Por mais interessante que seja o Kickstarter como plataforma de divulgação e de financiamento de projetos, muitas vezes algumas coisas nos fazem repensar se seu uso é realmente tão interessante quanto o conceito. Muitos jogos que nunca saem e outros que saem muito aquém do prometido balançam nossa fé, mas são jogos como Jotun que nos lembram o quão bom pode ser o resultado de dar uma chance para estes desenvolvimentos independentes. E colocando em palavras bem sinceras aqui, Jotun é muito bom.
Nos ombros de gigantes
Jotun é um jogo de ação e exploração de perspectiva isométrica e foi um sucesso no kickstarter, e depois desse sucesso, alguns trailers contribuíram para popularizá-lo ainda mais, principalmente entre os que não conheceram o jogo na plataforma. Obviamente, o que inicialmente chama a atenção em Jotun são seus belíssimos gráficos desenhados à mão, mas o que acredito ser o principal motivo para a sua popularidade desde seu trailer são suas claras inspirações.A sensação de enfrentar inimigos nessa escala traz lembranças... |
Não é difícil ver como a precisão de esquiva e de timing de ataque em Jotun lembra Dark Souls (Multi), e é mais fácil ainda notar a influência de Shadow of the Colossus (PS2) em seus inimigos gigantes e elementos de exploração. Outro jogo em que é fácil observar essas influências é Titan Souls (PC, PS4, PS Vita), mas Jotun as absorve de uma forma mais sutil e clara ao mesmo tempo, e é difícil entender como. Não digo que um seja melhor que o outro, mas uma comparação que ao começo de Jotun era inevitável para mim, mostrou-se fútil depois de um tempo graças à singularidade do jogo, e é importante compreender o porquê.
Explorar e matar
Confesso ter visto relativamente pouco de Jotun antes de jogar, e subitamente lidar com um aspecto de exploração mais extenso foi desestimulante para mim. Eu queria batalhar, eu queria descer o machado em gigantes, afinal, e quem não quer!? Porém, é aí que a arte de Jotun começa a se mostrar. Tudo é extremamente encantador. O cenário é bem construído, não só instigando os olhos, mas também a imaginação. É impossível andar por um mapa de Jotun sem se perguntar que história haveria por trás daquele lugar.Sim. É tudo muito bonito. |
Depois de explorar dois mapas e liberar dois “selos”, logo somos introduzidos à batalha no jogo. É assustador e provocador ao mesmo tempo. Se o cenário muitas vezes fazia você se sentir pequeno, agora você se sente quase que desprezível. Curiosamente, a sensação dura pouco. É interessante perceber como aquele gigante está tão vulnerável a você quanto você a ele. A batalha começa a parecer justa, mas não menos desafiadora.
"Eita..." |
Jotun reúne dois momentos tão essencialmente destoantes em um único sentimento de fascinação. Tudo em Jotun é cativante, seus cenários, sua trilha sonora que transmite com sucesso o sentimento de grandiosidade do jogo, seus inimigos, assim como suas batalhas e derrotas e vitórias. Jotun é aquele jogo que te deixa com gosto de quero mais quase que insaciável, e assim como eu estou ansioso para o seu lançamento oficial, você também deveria estar, pois ele está cumprindo tudo o que prometeu e além!
Revisão: Alberto Canen
Capa: Nívia Costa