Análise: One Piece: Pirate Warriors 3 (Multi) — carisma, amizade e muita porradaria

O novo título da Omega Force traz o bando do Chapéu de Palha e tantos outros piratas e marinheiros em intensas batalhas.

em 16/09/2015
Eu não me recordo exatamente com qual entrada da série comecei a jogar Dynasty Warriors, mas foi logo no início do PS2. Com o passar dos anos, a Omega Force usou a mesma base de jogo para criar Samurai Warriors, títulos usando os robôs de Gundam e, mais recentemente, o Hyrule Warriors em parceria com a Nintendo. No meio desse caminho, nasceu, também, a série One Piece: Pirate Warriors.


Os jogos “Warriors” funcionam sempre de maneira muito parecida: escolha um personagem dentro de um exército ou facção, movimente-se por um mapa lotado de inimigos, bases, mini-chefes e chefes, e aperte muitos botões para varrer os adversários do mapa e chegar a números absurdos — como vencer mais de 6000 inimigos em uma mesma fase. Esse estilo de jogo costuma apresentar sempre as mesmas qualidades e defeitos. Felizmente, One Piece: Pirate Warriors 3 consegue suavizar um pouco desses defeitos e se valer de qualidades só suas.

Os mais procurados dos mares

A primeira grande qualidade de PW3 é ser um game baseado em One Piece, fazendo com que um roster vasto e diversificado de personagens esteja presente. Quanto mais diferentes personagens temos em um jogo deste tipo, melhor. E não estamos falando de quaisquer personagens. Rever tantos piratas, marinheiros, shichibukais, etc., faz perceber o quanto o design dos personagens de One Piece é incrível: são dezenas de guerreiros com grande carisma. E para além do carisma, são guerreiros que funcionam de maneira diferente, que possuem um moveset único.
Só as maiores celebridades dos mares!
É claro que grande parte do mérito disso é de Eiichiro Oda, criador desse mundo fascinante. Mas a Omega-Force também merece elogios pelo cuidado de trazer tantos personagens ao jogo. São 37 personagens controláveis (que vão do bando do Chapéu de Palha até Sabo, passando pela tripulação do Barba Branca e os principais antagonistas e aliados); e mais 27 não controláveis, dentre os quais alguns podem ser usados como suporte, e outros aparecem ao longo dos modos de jogo como inimigos. Daqueles 37 que podemos controlar, o bando do Chapéu de Palha e alguns outros guerreiros, como o Law, por exemplo, ainda ganham novos movimentos e ataques quando ocorre o corte de tempo. Também existem diferentes roupas para desbloquear, assim como novos poderes. É um jogo de fanservice que agrada bastante.

Em busca de moedas e tesouros

O título traz um sistema de evolução dos personagens e aquisição de habilidades que já vem das entradas anteriores. Além de aumentar o LV dos personagens, também é possível aumentar atributos e adquirir novas habilidades utilizando o sistema das moedas. Após cada fase ganhamos automaticamente uma certa quantidade de moedas, que pode ser maior ou menor dependendo de quais inimigos vencemos e quais eventos cumprimos, fora algumas moedas especiais que só podem ser adquiridas sob determinadas circunstâncias, como vencer uma fase com um personagem específico. Além dessa forma de fortalecer os personagens, também é possível desbloquear habilidades a partir do sistema dos pôsteres. Cada um dos 64 personagens tem um pôster, e nos guiando por eles podemos ver o que precisamos cumprir para adquirir a habilidade. Mesmo que uma habilidade seja desbloqueada ao vencer uma fase com o Buggy, essa habilidade estará disponível para todo o roster (com excessão de algumas habilidades específicas para personagens).
Conseguir todas os 241 tipos de moeda é um belo desafio.
Esses sistemas de evolução funcionam bem, já que não é necessário jogar com um personagem desde o começo para usá-lo em uma fase mais avançada: basta aumentar seu LV gastando beli (o que é relativamente barato), usar as moedas conseguidas para aumentar seus status e alocar as habilidades. Mas se quiser ir do início ao fim do jogo com o Luffy fique à vontade, é possível também. No entanto, existem muitas moedas e habilidades que só podem ser desbloqueadas ao usar diferentes personagens em determinados momentos. Esse é um recurso legal para fazer com que o jogador experimente diferentes guerreiros e não fique só na zona de conforto (Luffy, Zoro e outros apelões).

E é também um recurso que recompensa quem quer jogar com mais jogo: usar diferentes personagens te faz conquistar novas habilidades e desbloquear outros personagens, e o ciclo recomeça.

Muita porrada no caminho para ser o rei dos piratas

Como falado lá em cima, as fases funcionam sempre da mesma maneira: use um dos personagens para se movimentar por um mapa e vencer hordas de adversários e alguns inimigos especiais. Geralmente cada uma dessas fases representa um dos arcos da história de One Piece.

A maior parte do tempo o jogo é um button masher, já que temos de usar diferentes combos para vencer um grande número de opositores. Na verdade, mesmo contra os chefes, ele é um jogo de apertar botões loucamente, mas apenas nas dificuldades fácil e normal. Surpreendentemente, jogar do difícil para cima agrega tática aos embates, principalmente contra os inimigos mais complicados: será necessário saber a hora de quebrar o combo do inimigo, a hora de usar o lock nele e desviar, além de ter uma boa noção dos movimentos de seu personagem para manter a batalha a seu favor.


E já que One Piece é uma história sobre amizade, nada melhor que chamar seus amigos para a briga. Ao encher uma barra até o máximo, podemos chamar nossos companheiros para ajudar, e nessa hora a tela vira uma verdadeira bagunça (principalmente quando chamamos quatro nakamas). É nesses momentos, e quando existe um grande número de inimigos, que o jogo traz bruscas quedas de framerate, deixando tudo bem lento. Mas não é algo que irá atrapalhar a experiência e você nem vai ver isso constantemente.

Outra coisa típica — e muito irritante — dos jogos “Warriors” está presente aqui: seu personagem tem que ser babá dos outros. Em qualquer dificuldade além da mais fácil (e fica mais complicado nas mais difíceis), os outros personagens de seu exército simplesmente não sabem se virar sozinhos. Em vários momentos você tem que voltar um tanto no mapa para poder dar uma força a eles e salvá-los. E não estou falando de salvar o Usopp do Doflamingo, mas coisas absurdas como salvar a Hancock, o Sanji ou o Ivankov de capitães genéricos que você destrói com duas pancadas.
Minha reação aos momentos tocantes de One Piece é, vergonhosamente, mais próxima à do Chopper do que à do Zoro.
Mas mesmo esse problema é um pouco minimizado, já que ao chegar perto do seu colega em apuros todas as suas barras são recarregadas (assim como a vida dele), e dá para apelar conseguindo mais pontos rapidamente. Além disso, tirando alguns personagens lentos, dá para ir de um lado ao outro mais rápido do que inicialmente esperamos. E se você jogar com um amigo esse problema é mais tranquilo ainda de se contornar, já que vocês podem coordenar suas ações.

Para completar as fases, geralmente é necessário vencer determinados inimigos e capturar bases até chegar no grande chefe. Alguns cenários trazem novidades, como ter que vencer o Oars em diversas pontes em Thriller Bark, ou fugir do veneno na fábrica do Smile dentro do limite de tempo, ou até mesmo ter que ajudar algum personagem específico a chegar em um determinado ponto para podermos prosseguir. Fora isso os levels são bem parecidos, o que contribui para o maior problema de jogos desse tipo: eles cansam.
E é mais complicado ir de um lado para o outro quando alguns caminhos estão fechados.
Existe algo de catártico em usar um dos seus personagens prediletos para varrer o chão com a cara de milhares de inimigos, mas o game acaba sendo bastante repetitivo. O grande número de personagens ajuda, mas ainda assim a novidade de movimentos de um novo guerreiro é algo que não vai trazer frescor por tanto tempo assim. Mas é para mim, felizmente, o tipo de jogo que você deixa um pouquinho de lado e depois volta a se divertir com ele, desbloqueando novas roupas, personagens e habilidades.

Também é um ótimo jogo para jogar ouvindo uma música. Não que a parte sonora do jogo seja ruim, não é. Os temas rápidos que acompanham os cenários ajudam a dar o clima para a pancadaria, e as belas músicas dos momentos tocantes do desenho retornam para nos fazer derramar aquela lágrima ao relembrar daquele momento bonito. Mas é o tipo de jogo que eu gosto de brincar enquanto ouço um som.

Sonho e aventura

O game possui dois modos principais: Adventure Log e Dream Log. É no primeiro que veremos os acontecimentos do anime, desde o comecinho até chegar em Dressrosa. Ao terminar esse modo, muitos personagens ainda não terão sido habilitados. É no Dream Log, um modo no qual escolhemos um personagem para ir se aventurando por diversas ilhas, que uma boa parte dos guerreiros pode ser desbloqueada. Existem também funcionalidades online, como poder responder ao chamado de alguém e ajudar na batalha (e, claro, você também pode pedir S.O.S).
O modo Dream Log reúne os diversos lutadores em grupos aleatórios. É nesse modo que podemos recrutar Ace, Barba Branca, Shanks, Mihawk, entre outros.
One Piece: Pirate Warriors 3 se vale do enorme carisma de seu mundo para entregar uma experiência divertida, cheia de colecionáveis e personagens para agradar aos fãs do desenho e do mangá. Traz também uma jogabilidade repetitiva sim, porém competente.

Prós

  • Roster com quantidade e qualidade;
  • Dá recompensas para quem usa os diferentes personagens;
  • E presenteia com mais jogo;
  • Bom para jogar sozinho, melhor ainda com amigos;
  • É One Piece;
  • Dublagem original em japonês com legendas em inglês;
  • Consegue atenuar alguns problemas da fórmula “Warriors”.

Contras

  • Mesmo atenuados os problemas da fórmula "Warriors" existem;
  • É uma experiência repetitiva;
  • Pouca diferença entre os cenários;
  • Infelizmente não há legendas em português.
One Piece: Pirate Warriors 3 — PC/PS3/PS4 — Nota: 7.5
Versão utilizada para a análise: PS4

Revisão: Alberto Canen
Capa: Diego Migueis

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