de desenvolvimento e a utilização de elementos específicos de gameplay.
Com o modelo de assinaturas, o lucro é estável, o que permite manter de maneira mais constante o ritmo de atualizações e expansões. Yoshida destacou esse como um aspecto positivo de FF XIV. Já jogos free-to-play exigem a implementação de itens e funcionalidades pagas, algo que o diretor não queria utilizar em seu game. Ainda assim, ele se mostrou aberto à possibilidade de ir para o modelo aberto, desde que haja necessidade e possa reservar um tempo para repensar o design do jogo.
Yoshida mostrou que FF XIV ainda tem um longo caminho pela frente. De fato, A Realm Reborn foi uma investida certeira da Square Enix, permitindo que o fracasso que era a versão 1.0 do jogo se tornasse um jogo adorado por muitos fãs. E você, o que acha da direção que FF XIV está seguindo?
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Capa: Rafael Neves
Capa: Rafael Neves