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Análise: Flat Kingdom (PC) mostra como a geometria é interessante

Jogo de plataforma impressiona pelos belos gráficos e jogabilidade variada.

em 26/05/2016

A princesa do nosso reino foi sequestrada e precisamos da ajuda de um bravo herói para resgatá-la. Entretanto, essa tarefa não será nada fácil e a aventura, no melhor gênero plataforma, promete ser perigosa. Para enfrentar cada tipo de inimigo, formas diferentes darão habilidades especiais para o nosso protagonista. Este pequeno texto poderia ser usado para descrever o início de algum Super Mario Bros., porém, não estamos falando sobre o querido bigodudo. Dessa vez, quem irá salvar a donzela é o pequeno Flat, astro principal de Flat Kingdom, título desenvolvido pelo estúdio mexicano Fat Panda Games Studio e lançado para PC via Steam.


O enredo pode até começar de maneira clichê, mas tudo muda quando a jogatina, de fato, começa. Os desenvolvedores abusaram da criatividade e conseguiram entregar uma bela experiência, que é extremamente recomendada para os fãs do estilo plataforma. Uma prova de que Flat Kingdom merece atenção especial foi a votação realizada durante a feira PAX South deste ano, que deu ao jogo o título de ‘Best Platformer of PAX South 2016’.

Geometria divertida

As peculiaridades da trama tomam forma quando vemos o modo de agir de Hex, vilão principal da história. Os planos malignos dele não se resumem em somente sequestrar a princesa, mas também envolvem roubar as seis joias mágicas que mantêm o equilíbrio de tudo. As antigas lendas de Flat Kingdom dizem que, no passado, o mundo era dominado por um malvado reino 3D. Este governo de terror durou até o momento em que um sábio feiticeiro conjurou as seis relíquias e, através delas, conseguiu transformar o universo em 2D, fazendo a paz prosperar. Porém, o período de medo está próximo de retornar agora que Hex raptou a princesa e conseguiu tomar para si todas as joias mágicas.



Além das brincadeiras entre os planos 2D e 3D, as referências geométricas não param por aí. O poder de Flat é conseguir alterar o seu formato, o que concede a ele habilidades especiais. Quando o personagem é um círculo, ele pode executar pulos duplos. Ao virar um quadrado, ele fica pesado e consegue derrubar plataformas ou afundar na água. A terceira forma é a de um triângulo e faz com que o herói se torne muito mais rápido. É preciso saber alternar entre todas as figuras e usar as habilidades adequadas para superar cada fase do jogo. Os puzzles conseguem fazer com que raciocinemos um pouco, mas não chegam a ser problemas que consomem muitos minutos para serem resolvidos.

Assim como os quebra-cabeças, a dificuldade geral da aventura é um dos quesitos que deixa a desejar. No geral, as fases não são complicadas e quando o herói morre ele acaba ressurgindo em pontos de salvamento próximos ao local onde havia sido derrotado. Se os níveis podem ser vencidos sem derrubar muitas gotas de suor, o mesmo não acontece nos chefes gigantes. Os monstrões são bem típicos dos jogos de plataforma, com poderes destruidores e com um padrão de golpes que precisa ser estudado para criarmos a melhor estratégia de ataque.



As animações das criaturas gigantes são bonitas e chamam a atenção do jogador. Os belos gráficos não são restritos aos chefes, mas podem ser encontrados por toda a aventura. O estilo “papel recortado” utilizado na montagem dos cenários caiu bem na temática do jogo e colabora para intensificar o conflito entre o 2D e o 3D. O mesmo capricho dado à parte visual também é visto na trilha sonora. A compositora convidada para compor as músicas do título foi Manami Matsumae, que trabalhou em Mega Man e Shovel Knight.

Inspirações

O design de Flat pode parecer básico à primeira vista, mas a bolinha com duas pernas e nariz grande foi inspirada no modelo de um conhecido personagem da cultura popular. Olhe bem para o protagonista do jogo e responda rápido: “Com quem ele se parece?” Se você respondeu a Pantera Cor de Rosa, acertou! Segundo os produtores, não só o modelo do protagonista veio do cartoon da Hanna Barbera, mas muitos dos traços usados na produção foram inspirados pelo desenho. Apesar de esta ser a explicação oficial dos desenvolvedores, o redator que vos escreve não conseguiu perceber muitas semelhanças entre Flat e a Pantera.

Parecidos?

Vamos salvar o mundo!

Recentemente, vemos muitos títulos indies tentando recuperar a época de ouro dos jogos de plataforma das eras 8 bits e 16 bits. O grande problema da maioria desses jogos é que eles  simplesmente trazem para os dias atuais alguns dos conceitos que fizeram sucesso no passado, mas nada além disso. A falta de ousadia dos estúdios faz com que muitos dos lançamentos desse gênero fiquem parecendo mais do mesmo. Flat Kingdom vai exatamente na direção oposta e tenta trazer algo novo para o jogador.

O jogo é recheado de ótimas ideias que foram muito bem executadas. Soma-se a isso os belos visuais 2.5D, a grande trilha sonora e a jogabilidade fluida. O lado ruim fica por conta do sistema de combate, que acabou ficando bem simples, além da narrativa que apresenta um potencial que foi pouco explorado. Se colocarmos tudo na balança, não fica difícil de concluir que Flat Kingdom é um bom exemplo do gênero “plataforma moderno” e merece ser experimentado por todos.


Prós

  • Belíssimos gráficos e trilha sonora;
  • Invoca o melhor do gênero plataforma;
  • Protagonista com diferentes habilidades.

Contras

  • Aventura pouco desafiadora;
  • Sistema de combate deixa a desejar;
  • A narrativa tem potencial para ser mais complexa.
Flat Kingdom — PC — Nota: 7.0
Revisão: Érika Honda

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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