Administrador de excelentes grupos sobre revistas de videogames no Facebook e grande entusiasta do assunto, Cleber Marques nos contou sobre sua fantástica coleção de revistas, os cuidados que se deve ter com as publicações mais antigas e um pouco sobre seu trabalho na administração dos grupos e do seu site.
A arte de colecionar
Jogar videogame, pelo menos durante as décadas de 1990 e 2000, era muito mais do que simplesmente apertar uns botões e passar de algumas fases. Além do ato de jogar, os videogames traziam outros rituais que completavam a experiência do jogo, como ir à locadora, alugar ou pegar emprestado um jogo e, principalmente, acompanhar as novidades do mundo dos games.
Se você ainda não completou seus 20 anos ou começou a jogar videogame há pouco tempo, deve acompanhar tudo que rola nesse universo através da Internet. Porém, se você é do tempo que os jogos eram classificados por bits, você deve ter acompanhado todas as novidades através das revistas especializadas, que eram compradas nas bancas de jornal ou até nas próprias locadoras.
Tinha para todos os gostos: divididas por empresas, misturadas com tecnologia e até baseadas em publicações exteriores. Era comprar e se divertir ainda mais com os amigos naquela roda de conversa depois da escola. Fazia parte da rotina.
Mas além de úteis para passar daquela fase mais complicada, pegar aquele código maneiro ou saber dos próximos lançamentos para o seu console, as revistas eram um bem precioso para os jogadores que, na maioria das vezes, zelavam como poucas coisas na época. O que muitas vezes gerava grandes coleções.
Hoje, são poucas as revistas dedicadas aos videogames que ainda circulam nas bancas — uma das remanescestes desse período é a nossa parceira Nintendo World. Mas nem por isso elas deixam de ter sua importância. Pelo contrário. Parece que os jogadores se apaixonam ainda mais por suas revistas, ao ponto de se reunirem em grandes grupos para conversar sobre elas e trocar material.
A Revista Nintendo World, parceira de longa data do Blast, continua firma nas bancas de todo o Brasil. |
Quem é Cleber Marques na vida real?
Eu na vida real sou o colecionador de revistas e videogames, mas também sou um cara que trabalha com tecnologia da informação (TI) numa das maiores empresas de software do mundo, a Microsoft. Costumo dizer que tanto os meus hobbies quanto a minha profissão me dão a mesma satisfação porque eu simplesmente amo o que eu faço pessoal e profissionalmente, sendo assim, o meu “eu” nestas duas áreas é bem parecido, apenas com um foco em temas diferentes.
Cleber Marques, um dos maiores colecionadores de revistas sobre videogames do Brasil. |
Como começou sua paixão pelos videogames? Conte-nos um pouco dessa sua história com os controles.
Esta paixão começou desde criança, e o meu pai tem total participação nisso. Ao contrário de muita gente, o meu pai não pedia pra eu parar de jogar senão a TV iria estragar, ele incentivava era que eu jogasse cada vez mais, pois como ele trabalhava por conta própria nos anos 1980 e tinha uma eletrônica, eu era o responsável por testar os videogames que ele recebia para consertar. Sempre fomos uma família muito pobre, a dificuldade era enorme e ter um videogame naquela época era luxo. Sendo assim, como eu não tinha um, os testes dos aparelhos dos fregueses eram o meu mais longo contato com os jogos.
O Atari foi o primeiro videogame de muita gente? Foi o seu também? |
E as revistas? Como é que surgiu essa paixão por colecionar revistas de videogames? Você pode contar um pouco da sua trajetória? Quando começou, o auge, e como mantém atualizada a coleção hoje em dia?
A paixão pelas revistas de videogame que eu tanto adoro hoje em dia começou desde criança também, quando por um momento numa banca de jornal tive a atenção chamada para algo que não eram quadrinhos. Desde que conheci a minha publicação preferida, que é a GamePower, eu nunca mais deixei de adorar este tipo de revista. Claro que eu não consegui colecionar isso desde aquela época, porque ainda passava por aquelas dificuldades que comentei acima, final dos anos 1980 e início dos 1990 era difícil pra muita gente, financeiramente falando, e eu mais namorava as revistas do que as comprava.
Revistas GamePower. |
Claro que isso só começou a tomar vida em 1997 quando tive o meu primeiro emprego, aos 14 anos, porém depois percebi que ter tudo aquilo seria custoso demais, e então filtrei bastante, mas ainda assim fui pra frente com aquele plano. De forma geral, as revistas de videogame me ganharam pela magia que elas tinham naquela época que era de levar você pra dentro de um jogo, sem você precisar ter o videogame ou a fita. Isso era maravilhoso.
Coleção da Nintendo World. |
Fale um pouco da sua maravilhosa coleção de revistas? O que você coleciona? Quais os exemplares mais raros? Qual sua parte favorita da toda coleção?
Eu trago uma característica para a minha coleção de revistas que eu uso também para a minha coleção de videogames: eu parto de um princípio que é colecionar coisas lançadas no Brasil. Isso é nostálgico e satisfatório demais, pois foi com isso que eu cresci. Quando eu era moleque eu tinha vontade de ter um Turbo Game e de comprar uma Ação Games. Por isso, como nos jogos, que eu coleciono coisas lançadas pela CCE, MILMAR, Gradiente e outras, para as revistas de videogame eu coleciono tudo que foi lançado no Brasil. É sério, no momento em que concedo essa entrevista eu estou exatamente com 2125 revistas de videogames, desde as primeiras lançadas lá nos anos 1980 até a última edição da Nintendo World e EGW que tivemos nas bancas este mês.
Algumas das revistas do Cleber. |
Coleção completa da Revista Nintendo Power. |
Como é cuidar de tanta preciosidade? Existe algum cuidado especial com as revistas? Poderia ajudar nossos leitores a preservar suas coleções com algumas dicas?
Eu sou chato, e pra alguns eu sou muito chato, com este assunto de guardar e cuidar da coleção. Muitas vezes, durante a adolescência, quando eu fazia Senai, eu comprava uma revista na banca e não deixava os amigos tocarem a capa pra não marcar com digitais e estas coisas. Hoje em dia mudei bastante, mas ainda assim prefiro ler o meu exemplar e guardar sem ter que emprestar para ninguém (risos).
Como o Cleber guardava suas revistas de pesquisar sobre maneiras mais adequadas. |
No início eu ia guardando empilhadas uma em cima da outra como a maioria das pessoas faz, mas depois que passei de 1500 exemplares isso ficou impraticável. Imagine toda vez que eu queria ver um exemplar específico era preciso mover pilhas e pilhas de revistas. Por conta disso, eu fiz uma longa pesquisa de como guardar os meus exemplares, considerando o custo-benefício da solução escolhida, se bem que eu me inclinei mais pelo benefício do que pelo custo.
Hoje a coleção do Cleber é preservada como documentos históricos. |
Qual seu conselho para quem quer começar uma coleção de revistas de games antigas ou consoles retrô? Por onde começar? Onde procurar?
Esse é um ponto complicado, porque começar algo hoje em dia, se tratando de colecionismo, é mais custoso do que difícil. Com muitos sites disponíveis para compra e troca de revistas e jogos ficou fácil achar coisa legal, mas o preço que se pratica é algo assustador, principalmente com os jogos. Tenha certeza de que a cada dois jogos completos que comprar você vai desembolsar um salário mínimo, na média, e isso pra mim é um absurdo.
Além de revistas, o cara também coleciona jogos. |
Mais jogos nacionais do Cleber. |
Por fim, conta para os nossos leitores um pouco do seu trabalho com a página no Facebook e seu blog.
Primeiramente obrigado pelo espaço de divulgação. Eu mantenho muita coisa ativa na comunidade de videogames. Como eu já disse trabalho com TI, mas tenho muitas iniciativas com mídias sociais. Atualmente eu tenho páginas no Facebook com um público entre 25 e 30 mil pessoas, entre elas a Nintendinho.
Cleber com sua Nintendo World na Nintendo EUA. |
E você, caro leitor? Bateu aquela saudade do tempo que comprava as revistas e corria para à locadora só para testar aquele código ou passar daquela fase complicada? Ou, assim como o Cleber, ainda continua colecionando suas revistas favoritas? Conte-nos suas histórias com as revistas e não deixe de acompanhar as nossas publicações mensais: Revista NintendoBlast e Revista GameBlast.
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Felipe Araujo