Mighty Switch Force! Academy, teoricamente, não precisaria mudar muito essa fórmula para ser um bom jogo. Entretanto, a plataforma diferente é propícia para que façam experimentos e mexam em algumas coisas. Os estágios curtos e desafios moderados da franquia eram ao mesmo tempo decisões deliberadas e adaptações para as plataformas portáteis. Já no PC, os desenvolvedores têm liberdade para tentar coisas novas — e assim o fazem.
Uma questão de perspectiva
Todas as mecânicas básicas dos outros MSFs são preservadas em Academy. Patricia conta com os mesmos movimentos, não há inimigos novos e as plataformas não sofreram mudanças. O visual também é basicamente idêntico, ainda que mais polido e com novos ambientes. Ainda assim, basta uma rápida olhada no game para se perceber que tudo está brutalmente diferente, mecânica e visualmente. Como pode estar tudo diferente, se não houve mudança efetiva? Por causa da forma como o jogo é apresentado.No 3DS e plataformas posteriormente portadas, os jogos da série eram side-scrollers. Apenas parte do estágio cabia na tela e a câmera acompanhava a protagonista enquanto ela andava — recurso comum na esmagadora maioria dos jogos de plataforma 2D. Já em Academy, o estágio todo aparece de uma vez só. É como se a câmera se afastasse completamente, mostrando uma visão geral de todo o ambiente.
Visualmente, o resultado parece um quadro. É uma abordagem estética interessante, que permite analisar todo o estágio de uma vez só e ver como ele é construído. Infelizmente, essa mudança de perspectiva causa alguns empecilhos. A escala das coisas está muito menor e às vezes demora um pouco para encontrar a protagonista no meio da fase. Isso é especialmente problemático para quem gosta de jogar na sala, à certa distância da televisão. Se você é desses, é melhor que tenha uma TV bem grande ou aproxime o sofá.
Mecanicamente, essa mudança tem efeitos muito maiores. O desenho das fases se aproveita desse novo ângulo para se tornar menos linear, permitindo que o jogador escolha qual prisioneira quer capturar primeiro e qual caminho seguir. Mesmo com essa liberdade extra, os estágios continuam bem coesos e integrados, com suas partes se comunicando organicamente. Em especial, a habilidade de Patricia de mudar a posição dos blocos do background para o foreground é muito bem utilizada nessa nova perspectiva, exigindo que o jogador preste atenção em tudo o que acontece para resolver alguns puzzles.
Falando em puzzles, eles estão muito mais notórios e elaborados. De certa forma, pode-se dizer que Academy é mais puzzle do que plataforma. O jogador tem à sua disposição todas as peças do quebra-cabeça desde o início, restando a ele descobrir como se encaixam e em qual ordem — mas as peças aqui são saltos e movimentações de blocos.
Pode mudar mais
Academy também tem um modo multiplayer caótico mas, apesar de divertido, não passa de um gimmick. Sua maior mudança é de fato a perspectiva e level design. É uma diferença valiosa, mas que precisa ser acompanhada por outras coisas novas.O jogo ainda está em Acesso Antecipado, então é provável que vejamos várias novidades até seu lançamento. Há a promessa de um novo modo de jogo, além de mais estágios. Espero que novos inimigos, puzzles e cenários também estejam presentes em sua versão final.
Em seu estado atual, Mighty Switch Force! Academy é um interessante experimento de onde a série Mighty pode chegar. Espero que o destino final seja tão promissor quanto o caminho traçado até aqui.