Não é raro algum estúdio anunciar um grande título, nos bombardear com detalhes para inflar nosso hype e em seguida tirar o doce de nossas bocas. O cancelamento de jogos é algo muito comum e pode acontecer por diversos motivos, que vão desde a falta de dinheiro até brigas internas entre produtores. Como um dos assuntos do momento é o fim da linha para Silent Hills, que tal relembrarmos outros games que nunca tivemos a chance de experimentar? Quem sabe um dia algum deles possa ter seu desenvolvimento retomado.
10. inSANE (PS3/X360/PC)
Silent Hills não foi a primeira tentativa frustrada do diretor de cinema Guillermo del Toro estrear no universo dos videogames. Em 2010, durante o Video Game Awards, foi anunciada a trilogia de horror de sobrevivência batizada de inSANE. O jogo, segundo o próprio cineasta, iria levar os gamers a um lugar nunca antes visto, onde cada decisão a ser tomada faria os jogadores questionarem seus próprios conceitos de moralidade.
O trabalho de transformar a ideia em realidade seria realizado pela THQ, e a previsão era de que o primeiro episódio da franquia fosse lançado em 2013 para PlayStation 3, Xbox 360 e PC. Entretanto, o estúdio enfrentava séria crise financeira e optou pelo cancelamento em 2012, repassando os direitos sobre a propriedade intelectual de inSANE para del Toro. O diretor ainda procurou outras empresas para tentar dar vida ao projeto, porém não obteve sucesso e acabou o engavetando. O único material concreto que existe é o teaser divulgado na época em que foi anunciado.
9. Capcom Fighting All-Stars: Code Holder (PS2/Arcade)
No início dos anos 2000, a Capcom viu a Akira desenvolver o primeiro Street Fighter com personagens poligonais lutando em cenários 2D e, para não ficar para trás, também decidiu levar Ryu e companhia para o mundo da terceira dimensão. Entretanto, houve um racha dentro do estúdio, com alguns profissionais preocupados em manchar a valiosa franquia de luta caso algo desse errado na produção. Para driblar essa questão, os executivos decidiram seguir em frente com a adaptação de Street Fighter para o 3D, mas com a condição de que personagens de outras franquias da Capcom aparecessem: assim surgia Capcom Fighting All-Stars: Code Holder.
Entre os lutadores selecionáveis estariam Ryu, Chun Li, Alex e Charlie (Street Fighter), Mike Haggar e Poison (Final Fight), Batsu e Akira (Rival Schools), além de Strider Hiryu (Strider). No enredo, Hagar pede ajuda aos demais lutadores para localizar uma poderosa bomba que Death, inimigo da história, escondeu em Metro City. A Capcom chegou a liberar o beta do jogo, que estava prometido para PlayStation 2 e arcades, entretanto, a recepção acabou sendo muito negativa e, por isso, o cancelamento aconteceu em agosto de 2003. Porém nem todo o trabalho caiu no lixo e algumas partes foram reaproveitadas em Capcom Fighting Jam. Por ter sido interrompido em etapa avançada, Capcom Fighting All-Stars: Code Holder tem um trailer mostrando bastante de como seria sua jogabilidade.
8. LMNO (X360/PS3)
Realmente, a vida de diretores de cinema não é nada fácil quando tentam se aventurar no desenvolvimento de algum jogo. Nem mesmo o famoso Steven Spielberg conseguiu se dar bem. O responsável por filmes como Jurassic Park e Indiana Jones esteve envolvido, em 2008, na criação de LMNO. A promessa era de algo cinematográfico e que contaria com avançado sistema de inteligência artificial.Criado pela Electronic Arts e com versões para PlayStation 2 e Xbox 360, a aventura teria visão em primeira pessoa e contaria com elementos de RPG. A história seria focada no relacionamento do personagem principal, um agente secreto, com uma alienígena de aparência humana chamada Eve. O comportamento e ações de Eve mudariam conforme as decisões tomadas durante a jogatina, fazendo com que o jogador desenvolvesse um sentimento real pela companheira durante o desenrolar da história.
Analisando as ideias de Spielberg, a EA considerou que esse seria um trabalho atípico e caro de ser desenvolvido. O estúdio pouco falou sobre o projeto, mesmo após tê-lo anunciado, e acabou oficialmente cancelando LMNO em 2010. No teaser divulgado, a mensagem era de que o título faria os jogadores chorarem e, realmente, nos deixou tristes, mas por nunca ter chegado ao mercado.
7. StarCraft: Ghost (PS2/XBOX/GC)
Um jogo que nunca foi cancelado oficialmente, mas que está com seu desenvolvimento interrompido desde 2006. StarCraft: Ghost foi anunciado pela Blizzard, em 2002, para PlayStation 2, Xbox e GameCube. Ghost fugiria do gênero estratégia já conhecido de StarCraft e seria uma aventura em terceira pessoa, em que o jogador assumiria o controle de Nova, uma espiã Terran com poderes psíquicos.Em sua missões, Nova teria que abusar de habilidades furtivas para atravessar os cenários futuristas. A personagem teria à sua disposição um vasto arsenal, com equipamentos como um dispositivo de camuflagem, óculos de visão térmica, além de rifles e espingardas. Mesmo sendo muito esperado pelos fãs de StarCraft, a Blizzard informou que iria adiar indefinidamente Ghost e, desde então, não falou mais nada. Cabe a nós assistirmos o vídeo com a jogabilidade e imaginar como seria se realmente tivesse sido lançado.
6. Mega Man Universe (X360/PS3)
Há tempos aguardamos algo novo estrelado pelo bombardeiro azul e essa espera poderia ter sido aliviada caso Mega Man Universe não tivesse sido cancelado. A Capcom prometia inovar, reunindo Mega Man, Rock Man e até o Bad Box Art Mega Man em uma aventura que apresentaria todas as características marcantes da série. Outra novidade seriam as presenças ilustres de Ryu (Street Fighter) e Arthur (Ghost ‘N’ Goblins).
Mega Man Universe também permitiria que os jogadores criassem seus próprios cenários e personagens e os compartilhassem com outros gamers ao redor do mundo. O jogo seria lançado para Xbox 360 e PlayStation 3 através das suas respectivas lojas online, mas foi cancelado após Keiji Inafune, criador de Mega Man, ter saído da Capcom, em outubro de 2010. Para amenizar um pouco a saudade do robozinho azul, podemos assistir ao que já estava pronto.
5. The Dark Knight (PS3/X360)
Na quinta posição está uma história tão obscura quanto o próprio Homem-Morcego. Em evento de divulgação do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas, o ator Gary Oldman, que interpreta Jim Gordon, acabou revelando que estava em desenvolvimento um jogo baseado no longa-metragem. Por trás do projeto havia o estúdio Pandemic Brisbane, trabalhando em parceria com a EA.
The Dark Knight estava sendo pensado para PlayStation 3 e Xbox 360 e deveria ser lançado em paralelo ao filme, no ano de 2008. Seria apresentada uma Gotham City no formato de mundo aberto e seguiria os acontecimentos mostrados no cinema. Mas devido a vários desentendimentos entre a Pandemic e a Electronic Arts, toda referência à produção acabou sendo apagada da face da Terra. Se destruir o trabalho de meses já não fosse suficiente, a revista estadunidense Newsweek realizou um estudo e concluiu que se o jogo realmente tivesse chegado ao mercado na mesma época em que o longa estreou nas telonas, os estúdios teriam lucrado algo em torno de US$100 milhões.
4. Donkey Kong Racing (GC)
Um jogo para GameCube que prometia ser o novo Mario Kart. Essa era a expectativa sobre Donkey Kong Racing. A ideia era misturar elementos de Donkey Kong 64 e Diddy Kong Racing (N64), em corridas por cenários que sofreriam influências de fenômenos naturais, como árvores balançando, o sol se pondo e a poeira levantando. O grande diferencial é que, desta vez, as disputas não envolveriam nenhum tipo de veículo, os Kongs competiriam montados em animais já conhecidos da franquia, tanto os amigos, como o rinoceronte Rambi, quanto inimigos, como a abelha Zinger.
O título estava sendo desenvolvido pela Rare e a perspectiva era que fosse lançado em 2002. Porém neste mesmo período o estúdio acabou sendo comprado pela Microsoft e a chance de DK ganhar algumas medalhas de ouro foi descartada como uma casca de banana. O único material que sobrou para contar a história foi a sequência de introdução apresentada na SpaceWorld 2001.
3. Star Wars 1313 (PS4/XBO)
Com conteúdo mais adulto, que exploraria temas como prostituição e terrorismo. Esse seria Star Wars 1313, anunciado em 2012. No papel de um caçador de recompensas, o jogador deveria explorar o nível subterrâneo número 1313 do planeta Coruscant para desvendar a verdade sobre uma conspiração criminosa. Bom enredo, personagens de Star Wars e lançamento garantido para dois consoles da nova geração, o que poderia dar errado? A Disney ter comprado a LucasFilm...
Alguns dias após ter adquirido a empresa, a casa de Mickey Mouse resolveu encerrar as atividades da LucasArts, departamento que era responsável pela criação do jogo. Com isso, todo o trabalho, que já estava em estágio avançado, foi banido para uma galáxia muito, muito distante.
2. The Lord of the Rings: The White Council (PS3/X360/PC)
Explorar toda a Terra-Média sem restrições e participar das batalhas travadas na Guerra do Anel é o desejo de qualquer fã de O Senhor dos Anéis. Esse sonho quase se tornou realidade com The Lord of The Rings: The White Council, que seria um RPG ambientado num enorme mundo aberto e funcionaria como complemento aos filmes da franquia no cinema. No jogo, anunciado pela EA, em 2006, seria possível criar personagens humanos, elfos, anões e hobbits, e o objetivo principal era se tornar um herói do Conselho Branco, composto por Gandalf, Saruman, Galadriel e Elrond.
Haveria também um sistema de inteligência artificial sofisticado, baseado na tecnologia de The Sims. Apesar de a ideia parecer fantástica, o trabalho acabou sendo interrompido, em 2007, sem nenhuma explicação e, desde então, nunca mais a Electronic Arts voltou a falar em The White Council. O que ficou vivo foram apenas algumas artes conceituais.
1. Super Mario 64 2 (64DD)
O fracasso do Nintendo 64DD foi o responsável pelo cancelamento que mais lamentamos neste Top 10, o tão sonhado Super Mario 64 2. O desenvolvimento foi interrompido ainda no início, porém o tempo de trabalho foi suficiente para criação de uma demo, que nunca chegou a ser mostrada ao público. Para quem não se lembra, o 64DD é um periférico utilizado para que o Nintendo 64 pudesse suportar conteúdos maiores e com grande quantidade de dados, porém o equipamento foi um fracasso de vendas no Japão e a Big N o descontinuou após um ano de seu lançamento, sem sequer tirá-lo da Terra do Sol Nascente.
Pouco se sabe sobre quais eram as ideias para Super Mario 64 2, mas a principal inovação seria a inclusão de um modo multiplayer, além de novos power-ups. Mesmo com o jogo tendo entrado pelo cano, os conceitos pensados para a continuação da primeira aventura tridimensional do bigodudo foram reciclados e reaproveitados em títulos lançados posteriormente, como Super Mario Sunshine (GC) e Super Mario 64 DS.
Houve ainda uma segunda tentativa de criar a continuação, que ficou conhecida como Super Mario 128. Na SpaceWorld de 2000, a Big N divulgou um demo em que 128 Marios apareciam na mesma tela. Porém, após o evento, poucos detalhes se tornaram públicos e somente em 2007 Shigeru Miyamoto revelou o que aconteceu com Super Mario 128. "A maioria de vocês já jogou", explicou o produtor, indicando que o conceito foi reaproveitado em Pikmin.
It's dangerous to go alone
É cheio de obstáculos o caminho que um jogo deve percorrer desde sua ideia inicial, até enfim chegar em nossas mãos. Qualquer deslize nesse trajeto pode significar game over para o projeto. Aos fãs, não resta outra alternativa a não ser torcer para que essa lista cresça muito pouco nos próximos anos, afinal quanto mais opções tivermos a nossa disposição, melhor. E qual dos integrantes deste Top 10 faz mais falta na sua coleção atual?
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Ana Carolina
Capa: Ana Carolina