Há 7 anos a Square Enix havia anunciado o seu mais novo jogo: Final Fantasy XIII. Finalmente veríamos o que a empresa seria capaz de fazer com uma franquia tão famosa por seus gráficos e narrativas envolventes em consoles com grande poderio de processamento, como o PlayStation 3 e o Xbox 360. Mas a aventura não pararia por aí, já que o universo criado para o jogo também estaria presente em alguns outros títulos como Final Fantasy Agito XIII e Final Fantasy Versus XIII.
A longa espera do ocidente
Apesar de não haver grande impacto nas vendas, já que sempre há público para os seus jogos, a empresa responsável por grandes títulos como Kingdom Hearts (PS2) e o último Tomb Raider (Multi) recebeu críticas pesadas de diversos jornalistas e especialistas por não trazer a essência de Final Fantasy em suas últimas franquias. Além disso, houve também um grande atraso no que diz respeito ao jogo Final Fantasy Versus XIII - que agora sabemos ter se tornado Final Fantasy XV (PS4/XBO).
Final Fantasy Agito XIII sofreu diversas modificações. Anteriormente anunciado para celulares e tablets, o game acabou sendo renomeado para Final Fantasy Type-0 e lançado para o Playstation Portable, mais conhecido como PSP. Porém, infelizmente o jogo não chegou nas Américas, sendo distribuído somente no Japão e sem qualquer previsão para que pudéssemos jogá-lo sem precisar traduzir textos em japonês.
Há alguns anos, fãs resolveram solucionar o problema por conta própria iniciando um projeto de tradução do jogo para o inglês, sem nenhum retorno financeiro. Em diversos fóruns pela Internet, muitos jogadores e tradutores tentavam colaborar de alguma forma. Essa iniciativa acabou ganhando fama por muitos países, resultando em muitos entusiastas ansiosos pela liberação do arquivo final (que só poderia ser utilizado por quem desbloqueasse o console para rodar Homebrews).
Sendo um dos últimos jogos lançados para o PSP, Final Fantasy Type-0 trouxe gráficos nunca vistos em um portátil.
Antes do pronunciamento da Square Enix sobre o caso, muitos chegaram a experimentar Final Fantasy Type-0 no PSP em inglês, porém apenas alguns dias após a divulgação da tradução, os criadores foram obrigados a retirar o arquivo da Internet, sob pena de multa por utilização indevida de propriedade intelectual e incentivo a pirataria. Diversos jogadores e admiradores da empresa criticaram a atitude e perceberam que jamais conseguiriam jogar de maneira leal. Foi então que uma versão em HD foi anunciada para PlayStation 4 e Xbox One, em inglês e com conteúdos extras e gráficos aprimorados - o que torna compreensível o ato de ir contra a tradução feita pelos fãs.
Chocobos morrendo, sangue e guerras políticas
A diferença entre as versões é tão nítida que não precisamos indicar qual é a de PS4, na imagem (é a da esquerda, caso esteja sem óculos).
Apesar de ser anunciado como uma expansão do universo de Final Fantasy XIII, Type-0 tem vida própria. Em um mundo cercado por guerras e disputas políticas, ele parece englobar temas mais sérios e adultos, com pouco espaço para os famosos momentos engraçados e sem sentido dos outros grandes nomes da série. Aliás, seria difícil dizer que ele é, de fato, outro Final Fantasy se não fosse a presença de alguns famosos ícones como Cactuars, Moogles e summons durante batalhas. Logo nos primeiros minutos do jogo é possível ver sangue, destruição e a morte de um Chocobo - percebemos que estamos diante de algo muito diferente do que víamos antes.
As batalhas são colocadas diante do jogador logo que o vídeo introdutório termina e a dificuldade do jogo de PSP parecia muito maior do que a que estamos acostumados em mercados americanos. Não há tempo para pensar: o tutorial simplesmente lhe diz suas opções, sem que haja tempo para entendê-las. Se não houver nenhum tipo de mudança, podemos esperar um game que certamente exigirá muitas habilidades do jogador para ser completado.
É preciso tomar cuidado ao atacar. Não há qualquer tempo entre um ataque e outro, ou turnos como em tantos outros títulos. O sistema de combate chega a ser quase único, com elementos nunca antes vistos na franquia. Será possível atacar de duas diferentes maneiras: com armas diretas, que tiram vida do inimigo conforme o seu poder, ou com ataques letais, que matam o inimigo com um único movimento (para isso será necessário atingir o golpe em um momento específico, determinado pelas ações do oponente). O jogador precisará ficar atento às animações de cada ataque para entender quais as melhores táticas a serem utilizadas, tudo em tempo real; é possível dizer que Type-0 é um RPG de ação com elementos táticos.
Quando os riscos em torno do inimigo mudam de cor, é o momento para atacar e matá-lo instantaneamente. Isso pode acontecer em milésimos de segundos.
As escolhas serão muitas. Haverá cerca de quatorze personagens controláveis em grupos de três. Enquanto o jogador controla apenas um, os outros atacam e defendem de acordo com os movimentos dele, utilizando uma inteligência artificial própria. Como cada um tem uma arma diferente, é possível trocá-los diversas vezes, criando muitas possíveis estratégias. As magias também estão presentes em três formas: gelo, fogo e eletricidade, nas quais têm efeitos diferentes nos inimigos e prometem realismo - o fogo realmente queima, por exemplo. Será possível invocar um monstro para lutar ao seu lado (os famosos summons), sendo necessário sacrificar a própria vida para tal. Tudo isso parece confuso? Pois há muito mais a ser explorado.
Novo velho jogo, ou velho jogo novo?
A escolha pelo PlayStation 4 e Xbox One não agradou a muitos. Seria possível que um jogo tão antigo conseguisse pertencer a uma linha de jogos para consoles atuais, que contam com gráficos cinematográficos, milhares de interações e narrativas aprofundadas? A partir de alguns vídeos liberados e impressões de jornalistas que tiveram acesso ao jogo, não é possível traçar uma resposta concreta.
Ao colocar o jogo lançado para PSP ao lado da versão em HD, é possível ver uma enorme evolução: ele está mais fluido, as animações são mais vivas e os serrilhados desapareceram. Mesmo assim, tudo parece muito distante de um jogo feito para a atual geração - ainda há rostos estáticos e texturas difíceis de compreender, além de limitações de interação e diversas telas de carregamento durante os cenários. A sensação é a de jogarmos um jogo de PSP em um grande console, o que não representa nenhum problema ao jogador que está ciente disso.
Os problemas de fazer um relançamento em HD costumam ser os mesmos. Eles valem um preço de jogo completo da atual geração? Oferecem conteúdo suficiente para justificar a sua compra? A Square Enix fez de tudo para que sim. Os primeiros jogadores a comprar o game em pré-venda receberão uma demonstração exclusiva de Final Fantasy XV. Há também a promessa de missões extras e conteúdos exclusivos. Em meio a tanta espera por um título para os novos consoles, parece ser uma boa opção.
Curiosamente, os donos do PlayStation 4 não puderam realizar a pré-venda digital de Type-0. Com isso, apenas os que compraram a mídia física terão acesso à demonstração de Final Fantasy XV.
Um jogo feito para os fãs
Diferentemente dos outros jogos da franquia, Final Fantasy Type-0 não é um jogo para qualquer um. É um título feito para o público oriental, que é acostumado a se divertir com conteúdos muito mais difíceis do que o ocidental. Por isso, um jogador que não conheça o game pode se equivocar na compra por acreditar ser um grande nome para a nova geração, com gráficos e jogabilidade muito diferentes do esperado.
Aos verdadeiros fãs da Square Enix, este é um título que precisa ser jogado, e não há melhor oportunidade do que esta. Considerando o atual cenário onde muitos apreciam a grande dificuldade em jogos como Dark Souls (Multi), é possível que Type-0 torne-se um marco na história da empresa - ou seja esquecido por conta de seu relançamento atrasado. Seja como for, poderemos conferir tudo isso de perto a partir de março deste ano, quando poderá ser adquirido em diversas lojas por todo o mundo.
Final Fantasy Type-0 (PS4/XBO) Desenvolvedor: Square Enix Gênero: RPG Lançamento: 17 de março de 2015 Expectativa: 4/5
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Daniel Serezane
Leandro Rizzardi
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