Shinji Mikami fala sobre o terror nos jogos e personagens femininas

Produtor e diretor de jogos de survival horror, Shinji Mikami, fala sobre o gênero e seus métodos de criação.

em 23/10/2014

Shinji Mikami é o cérebro por trás do recém lançado game de survivor horror The Evil Within, e pai da gloriosa franquia Resident Evil. Com tanta experiência no ramo do terror, Mikami falou ao jornal The Guardian sobre sua experiência com o gênero e sobre como vê o novo estilo de horror para o jogador moderno, além de comentar sobre sua percepção das personagens femininas.


Mikami iniciou sua conversa relembrando seus primeiros títulos em Resident Evil e como os jogadores se deparam com as situações que um dia foram assustadoras e que hoje não são mais, assim como as novas maneiras de manter o jogador tenso e apreensivo enquanto joga uma de suas criações.
"Nos anos 90, os jogos raramente permitiam a livre movimentação da câmera. Agora os jogadores podem mover tanto a câmera quanto o personagem; nós precisamos nos modernizar ao que os jogadores se acostumaram. Também, o ritmo, a velocidade de  locomoção dos personagens está mais rápida, as cutscenes precisam estar devidamente integradas, tanto em gráficos como em continuidade de ação. Eu tive que tratar de tudo isso em The Evil Within"
Sobre seus personagens e as características emocionais deles, Mikami detalhou as necessidades de personagens fortes e ao mesmo tempo vulneráveis, capazes de criar empatia no jogador ao mesmo tempo que cria o terror de estar indefeso ou em situações extremamente desvantajosas.
"Eu estou interessado em personagens vulneráveis, em seres humanos. A experiência do horror é mais assustadora quando o jogador não tem certeza se seu personagem irá viver ou morrer - a morte ou a sobrevivência precisam estar num constante movimento. Se há uma situação onde você não possui 100% de certeza de que pode evitar ou derrotar inimigos, se você sentir que talvez haja uma chance de conseguir - é aí que mora o terror. Criar essa situação é vital. Também, eu não quero apenas ficar sentado atirando em dúzias de inimigos. Morra! Morra! Morra! Eu não tenho energia para isso".
 "Logo no começo, quando eu estava fazendo o primeiro Resident Evil, eu passei três meses estudando a psicologia do terror. Mas o que eu aprendi é que o terror é instintivo; as coisas que me assustam possuem precedência de qualquer teoria de terror. Com Resident Evil, nós escolhemos humanos e inimigos com aparência humana pois as pessoas geralmente estão mais interessadas e assustadas com outras pessoas, mais do que com criaturas obscuras que não reconhecemos. Com The Evil Within é o mesmo."
 Junto com suas técnicas de horror, Mikami explica sua utilização constante de personagens femininas, como as amadas e famosas Jill Valentine e Claire Redfield em Resident Evil, suas participações fortes e marcantes e construção psicológica.
"Eu não sei se coloquei muita ênfase nas personagens mulheres, mas quando as coloco, nunca é como um objeto. Em alguns jogos, elas são personagens periféricos com seios de físico ridículo. Eu evito este tipo de erotismo óbvio. Eu também não gosto de personagens mulheres que são submissas ao personagens homens, ou à sua situação. Eu não farei personagens dessa maneira. Eu escrevo mulheres que descobrem sua independência junto com o progresso do game, ou que já sabem que são independentes mas precisam setestadas em uma série de desafios.”

Mikami também aponta Rebecca Chambers como a personagem que menos gosta por ser submissa e dependente, mas que a manteve pelo interesse dos trabalhadores do jogo, qje a queriam muito. Shinji
Mikami também se mostra surpreso pela popularidade da personagem no Japão, e da preferência por
esse tipo de personagem no país.

                                                                                                                              Fonte: Nintendo Life

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