Robin Williams: Artista e jogador completo

Por três décadas, Robin Williams foi exemplo de atuação e alegria, além de não esconder a paixão pelos jogos.

em 13/08/2014
O mundo ficou um pouco mais triste esta semana com a notícia da morte, aos 63 anos de idade, de Robin Williams. Ator em destaque desde os anos 1980, encantou e emocionou milhares com um talento que não se restringia a um único gênero, variando do drama à comédia com a mesma qualidade. Um artista completo que, além do cinema, também se envolveu com a comédia stand-up, a música, a televisão, o teatro e foi um reconhecido e respeitado entusiasta dos videogames.


Ator e comediante brilhante

Nascido na cidade estadunidense de Chicago em 1951, Robin Williams era uma criança tímida que teve uma infância comum até ser selecionado em um pequeno grupo de jovens para estudar na escola de música e artes cênicas Julliard, em Nova York, onde desenvolveu seu talento para a atuação.

Seu primeiro trabalho no cinema foi com a comédia Can I Do It ‘Till I Need Glasses?, de 1977, mas foi no ano seguinte, ao interpretar o alienígena Mork no seriado humorístico Happy Days, que Robin alçou ao sucesso. A aparição do personagem foi tão popular que motivou a criação do spin-off Mork & Mindy, que ficou no ar entre 1978 e 1982. Ao longo da década de 1980, Williams ainda participaria de especiais de comédia da HBO graças ao seu talento com o stand-up (em uma lista do canal Comedy Central, figura como 13º melhor comediante de stand-up de todos os tempos), e em 1986 apresentou o Oscar.

Foi no cinema que a estrela de Robin Williams brilhou mais forte, através de papeis fortes em dramas e comédias. Ainda no começo de sua carreira, a atuação em Bom dia, Vietnã, lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator, o que se repetiria em 1989 com o clássico Sociedade dos Poetas Mortos, no qual interpretou o professor de poesia John Keating.

Entre os mais de 70 filmes em que atuou, diversos papeis se destacam. Em 1991, participou da releitura da história de Peter Pan em Hook – A Volta do Capitão Gancho. Na comédia de 1993, Uma Babá Quase Perfeita, foi um pai divorciado que se transveste de senhora para poder ficar com os filhos. Dois anos depois, outro filme icônico de sua carreira: Jumanji. Em 1997 e 1998, atuou em dois outros grandes filmes: Gênio Indomável, pelo qual ganhou seu Oscar de Ator Coadjuvante, e Patch Adams, baseado na vida do médico psiquiatra homônimo.
Robin também foi um grande dublador, dando voz ao Gênio da animação Alladin (1992), ao Dr. Know de A.I.  Inteligência Artificial (2001), Fender em Robôs (2005) e Ramon em Happy Feet (2006), entre outros. Sua participação em diversas produções da Disney, como Flubber – Uma Invenção Desmiolada (1997) e O Homem Bicentenário (1999) o fez ser premiado com o título de Disney Legend.

Jogador fanático

A paixão de Robin Williams por videogames não era nenhum segredo. Sua filha do segundo casamento, Zelda Rae Williams, foi batizada em homenagem à famosa princesa da série da Nintendo. Essa história inclusive levou a companhia japonesa a convidar pai e filha para estrelarem uma campanha publicitária para os jogos The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D (3DS), The Legend of Zelda: Skyward Sword (Wii) e The Legend of Zelda: Four Swords (3DS). Em um dos vídeos, Robin aparece contando à filha porque escolheu o nome. Zelda Williams também foi mestre de cerimônia de algumas das apresentações da orquestra Zelda Symphony.
Uma antiga foto segurando a filha ainda pequena no colo foi a última atualização do ator no Instagram, na qual a deseja feliz aniversário. O terceiro filho de Robin (o primogênito é Zachary Pym Williams, de seu primeiro casamento), Cody Alan, também teria sido batizado em homenagem a um personagem de jogo, no caso da franquia Final Fight.

Robin Williams também teve suas influências na indústria de jogos. Segundo conta o executivo John "Wild Bill" Stealey, foi ideia do ator colocar o nome do game designer Sid Meier no início do título dos clássicos Sid Meier’s Pirates e Sid Meier’s Civilization, uma das maiores séries de estratégia.
Nós estávamos em um jantar num encontro da Software Publishers Association, e o Robin Williams estava lá. E ele nos manteve gargalhando por duas horas. E então ele vira para mim e diz: “Bill, você deveria colocar o nome do Sid em algumas dessas caixas, e promovê-lo como a estrela”. E foi assim que o nome do Sid foi parar em Pirates e Civilization. – John “Wild Bill” Stealey  
Na E3 de 2006, Robin foi convidado pelo lendário game designer Will Wright, criador das séries SimCity e The Sims, para demonstrar e comentar o criador de criaturas do simulador Spore. “Isso fará um ornitorrinco parecer normal”, brincou o comediante.
O ator também era um grande fã de RPGs de mesa e possuía um gosto eclético para jogos. Entre os comentados por ele encontramos Warcraft 3, Day of Defeat, Half-Life, Wizardry, Portal e Battlefield 2, que jogava como sniper. O “vício” dele no MMORPG World of Warcraft inclusive rendeu uma petição dos jogadores pedindo que a Blizzard crie um NPC que o homenageie.

Robin Williams vinha enfrentando nos últimos anos a reabilitação por conta do alcoolismo, cocaína e um quadro de depressão. O ator ainda aparecerá nos cinemas em três trabalhos póstumos: Uma Noite no Museu 3, voltando a interpretar a versão de cera do presidente norte-americano Theodore Roosevelt, Absolutely Anything, dublando o cachorro Dennis, e Merry Friggin' Christmas, em que interpreta um homem que passa o Natal com sua família complicada.

A carreira de Robin Williams encerra com a sua morte, mas o legado deixado pelos seus papéis emocionantes e a sua vontade de fazer as pessoas felizes continuará nos tocando pelos anos que virão.


Revisão: José Carlos Alves
Capa: Felipe Araujo

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