A história dos JRPGs — Master System

Conheça, ou relembre, 3 importantes jogos que fizeram história no Master System.

em 27/10/2015
Hoje começamos um projeto ambicioso aqui no GameBlast: recontar a história dos RPGs japoneses. Gênero que se origina fora dos videogames, mas que encontra nestes uma mídia que o acolhe, o RPG crava grande parte de sua história no Ocidente. A história dos RPGs para computadores, que acaba coincidindo em grande parte com a história dos WRPGs (ou RPGs ocidentais), é foco de algumas importantes iniciativas, dentre as quais destaco o blog CRPG Addict e o projeto CRPG Book. Nosso foco será no lado oriental do globo, e consequentemente, mas não exclusivamente, nos consoles e portáteis. Naturalmente, a ideia era começar pelo Famicom (NES), mas com o aniversário do simpático Master System, resolvi estrear por ele.


Este será um projeto longo, de árdua pesquisa e composto por diversos artigos aqui no portal GameBlast, bem como em nossas revistas (GameBlast e Nintendo Blast). Comentários, sugestões e dúvidas são mais que bem-vindos, já que nosso intuito é resgatar essa incrível história, que muitas vezes se confunde com a história geral dos videogames e consoles. Que comece a jornada.

O Master System, terceiro console da Sega, foi lançado em 1985 no Japão, com o nome de Sega Mark III, chegou aos EUA e à Europa e, através da Tec Toy, ao Brasil. A produção de jogos foi vasta até 1992, mas os últimos jogos foram lançados em 1998 no Brasil. Para mergulhar mais na história do console, não deixe de conferir nosso especial de 30 anos. Diferente de seu concorrente, o NES/Famicom, o console da SEGA não recebeu muitos JRPGs. O que não quer dizer que uma parte importante da história do gênero não tenha acontecido no Master System.

Ys: The Vanished Omens

Desenvolvedora: Nihon Falcom. Lançamento: outubro de 1988.

Lançado originalmente para o computador japonês PC-8801 em junho de 1987, o primeiro título da série Ys chegaria em 1988 para Master System e Famicom, em duas versões diferentes. Reza a lenda que o port para Famicom é superior ao de Master System, mas apenas este último chegou ao Ocidente.

Em um primeiro momento, Ys pode remeter ao clássico The Legend of Zelda (1986), mas a forma pela qual atacamos os inimigos é substancialmente diferente. A ideia aqui é ir em direção ao inimigo, assim dando dano no adversário e recebendo dano ao mesmo tempo. A barra de energia de nosso personagem, Adol, fica abaixo e se regenera conforme nos afastamos dos combatentes.
Em meio ao visual simples, o cabelo vermelho de Adol chama a atenção.
O visual é simples, mas ainda assim existe a tentativa de recriar diferentes tipos de cenários, como cavernas, montanhas, cidades, etc. O icônico cabelo vermelho de Adol já se fazia presente, assim como alguns tipos de seus inimigos. A história do jogo é, também, simples, e até mesmo um pouco mal explicada. Adol Christin precisa procurar os seis livros de Ys enquanto realiza missões variadas.

Se o visual, a história e o estranho combate geralmente não são relembrados com adjetivos muito positivos, o mesmo não se pode dizer da trilha sonora, composta por Yuzo Koshiro. O tema inicial é bastante agradável, assim como as faixas que acompanham a ação e a exploração.
E aí, com qual deles você falaria?
A série se desdobraria em outros tantos lançamentos e remakes, chegando a múltiplos consoles, portáteis e PCs. Tomoyoshi Miyazaki, o diretor deste primeiro título (assim como dos outros próximos dois), fundaria a desenvolvedora Quintet ao lado de outros profissionais que trabalharam nos primórdios da série Ys. Tal empresa, em parceria com a Enix, desenvolveu outros tantos RPGs, como Terranigma, Granstream Saga, Illusion of Gaia etc., mas isso já é assunto para os próximos episódios.

Miracle Warriors: Seal of the Dark Lord 

Desenvolvedora: Kogado Software Products. Lançamento: outubro de 1987.

É muito possível que Miracle Warriors tenha sido o primeiro RPG japonês a ser lançado oficialmente em língua inglesa. Novamente, enquanto o Famicom (NES) contava com uma gama muito maior de títulos, o console da Sega contava com uma biblioteca bem mais enxuta, assim, a opção da empresa foi lançar seus jogos no maior número de mercados possível.

Miracle Warriors: Seal of the Dark Lord, ou Haja no Fūin (覇邪の封印) no original japonês, também apareceu primeiro em um PC, o PC-88, antes de chegar a um console através do Master System. O título tem algo em comum com Dragon Quest (1986): um rei te dá a missão de vencer o mal, assim como um grande herói fez no passado. As similaridades não param por aí, já que a batalha de Miracle Warriors também é por turnos, com a visão apenas do inimigo na tela.
Com o cursos nos movemos, e na tela à esquerda vamos vendo o mundo e batalhando.
A exploração do mapa, dos calabouços e cidades é diferente, entretanto. Em uma pequena tela no canto superior direito, vamos movendo o cursor. Na tela à esquerda, vemos nossos personagens e o mundo que vai aparecendo conforme nos deslocamos. Se nos calobouços e mundos vemos todo nosso grupo, nas cidades vemos apenas uma visão por cima do ombro do personagem principal.

Outra grande diferença em relação ao “pai dos JRPGs” é que recrutamos mais 3 guerreiros para nossa jornada: Guy, Medi e Turo. O curioso é que, a cada turno, só podemos escolher um personagem para agir. Além disso, o game é conhecido por sua dificuldade elevada, que se estende por uma jornada longa e menos linear que dos outros JRPGs da época.


Entre a equipe estava Rieko Kodama, artista e designer que viria a trabalhar em séries como Sonic e Phantasy Star, além de futuramente ser a produtora de outro RPG, Skies of Arcadia. Miracle Warriors pode não ser um dos melhores jogos do gênero, mas sua importância histórica e algumas de suas ideias diferentes permanecem como fonte para os criadores e fãs de RPGs.

Phantasy Star

Desenvolvedora: SEGA. Lançamento: dezembro de 1987.

Este é um dos jogos mais queridos pelo público brasileiro. Tendo sido traduzido para nossa língua, é muito possível que tenha sido ele que abriu as portas do gênero para muita gente, talvez você mesmo. Mas o título não é apenas pioneiro em relação ao Brasil, pois trata-se de um jogo original em muitos sentidos. Também é um dos primeiros jogos, e o primeiro JRPG, a trazer uma personagem mulher como protagonista.

Alis Landale parte em uma viagem de vingança após a morte de seu irmão pelas mãos do exército de Lassic e em sua jornada ela conhece companheiros que se juntam ao grupo: Myau, Odin e Noah. Também vai descobrindo o rastro de violência e opressão ao longo dos 3 planetas, e acaba salvando o mundo de um mal ainda maior que Lassic, outrora um benevolente rei.


A qualidade de Phantasy Star é tamanha que ele é frequentemente considerado o melhor RPG de 8-bits, a despeito da existência da série Dragon Quest, Final Fantasy e Megami Tensei. O visual do jogo impressiona, mas para além do trabalho gráfico mais que competente, o título trazia tantas outras novidades: personagens com personalidade mais definida, calabouços em pseudo 3D, inimigos com animações durante a batalha, a existência de 3 planetas para explorar e cenas de eventos (o que presenciamos logo no início, com as cenas contando a morte de Nero).
Propaganda brasileira do jogo.
Também é o primeiro JRPG a introduzir de maneira extensa elementos de ficção científica (Megami Tensei pode ser considerado o primeiro, mas seus aspectos de sci-fi são reduzidos). A batalha é por turnos e, ao contrário de Miracle Warriors, todos os personagens podem agir em um mesmo turno. A arte e o visual dos monstros e inimigos é algo realmente incrível, e demonstra a capacidade do Master System (considerado um hardware um pouco mais potente que o NES). O visual das cidades, mundos e calabouços também é formidável.

Sua trilha sonora permanece nas memórias dos jogadores até hoje, com suas batidas e faixas rápidas.

Yuji Naka, programador de Phantasy Star e produtor de sua sequência, teria envolvimento com as principais séries da Sega, como Nights e, sobretudo, Sonic. Phantasy Star gerou continuações e remakes, além de uma base de fãs apaixonados. Infelizmente não chega aos dias de hoje com a força de alguns de seus contemporâneos, mas seu legado e importância, histórica e de design, é inegável.

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O número de RPGs no Master System é bem reduzido, além destes de origem japonesa, temos, ainda, uma versão de Ultima IV. Também não podemos deixar de relembrar Golvellius, que se não é um RPG propriamente dito, traz muito da atmosfera que os fãs do gênero tanto gostam. Independente do baixo número de lançamentos, temos títulos importantes que apareceram no simpático console da Sega.

Esperamos que essa primeira parada da nossa viagem tenha agradado, semana que vem traremos a primeira parte sobre o NES/Famicom.
Jogou Phantasy Star? Chegou a conhecer os outros dois? Não deixe de comentar sobre sua memória com esses jogos, essa também é uma parte importante da história.
Revisão: Alberto Canen
Capa: João Gilberto Melo

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