Durante a E3 de 2013, foi quando vi Destiny (Multi) pela primeira vez e, a bem da verdade, eu não estava muito interessado. Parecia mais um daqueles jogos de tiro produzidos por uma grande empresa do gênero que iria ser apagado da minha memória depois da conferência. O que eu não esperava é que o tal acabasse prendendo minha atenção e, em meio a toda aquela demonstração de jogabilidade, Destiny terminasse me lembrando de um dos jogos mais divertidos que tinha tido o prazer de jogar no ano anterior: Borderlands (Multi). Minha primeira impressão foi marcante, na minha cabeça funcionava da seguinte maneira: Destiny é um Borderlands no espaço.
Um ano depois, recebo a data de lançamento e vejo que o beta vai ser aberto, não fiquei com muito entusiasmo, mas estava interessado o suficiente pra fazer o download no dia em que foi liberado e jogar. A impressão? Bom, eu só tive a certeza de que o jogo não era nada do que eu estava esperando. Isso é bom ou ruim? Não, apenas extremamente relativo.
O tão esperado momento
Em 9 de setembro de 2014, Destiny finalmente foi lançado e com ele a onda catastrófica de reações negativas e decepções. Não faltavam motivos: o jogo não possuía um sistema de recompensas tangível, tudo era muito randômico, o mundo não era tão grande quanto o prometido, a trama era vaga, os mitos tinham que ser acessados pelo grimório, erros de conexão eram frequentes e, provavelmente o pior de tudo, o conteúdo era extremamente raso.
Então vamos primeiro falar sobre como o sistema de loot era no lançamento: horrível. A lista de assaltos de nível mais alto mal dava itens como recompensa, engramas lendários eram extremamente raros e mais do que poucas vezes originavam um item de raridade menor. No Crisol (o modo player vs player de Destiny) as recompensas eram ainda mais raras e acima de tudo não davam (ainda não dão) prêmios de acordo com a sua habilidade, e sim por apenas estar lá no jogo. Pense da seguinte maneira: você fez 30 pontos e aquele rapaz péssimo do seu time fez 1, ele ganha um item lendário e você não. Isso é ruim? Depende, a certeza é só uma: estimula um jogador mais casual em detrimento de um mais aficionado.
Com isso os jogadores começaram a sentir uma falsa sensação de recompensa, porque você realmente não precisa ir bem em determinada atividade, basta ter sorte no momento em que o sistema entrega as recompensas. Com isso em mente, começou a jornada para se quebrar Destiny. Se você puder fazer aquele evento mais rápido e usando um método mais barato você tem as mesmas chances de conseguir algo que o jogador que perde mais tempo e joga de uma maneira mais legítima. O foco agora não se tornou o conteúdo, e sim a velocidade em que você pode terminá-lo pra ter uma chance de conseguir algo na roleta. Isso acabou criando uma situação curiosa: o endgame de Destiny (ou seja, o conteúdo disponível depois de se alcançar o nível 20) tornou-se uma competição de quem conseguia fazer métodos mais eficientes de terminar as missões e obter os itens — não importando que para isso fosse necessário explorar todas as falhas possíveis do jogo.
Uma prova disso foi a descoberta da Loot Cave, muito comentada nos fóruns e sites. Duas semanas depois de lançado, os jogadores descobriram uma caverna mágica no jogo em que monstros saíam incessantemente se você ficasse a uma determinada distância. E o que os jogadores estavam fazendo? Ao invés de jogar as Listas de Assalto e rezar para na tela de finalização da partida receber alguma coisa, ficavam atirando nos monstros que saíam da caverna e esperavam que algum deles derrubasse um engrama lendário, o que por incrível que pareça, era muito mais eficaz e rápido.
Muitas correções e a primeira expansão
Cinco meses se passaram desde então, uma expansão e várias correções foram liberadas e mesmo assim a Bungie continua travando uma batalha contra os sistemas do jogo. O problema é, sempre que ela corrige um, os jogadores encontram muitos outros, além de o jogo por si só já tratar desse assunto com maestria. O mais comum é nas Incursões, sempre que um patch é liberado, mais uma dezena de bugs também aparecem, sem contar nos que estão conosco desde o lançamento — sim, estou olhando pra você, bug de munição de arma pesada. Para completar, a Bungie tem a triste mania de fazer ajustes em sistemas menos importantes do jogo, mas que fundamentalmente facilitam a vida do jogador, ou seja, os ajustes mais comuns são os de deixar a procura por aquele item ainda maior.
E mesmo assim, mesmo com todos os defeitos e barreiras, o jogo ainda conseguiu me manter por 580 horas. Sim, isso tudo. O porquê é simples: não há nada no mercado que ofereça uma experiência como Destiny, seus controles são responsivos, as áreas exploráveis são bonitas e jogar com os amigos é extremamente gratificante. O jogo, em sua essência, é divertido, e foi isso que me fez continuar jogando todos os dias à noite.
Depois da adição pífia de conteúdo da última expansão — que consistiu em quatro missões da história, três mapas do crisol e uma Incursão —, eu e a maior parte dos meus companheiros de jogo estamos dando um tempo em Destiny. Não necessariamente porque enjoamos do jogo, mas sim porque não conseguimos mais tentar tirar leite dessa pedra chamada Destiny: não há mais nada de novo para se jogar e nenhum item exótico que mereça mais e mais repetição — sendo que essa última existe desde o lançamento. Talvez agora seja até o melhor momento para começar a jogar, um novato terá substancialmente muito mais jogo pela frente e conseguirá aguentar sem problema algum a chegada da nova expansão, e é capaz que até a chegada dela ele ainda esteja tentando completar a última Incursão disponibilizada. O negócio é que nós, veteranos, não temos mais nada a fazer.
O que esperar do futuro
Isso quer dizer que não voltaremos a jogar? Não necessariamente. Isso só depende da Bungie e do seu processo criativo. Se na próxima expansão eles apresentarem um motivo para continuarmos e nos mostrarem que Destiny pode ser mais do que é hoje, claro, lá estaremos para aproveitar o que ele tiver de melhor a oferecer. A diferença é que dessa vez a desenvolvedora terá que provar muito mais, além de que ainda assim esse conteúdo será explorado com mais do que um pé atrás por todos aqueles que já gastaram um centavo antes.
Então a melhor opção para nós que já estamos no jogo desde o lançamento é esperar a próxima expansão para ver se as mudanças serão realmente agradáveis e rezar para que adicionem e corrijam alguns dos erros fundamentais do jogo, ao contrário do DLC "A escuridão subterrânea", que só fez aumentá-los. Felizmente, a desenvolvedora parece estar empenhada em corrigir esses problemas. A primeira indicação disso foi um post de Luke Smith, um dos chefes de desenvolvimento de Destiny, no fórum neogaf. No texto, ele afirma que o time está tentando não cometer os mesmos erros introduzidos na última expansão. Além disso, recentemente, vazaram várias imagens com suposto conteúdo futuro e o que vimos, se for verdade, é muito promissor e animador.
Nisso ainda há uma preocupação (coisa normal em Destiny), a de que a data de lançamento da segunda expansão, House of Wolves, esteja muito longe. Divulgado pela Bungie há uma semana na sua carta semanal, a data de liberação da segunda expansão ocorrerá entre maio e junho, o que pode não animar a muitos, mas que pode ser na verdade até uma coisa boa. Essa pode ser a oportunidade da desenvolvedora focar um pouco mais na correção de seu jogo e garantir uma experiência melhor para o jogador antes que a House of Wolves seja implementada.
Kept you waiting, huh?
Tendo em vista que meu grupo finalizou o conteúdo mais difícil e recente do jogo, a Incursão “O fim de Crota” no modo difícil, nós não temos mais o que almejar em Destiny, e não sentimos a mínima necessidade de repetir a Incursão até conseguir o material para fazer o exótico mais raro do jogo, e isso se deve principalmente a quantidade de bugs e o estrago que eles causam a suas tentativas. Então já que não há mais nada para almejar e coletar, vamos aguardar novos itens e desafios.
A próxima expansão de Destiny deve ser lançada em até três meses — tempo suficiente para que a Bungie possa focar nas coisas que mais importam e garantir que os consumidores do conteúdo oferecido pelo jogo fiquem mais satisfeitos. Então sim, a melhor coisa a se fazer é parar e ir aproveitar os jogos que serão lançados até a House of Wolves. Dar um tempo para a Bungie corrigir as coisas e, se mesmo assim eles não conseguirem provar do que são feitos, a próxima grande expansão (que, conforme suposto vazamento, se chamará Comet) está marcada para o final de ano e ainda não está em pré-venda, então você pode e deve pensar duas vezes antes de comprá-la.
E você, tem aproveitado Destiny? Qual é a sua opinião sobre os problemas do jogo? E quais são as suas expectativas para as próximas expansões?
Revisão: Alberto Canen
Capa: Felipe Araújo