Clássicos e novatos fazem o show na Video Games Live 2013 em São Paulo, e a cobertura completa você confere aqui!

em 08/10/2013

O maior evento musical gamer do mundo faz mais uma visita ao Brasil, pelo oitavo ano consecutivo, em um espetáculo arrasador. Video Games ... (por Fellipe Camarossi em 08/10/2013, via GameBlast)

O maior evento musical gamer do mundo faz mais uma visita ao Brasil, pelo oitavo ano consecutivo, em um espetáculo arrasador. Video Games Live, show orquestrado contendo grandes hits da indústria fez sua apresentação em São Paulo no último domingo (06/10) com direito a um repertório arrasador, interação com o público, fãs gritando até seus pulmões falharem e muita diversão. Se conseguiu estar lá, sabe o que sentimos, e se não conseguiram, continuem lendo para ter uma pequena noção!

Primeiro Ato: Tommy rouba a cena!


Antes do show se iniciar (e dando tempo para a orquestra se organizar), um breve vídeo do YouTuber BrentalFloss se passou com uma versão de “It’s a Wonderful World” de Louis Armstrong no estilo Super Mario, como podem ver logo acima (embora não seja no canal de BrentalFloss, pois o vídeo foi deletado). Dando mais um período para os músicos, um apresentador convoca ao palco cosplayers para um pequeno concurso tendo como votação os aplausos da plateia. Este foi vencido por um rapaz vestido de Raiden, de Metal Gear Rising: Revengeance (X360/PS3), que aproveitou a oportunidade para pedir sua acompanhante na plateia em namoro. Não sabemos se ela aceitou, mas o rapaz estava com uma espada gigantesca, então achamos que sim.

Apresenta-se então a orquestra sinfônica Villa Lobos que prontamente toca o tema da Petrobras, patrocinadora fiel do VGL e responsável pelo evento, guiada pelo maestro Adriano Machado. Isso mostra apenas como qualquer música consegue ficar simplesmente épica quando se é tocada por uma orquestra. Com a conclusão desta pequena homenagem, o show enfim tem o seu princípio com o tema do Dovahkiin, de The Elder Scrolls V: Skyrim (Multi).


Tommy Tallarico (entrevistado recentemente pelo GameBlast) entra em cena após a apresentação e todos os holofotes vão para o criador do VGL enquanto este fala sobre como o Brasil é o único país do mundo além dos Estados Unidos no qual o evento ocorre há oito anos consecutivos, declarando também que em todas suas entrevistas ele diz que o público brasileiro é o seu favorito. Puxa saquismos à parte, Tommy prossegue falando sobre sua revolta com as pessoas subestimando as músicas de videogames:
“Existem pessoas que acham que videogames são coisas para crianças. Existem pessoas que acham que músicas de videogames são apenas ‘blipz’ e ‘blopz’ sem sentido. Existem pessoas que acham que videogames instigam a violência! Essas pessoas deviam morrer!”
Após a brincadeira, Tallarico diz que a próxima música é de um jogo ainda não lançado, que sairá em algumas semanas, mas contém uma trilha sonora muito interessante. Com Tommy na guitarra, começam a tocar o tema de Assassin’s Creed IV: Black Flag (Multi). Logo em seguida, Tallarico anuncia que a próxima canção não é tocada no Brasil há seis anos, mas sempre era muito requisitada, e por isso agora iriam tocar o tema de Metroid enquanto diversas cenas da franquia surgiam no telão.

Depois desses grandes hits, Tommy resolve que era momento de começar a interagir com a plateia, e resolve chamar quatro pessoas da plateia para uma amigável partida de Super Smash Bros. Melee (GC) enquanto a orquestra toca o tema de Super Smash Bros. Brawl (Wii). Dentre as pessoas, foi convocado o Diretor de Eventos do GameBlast, José Carlos Alves, que narra à seguir sua experiência:
“Ano passado fiquei tímido ao que meus amigos me incentivaram a participar do campeonato e acabei não sendo chamado. Já esse ano, eu estava preparado para tal. Ao que Tallarico nos convocou, prontamente subi na cadeira e comecei a pular, a fim de chamar sua atenção e ser escolhido. E foi por um triz. Fui o último a ser chamado, mas estava entre os quatro que disputariam frente a todos aqueles viciados em videogames. Tommy mais uma vez demonstrou carinho pelo público brasileiro ao reconhecer o GameBlast por conta da entrevista feita no Rio de Janeiro, mas nem isso foi capaz de sanar o nervosismo, que rapidamente se espalhou pelos quatro postulantes ao brinde da noite (uma camiseta e um Blu-ray do VGL). Infelizmente, nenhum de nós sabia o que estava fazendo em cima do palco, então o resultado foi mais sorte do que qualquer outra coisa. Palavras do vencedor. Ainda assim, nada como dividir o palco (mesmo que por apenas uma partida) com Tommy Tallarico!”

O show continua e Tallarico resolve citar o mais famoso jogo da Blizzard, World of Warcraft (PC), falando sobre suas quests e como suas recompensas variam dentre armaduras, armas, itens raros e tesouros em geral, mas existe uma única busca que possui uma recompensa ainda mais especial: uma música. Inicia-se a própria, Lament of the Highborne.

Praticamente sem intervalo, o telão é tomado por um vídeo de Koji Kondo, compositor de grandes obras da Nintendo, falando sobre o jogo mais famoso no qual trabalhou. Vocês já devem imaginar o que veio à seguir, não é? Um belo medley de Super Mario Bros. (NES) vem a seguir, para o delírio dos fãs do maior clássico do mundo dos videogames. Como se não bastasse, ao concluir, Tommy volta ao palco e diz que a próxima música é uma bela surpresa para os fãs de música em jogos. Não há palavras que descrevam a euforia geral quando a orquestra começou a tocar o tema de Shadow of the Colossus (PS2).


Quando a poeira abaixou, Tallarico falou que a próxima música era de uma série que logo teria um novo jogo, e por isso essa seria a última vez que a tocariam (ou não), fazendo todos delirarem com o tema de Kingdom Hearts (PS2) enquanto uma série de vídeos da Disney tomavam o telão. Mal tivemos tempo para nos recuperar desse combo musical até Tommy anunciar outra música muito pedida pelo público brasileiro, iniciando o tema de Silent Hill 2 (PS2) com um excelente toque de rock na guitarra do anfitrião.


Jill Aversa, cantora lírica convidada para o evento, sobe ao palco antes de encerrar a primeira parte com uma prova de que músicas de jogos, por mais antigas que sejam, podem ser vinculadas à arte das maneiras mais diversas. Com isto dito, dá-se princípio a uma ópera tendo como base o tema do clássico dos games, Tetris, cantada em russo. Isto conclui o primeiro ato.
"Acredito que o primeiro ato serviu para estabelecer o tom principal do evento: que é representado, principalmente, pela união do que há de melhor das várias vertentes artísticas que estão ligadas ao maravilhoso mundo dos videogames. Mas, em um grau de perspectiva maior, essa primeira parte serviu também para começar a derrubada de muitos conceitos conservadores desnecessários. Tommy fez questão de deixar claro que o que dava energia àquele show não era tão somente a exímia performance da orquestra, pois ainda havia a poderosa troca de energia com o público. O Video Games Live Show é um espetáculo nascido de uma paixão, e essa paixão merece ser expressa não só por instrumentos musicais como também pelas vozes, palmas e gestos de todos os que fazem dela uma realidade."
Samuel Coelho

Segundo Ato: Inovação arriscada

Ao voltar para o palco, Tommy fala sobre um especial televisionado que ocorreu nos EUA com mais de nove milhões de espectadores, especial este que acabou se tornando o DVD e Blu-ray do álbum Level 2 do VGL. Dentre as músicas do especial está uma que geralmente é deixada para ser tocada num eventual encore (ou bis, como estamos acostumados), mas que seria tocada antes como uma surpresa aos brasileiros. Sem mais delongas, deu-se princípio ao medley especial de Chrono Trigger/Chrono Cross.


Em seguida, temos um arranjo de cinco diferentes músicas de um dos jogos mais famosos da Valve, DOTA 2 (PC), para a surpresa de todos por ser algo inesperado no show. O choque dura pouco, pois logo em seguida temos um medley de Sonic the Hedgehog, contendo clássicos como Green Hill Zone inclusos no pacote, o suficiente para tirar do transe todos que ainda estavam envolvidos pela melodia anterior.
O vencedor do campeonato de Guitar Hero do VGL é convocado ao palco em seguida, para fazer uma pequena brincadeira: ele deveria tocar The Pretender, do Foo Fighters, na dificuldade Hard e passar a pontuação previamente indicada para receber um prêmio, enquanto Tommy tocaria a música em sua guitarra real. Zombando do desafio e atendendo ao público, o rapaz pede para colocarem na dificuldade Expert, o que se prova um desafio simples para o campeão, que conclui a música com maestria.

Logo depois Tommy fala sobre a Bungie Studios e sua equipe de compositores que incluem Martin O’Donnell, que trabalhou na franquia Halo. Em homenagem à produtora, inicia-se um medley do melhor da primeira trilogia da série de Master Chief. Aproveitando a deixa, a orquestra toca pela primeira vez o tema de Destiny, jogo que esta sendo produzido pela Bungie e composto por Martin e Paul McCartney, dos Beatles. Felizardos os presentes que puderam presenciar tal espetáculo em primeira mão.

Sem demora, Koji Kondo surge no telão novamente para anunciar o que todos já estavam loucos para ver: o tema de The Legend of Zelda, épico como sempre. Tallarico volta ao palco apenas para se despedir e retira-se, seguido pelo público praticamente perdendo a voz ao pedir pelo encore. Obviamente o anfitrião não deixou a desejar e correu de volta ao palco para um pouco mais, fechando o show com The Secret of Monkey Island (PC), uma das mais pedidas pelo público brasileiro.


"Com o show próximo de seu desfecho, nossas vozes já estavam roucas, nossas mãos já queimavam de tanto bater palmas e nosso peito já doía de emoção. Mais uma vez o Video Games Live Show conseguiu provocar explosões de nostalgia e arrepios coletivos nos habitantes da terra dos tupiniquins. Contudo, mal sabíamos nós que as surpresas ainda não haviam terminado."
Samuel Coelho

Ato Final: O show não pode parar!

Mesmo depois do encore, Tommy resolveu ter uma pequena conversa com o público e falou sobre a sua vida e seus objetivos quando idealizou o VGL. As pessoas sempre diziam que ele era louco por querer trazer músicas de jogos para concertos musicais e que os públicos eram incompatíveis. Felizmente tudo deu certo e ele pôde provar que não era tão louco assim.

Ele também comentou que muitas companhias não aceitaram sua proposta de gravar um CD, pois não seria lucrativo, e por isso resolveu iniciar um Kickstarter para conseguir fundos e publicar ele mesmo o CD. A princípio não estava indo muito bem, mas nos últimos dias a situação se reverteu e a meta foi alcançada, podendo agora anunciar Level 3, o terceiro álbum do Video Games Live. Desnecessário dizer que, ao fim do anúncio, Tommy estava em lágrimas. Bem, ele e metade do público.

Para comemorar, haviam decidido que uma das músicas do álbum seria ao vivo, e, portanto, estavam gravando uma música em todas as apresentações na turnê da América Latina, sendo que a que contasse com o público mais vibrante iria ao CD. Como o brasileiro é excelente em fazer bagunça, é claro que nós levamos o prêmio e participamos da gravação de Still Alive, música de encerramento de Portal (Multi), com o vocal de Jill Aversa e o público do evento. Agora sim acabou!

Ainda que a abordagem arriscada de músicas até que inesperadas, se considerando o vasto repertório de músicas em games, o Video Games Live 2013 se mostrou um total sucesso e com forte apelo ao público.
Mesmo após oito anos, o evento continua forte como o primeiro e com cada vez mais músicas em seu repertório, alcançando um público maior a cada edição. Chegou a ser surpreendente ver cambistas do lado de fora do evento como em qualquer show, mostrando que a popularidade do VGL já é tão grande que até passou a ser alvo deste tipo de ilegalidade. Como tudo que é bom dura pouco, agora só podemos esperar pelo lançamento da edição de 2014 e pelo lançamento do álbum Level 3, só para ver o famoso jeitinho brasileiro entrando em ação.

Colaboração: Samuel Coelho
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Doug Fernandes

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