Olá, caro leitor. Você já deve ter notado que a maioria dos meus artigos e notícias são focados em jogos de luta. Hoje vou contar um pouco sobre essa vida, que em resumo é toda minha ligação com o mundo dos videogames. Esteja preparado para muita ação e alguns casos inusitados, possivelmente.
O primeiro Hadouken a gente nunca esquece
A memória trai um pouco, mas foi entre 1993 e 1994 que tive meu primeiro contato direto com os jogos. Com meus cinco anos, lá estava eu acompanhando minha mãe em um passeio, que teria chances de terminar com o circo que havia chegado na praia. Estávamos em um bar de frente para o circo, e, no fundo do estabelecimento, haviam dois gabinetes grandes.
Cada caixa era grande e tinha uma grande tela, e, nas “TVs” de cada uma daquelas máquinas, havia muita ação. Ganhei duas fichas e, sem dúvida nenhuma, coloquei na máquina da esquerda na qual na animação apareciam dois caras brigando na rua. Um nocaute acontecia e então o prédio ao fundo levava ao topo onde estava o logo: Street Fighter II.
Nem o Pac-Man esquece a emoção do Hadouken |
O gabinete continha uma alavanca e sete botões, sendo seis para realizar socos e chutes. Em meio a descobrir esse novo mundo, girando a alavanca e apertando botões aleatoriamente (não se esqueça que eu tinha cinco anos, estava longe do caminho jeito Daigo de jogar para ter noção plena dos atos o jogo), e como mágica, o meu personagem soltou uma bola de fogo pelas mãos. Sensacional ver aquilo acontecer.
Um lutador de rua é um rei dos lutadores
Não consigo explicar o porquê, ou como, mas os jogos de lutas sempre foram fáceis de serem aprendidos por mim. Talvez eu nunca tenha chegado em um nível que gostaria, ou venho estando próximo, mas sempre consegui aprender o básico enquanto via os mais velho sofrerem para soltar aquelas magias que eram tão simples.
A cada partida, a cada novo jogo de luta, mais eu me sentia em casa quando jogava em um arcade. A década de 1990 foi algo maravilhoso para ser amante de jogos de luta, e meu primeiro contato com o local mais próximo de uma casa de arcades foi a bomboniere do Miro. Novamente, se a memória não me trair, com meus seis anos e com R$ 1,00 que minha mãe me deu, aquela moeda se transformou em vinte fichas de arcade.
Joguei muito, alguns caras mais velhos se aproveitavam para pedir ficha ou jogar compartilhado, e assim fiz amizades de fliperama (se minha mãe imaginasse isso nunca teria soltado o filho de seis anos sozinho para atravessar a rua) e isso me permitiu sempre ter a oportunidade de jogar, e meio que inconscientemente, analisar como eles jogavam. Nesse tempo conheci outra febre, ou o melhor rival que Street Fighter possuiu (ou o único de fato): The King of Fighters 95.
Aqueles anos foram muito bons e a cada atualização de Street Fighter II ou um novo jogo da SNK, lá estava eu, sempre em um arcade e principalmente torrando minhas economias entre aquelas figurinhas de R$ 0,05 e fichas no Miro. Toda novidade em arcade eu sempre conhecia naquela saudosa bomboniere. Entre elas estão: Street Fighter Alpha, Samurai Shodown, The King of Fighter 96, Fatal Fury Special.
A alternativa aos arcades
Até mesmo Ryu e Ken tinham um videogame |
No ano seguinte ao descobrimento dos arcades, eu tive meu primeiro contato com os consoles de mesa, e foi justamente com um jogo do Mario, no Super Nintendo. Isso me mostrou um outro mundo no qual nunca mais sai, porém, sempre me senti melhor com os arcades até que um belo dia eu vi uma combinação muito vantajosa.
Durante a fase de ouro das locadoras, também fui adepto das que realizavam o aluguel do console, e pagava R$0,50 para jogar meia hora de Super Nintendo ou Mega Drive na Rotape, locadora onde muitas horas de jogatina da minha infância ocorreram. Foi lá que a combinação Street Fighter “caseiro” foi descoberto por mim. Muitas das economias acabaram sendo gastas jogando Street e conhecendo outros jogos.
O meu primeiro console de mesa foi um Nintendinho, mas como sua vida foi curtíssima, ele vive como uma boa lembrança. A que considero como primeiro mesmo, foi um Mega Drive que meu melhor amigo me deu quando ele ganhou um PlayStation. E o presente veio bem equipado com jogos variados como Mortal Kombat II e Ultimate Mortal Kombat III, Pocahontas, Toy Story, Side Pocket e Sonic 3D Blast. Mais tarde o primeiro Sonic veio a se juntar ao elenco.
Na rua que eu morei, todos os meus amigos ficaram nessa dobradinha com Mega Drive e PlayStation enquanto eu fiquei no embalo deles e aproveitando muito meu Mega. Uma das melhores coisas era que isso nos permitiu conhecer muitos jogos do console. já que cada um possuía jogos diferentes e costumávamos combinar o aluguel de jogos. Como é de se imaginar, gastei muito dinheiro alugando (Super) Street Fighter II. O controle de seis botões do Mega era a perfeição para o jogador de arcade que eu era.
Crossover e 32 bits
Quando o PlayStation estava dominando a rua e as locadoras, eu passei a jogar mais os lançamentos de arcade, quando eles recebiam as versões caseiras, principalmente no console da Sony para poder jogar com os amigos. Naquela época outra febre eram as revistas de videogames, e aliado ao meu primo também possuir o danado do console de 32 bits mais popular no país, eu fiquei tão viciado na revista Gamers quanto eu era em arcades, e ele colecionava a revista também.
Apesar de ser dono de um PlayStation no futuro, e toda a sua linha até a terceira geração, as melhores experiências com jogos de lutas foram no rival, o complicado, porém perfeito para jogos de pancadaria: Sega Saturn. Quando o assunto era levar o arcade para a sua casa, a criadora de Virtua Fighter fazia jus ao seu slogan contra a Nintendo nos tempos de 16 bits, e adaptando para os 32 bits: Sega does what Sony dont. Sim amigo leitor, o Saturn fazia algo que o Play não conseguia: converter perfeitamente um jogo de arcade para o console, e isso graças aos seus cartuchos de expansão de memória com 2 ou 4 MB. Hoje em dia, esses números são ridículos, mas naquela época faziam um belo estrago, tanto quanto o Omega Rugal na barra de vida.
Mesmo existindo outras publicações, para mim, a Gamer era a única a ter uma abordagem legal e bem focada, além de fazer excelentes matérias sobre os jogos de luta. As matérias dedicadas a The King of Figters 97 (meu favorito da série) e Street Fighter III (meu pecado) foram textos que junto a tradução/detonado de Final Fantasy VIII me deixaram com a vontade de aprender japonês e espanhol e trabalhar nessa área. Aprendi inglês e espanhol mesmo não sendo fã do primeiro e ainda espero aprender o idioma do Ryu.
Perto do ano 2000, voltei a ter mais contato com arcades, e agora os locais próximos a minha casa possuíam gabinetes. E vire mexe eu ainda frequentava o Miro, apesar dele ficar em outra cidade. Foi nessa época que uma nova febre dominava os arcades e também as capas de revistas: X-Men vs Street Fighter.
Shinku Optical Blast
Ao ver a inusitada mistura de personagens de quadrinhos com lutadores de rua, todas as reações possíveis eram misturadas e sentidas ao mesmo tempo.A jogabilidade era muito diferente do Street Fighter, comandos iguais, mas em uma velocidade frenética e permitindo formar duplas, era praticamente uma evolução natural de jogos como X-Men Children of Atom e Marvel Super Heroes.
Unindo os dois personagens que eu mais gostava, passava fichas e mais fichas jogando com a chamada dupla do século: Ryu e Cyclops. Era fenomenal enfrentar duplas de lutadores e mutantes, poder ver combinações inusitadas e, ao final do caminho, enfrentar o Apocalipse tamanho gigante. Depois o mundo viria a receber Marvel vs Street Fighter, reunindo heróis e vilões da casa das ideias para o combate. Uma prévia do que seria realizado no futuro com Marvel vs Capcom.
Minha história não acaba por aqui. Em um futuro próximo, contarei minhas experiências nos anos 2000 até os dias de hoje e meu encontro com o retorno das glórias para os jogos de luta: Street Fighter IV.
Revisão: Luigi Santana
Capa: Felipe Fabrício