O jogo se encaixa no gênero RPG tático, representado por títulos de peso como Final Fantasy Tactics e a franquia Fire Emblem, porém possui mecânicas que o tornam único no gênero. Seu foco está em retratar a melancolia que assola um mundo do qual não se sabe o futuro, ou até mesmo se existirá algum. A jornada não será fácil e decisões difíceis são rotina em sua caravana.
Viajando rumo a um amanhã que talvez não exista
A história de The Banner Saga se estende pela perspectiva de dois personagens diferentes, que se deparam com criaturas que pensavam já terem sido vencidas há centenas de anos. Essa ameaça força ambos a viajarem, um para garantir a segurança de seu povo e outro para alertar seu rei sobre o retorno de seus inimigos.Antes mesmo da ameaça surgir, os deuses que regiam o mundo morreram guerreando uns contra os outros e, pouco após estes acontecimentos, o próprio sol deixou de nascer. Se já está achando que isso já é o suficiente, saiba que outros acontecimentos e mistérios surgirão ao decorrer do jogo.
Melancolia e mitologia nórdica regem a saga do estandarte
Lendo um pouco da história logo acima, não é de se surpreender que a jornada mantém um tom melancólico constante. Não espere ver um sorriso nas cutscenes, embora durante a narração alguns raros momentos alegres possam aparecer. Embora este seja o tom do jogo, ainda leva algumas horas para que possa empatizar com a situação dos personagens.O segundo foco da narrativa de The Banner Saga está em sua inspiração viking. Nomes dos personagens, cultura, aspectos religiosos e as localidades todas possuem nomes com inspiração nórdica. Neste aspecto, vale pontuar a dublagem dos personagens, principalmente do protagonista, que é fidedigna até mesmo ao sotaque viking. O jogo também conta com legendas, mas ambas apenas em inglês.
Um épico com toque de desenho animado
A qualidade artística de The Banner Saga é impressionante, tanto no detalhamento dos desenhos quanto em seu estilo. O tom épico de jornada rumo a uma chance de salvação aparenta bastante com obras como O Senhor dos Anéis, mas seu traço lembra bastante os vistos em obras da Disney. Se o título não fosse carregado de melancolia e momentos de tensão, poderia ser até mesmo confundido com uma obra da produtora.Um pequeno detalhe fica por conta da iluminação excessiva, o que é de se estranhar, visto que estamos tratando de um mundo que não está mais sendo iluminado pelo sol.
A vida dos viajantes está nas suas mãos
The Banner Saga entra para o rol dos jogos que seguem o gênero RPG tático. Enquanto a maior parte do tempo você estará viajando e tomando decisões de acordo com os acontecimentos, que têm efeito direto na jornada, tanto que é possível concluir o game diversas vezes de formas diferentes.Durante as batalhas, seus personagens não morrem, ficando apenas machucados por alguns dias. Porém não pense que os heróis não morrem. Na verdade, manter suas vidas está diretamente ligado às decisões que tomar ao decorrer do jogo. Assim como Guerra dos Tronos, as mortes vêm de maneiras inesperadas.
Cuidado com os pontos de vida ou sua força irá embora
O sistema de batalhas do game é parecido aos títulos do gênero que conhecemos muito bem. Os personagens disponíveis se dividem em duas raças: os humanos, com habilidades variadas e ocupando apenas um quadrado do mapa; e os varls, gigantes com chifres, com foco maior no combate direto e ocupando quatro espaços do mapa.Porém, o que torna as batalhas do jogo interessantes é o seu sistema de pontos de vida e força, que são os mesmos. Isso significa que, a cada dano recebido, a força de ataque do seu personagem será reduzida. Isso não implica diretamente apenas na estratégia de jogos, mas também dá um tom de realismo. Afinal de contas, não conseguimos utilizar 100% de nossas forças se estivermos cansados, fator que é bem retratado.
Nem todas as batalhas precisam ser ganhas, porém as consequências de uma derrota são bastante incovenientes. Além de uma boa parte do grupo ficar machucada e ter a força reduzida até que se recupere, é possível perder itens e a quantidade de renome (a moeda principal do jogo) será inferior se relacionada a uma vitória. Como mencionei antes, o peso das suas decisões durante o roleplay o afetarão mais do que em combate.
Apesar do drama, é difícil criar empatia
The Banner Saga tem um apelo emocional muito forte, porém pouco aproveitado em seu início. Este fato se dá pela divisão de perspectivas que, embora sejam importantes na história, acabam atrapalhando o envolvimento com os personagens. A impressão que tive foi que assim que eu estava começando a sentir empatia por um grupo de personagens, a perspectiva mudava e minha empatia voltava à estaca zero. Apenas perto do final que foi possível estabelecer essa empatia com os protagonistas.No geral, The Banner Saga é um título indie imperdível, tanto para fãs de RPGs táticos quanto quem se interessa por obras inspiradas na mitologia viking. Seu único pecado grave é o que foi citado no parágrafo anterior, enquanto outros detalhes pequenos como o excesso de iluminação passam quase despercebidos.
Seu sistema de combate é bastante competente e valoriza bastante quem consegue evoluir e empregar os personagens de maneira correta em batalha. Já seu ponto forte fica para a narrativa e para a importância dada às decisões, que nunca ficam sem consequência, algumas trágicas, inclusive.
Prós
- Narrativa profunda e adequada ao tema;
- Sistema de combates único, eficiente e até mesmo um tanto “realista”;
- As decisões tomadas durante a jornada tornam-na diferente cada vez que jogar.
Contras
- Iluminação excessiva se contradiz à proposta sombria do jogo;
- Perspectivas alternadas tornam difícil empatizar com os personagens.
The Banner Saga — PC — Nota final: 8,0
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Felipe Araújo