Poucos meses após o lançamento de Fallout 3 (Multi) em 2008, a Bethesda decide que sua jornada pelas Wastelands está apenas começando e, como é comum em jogos desta desenvolvedora, são lançados cinco DLCs: Operation Anchorage, Broken Steel, The Pitt, Mothership Zeta e Point Lookout. Esses lançamentos estendem a história principal do game e exploram lugares e acontecimentos pouco desenvolvidos durante história principal, através de novas missões, equipamentos e personagens. Em outras palavras, e sem dar muitos detalhes para evitar spoilers, encontrar seu pai e salvar toda a Wasteland (ou por um “fim” a ela, dependendo das suas decisões tomadas no decorrer do jogo) não são indicativos do fim, muito pelo contrário, suas aventuras pela Washington pós-apocalíptica apenas começaram.
Operation Anchorage – um retorno ao mundo pré-apocalipse
Os Brotherhood of Steel Outcasts é um grupo composto por ex-membros do BoS original, ou seja, eles não seguem mais as ordens do ancião Lyon e não têm mais qualquer relação com a cidadela e seus habitantes. O principal objetivo da facção é a recuperação e preservação de tecnologias avançadas do período pré-guerra, o que originalmente era o propósito do BoS antes destes se depararem com a delicada situação pela qual Washington e seus habitantes se encontravam.
Através de um pedido de Socorro, via rádio, você descobre mais uma nova facção em Wasteland, os Brotherhood of Steel Outcasts. Eles estão tentando abrir uma espécie de container recheado de avançadas tecnologias pré-guerra, que até então estavam escondidas dentro de um Bunker, próximo a uma estação de metro. Entretanto, nem tudo são maravilhas, pois o container está lacrado com um sofisticado sistema de segurança que é inviolável até para os membros do BoSO. A única maneira de abri-lo é através de um código, mas o problema é que as únicas pessoas que conheciam a senha morreram durante a Guerra Nuclear. No entanto, no Bunker também há uma máquina de realidade virtual, que era utilizada para simular um ambiente de guerra com objetivo de treinar soldados. Logo, talvez, algo ou algum personagem da simulação possa revelar a senha dos dispositivo. O Pip-Boy de seu personagem, no entanto, é o único dispositivo com a interface compatível com a do simulador, por isso você é escolhido para usá-lo e descobrir o código.
A partir do momento em que você entra no simulador, sua aparência é alterada e você perde todo seu equipamento, pois, afinal de contas, você está em uma simulação, o que, na maioria dos casos, não permite replicar objetos físicos. De qualquer maneira, você embarca nesse antigo período histórico simulado em grande estilo, com uma arma de época — uma pistola equipada com silenciador —, que você não encontraria em nenhum lugar da wasteland pós-apocalipse.
Aliás, esse complemento lhe dá acesso a muitas armas pré-apocalipse, tanto americanas quanto chinesas, nunca vistas antes. Com destaque para o Gauss Rifle que, apesar ter um reloading demorado, permite matar qualquer coisa viva com apenas um único disparo.
Outro destaque é a presença de soldados chineses vestindo a chamada Dark Stealth Armor, uma roupa que é capaz de deixá-los completamente invisíveis, de modo que este efeito só acaba quando eles são atingidos. Essa habilidade faz com que esses soldados inimigos facilmente realizem ataques surpresas, o que os torna um tipo de adversário difícil de se abater.Infelizmente, como todas as armas dos inimigos aqui, não é possível adquiri-la (somente através de MODs), provavelmente pelo fato de se estar em uma simulação.
Após essa infiltração, você é enviado a um acampamento militar, onde poderá escolher entre diferentes conjuntos de equipamentos. Essa segunda parte do DLC também propicia um novo conjunto de mecânicas, que só poderá ser encontrado nesta expansão: elas envolvem a possibilidade de gerenciar e escolher soldados de diferentes classes para lhe acompanhar nas últimas missões. Entretanto, como toda guerra, a morte destes será inevitável, todos os seus soldados irão morrer cedo ou tarde, mas não se preocupem, eles são considerados apenas como quantidade, um número. E apesar de lembrarmos que isso claramente é uma simulação, que cada um dos personagens sequer pode ter existido de fato, ao mesmo tempo, isso traz à tona um dos maiores horrores da guerra: a frieza perante a morte e o ser humano sendo considerado como uma mera ferramenta para a realização da mesma.
À primeira vista, a sensação de empolgação e ansiedade por reviver um grande momento da história de Fallout, o que até então parecia improvável, é inevitável para qualquer jogador que conheça minimamente a série. Passada um pouco toda a emoção, você não demorará a perceber que o jogo se torna muito repetitivo e pode ser resumido a uma simples brincadeira de esconde-esconde, em que o perdedor paga com a vida, com pouquíssimos elementos narrativos.
Broken Steel – a eterna guerra contra a Enclave
O segundo complemento, Broken Steel, acontece após os eventos finais de Fallout 3 e estende o plot principal do game, lhe permitindo prosseguir a partir do exato momento em que a história F3 original termina. De qualquer maneira, se você não gostou do final original do game, pois bancou uma de herói ou simplesmente foi infeliz em suas escolhas, eis a sua chance de se redimir. Independente disso, dependendo das escolhas que você realizou no final do jogo, alguns personagens estarão mortos.Nesta nova aventura você é finalmente declarado membro oficial da Brotherhood of Steel, o que é mais do que merecido depois de tudo o que você fez pela facção, tendo agora acesso a todas as repartições da Cidadela, além de acesso a todo o tipo de equipamento que ali se encontrar. Seu novo objetivo será acabar com o que restou da Enclave, que ainda ameaça, não somente tudo aquilo pelo qual seu pai lutou, mas toda a Wasteland. Para este fim, você é mandado pelo ancião Lyon, líder da BoS, em busca de uma nova tecnologia, que poderá por um fim definitivo à guerra contra a Enclave.
“A Enclave é uma organização secreta politica, científica e militar, que se originou diretamente do governo estadunidense pré-guerra e luta pela retomada do antigo governo, ao mesmo tempo agindo como uma espécie de máfia, impondo suas vontades e ideologias na base da força. Esta organização está comprometida com os descendentes dos oficias de alta patente, incluindo o próprio presidente.”
Um dos grandes destaques de Broken of Steel é a quest Shock Value, na qual você precisará encontrar as ruínas de Olney Powerworks. O problema é que, para chegar lá, você precisará passar por uma região infestada de Death Claws. Para quem nunca ouviu falar, Deathclaws são monstros, muito rápidos e fortes, que já apareceram em todos os jogos da série Fallout. Esses lendários seres são fisicamente muito semelhantes a um demônio, sendo, de longe, as criaturas mais mortais de toda a Wasteland. Em outras palavras, você pensará duas vezes antes de cruzar com uma monstruosidade dessas.
Este, talvez, seja um dos maiores e mais interessantes DLCs de F3, porém, ao jogar este complemento, é impossível não se lembrar daquela velha teoria, comumente usada por “haters” e “jogadores mão-de-vaca”, de que qualquer coisa vendida separadamente do game (sejam novas quests, equipamentos ou itens estéticos), na verdade foram elementos “recortados” da versão original do jogo e colocados para serem comercializados à parte apenas para enriquecer ainda mais as desenvolvedoras. E de fato, Broken Steel passa exatamente essa ideia, a de um conteúdo que originalmente estava presente no game, mas que foi retirado para se obter mais lucro.
O melhor de duas épocas
Tanto Operation Anchorage quanto Broken Steel possuem excelentes plots, permitindo aos jogadores participarem de eventos importantes na história de Fallout. Nenhum deles é perfeito, mas cada um possui características únicas, que tornam essas aquisições obrigatórias para qualquer um que goste minimamente do game. Além do que, ao término de cada DLC você será premiado com recompensas que, com certeza, valerão todo esforço e tempo investido.
Revisão: Alberto Canen
Capa: Victor Pereira