As coisas realmente não são simples quando começamos a brincar com o espaço-tempo, mas se a temática do jogo te atraiu, você deveria experimentar ler a trilogia Fronteiras do Universo, afinal você deve gostar de ler, senão estaria fazendo o que aqui? Claro, em algum universo você já leu os livros, mas estamos falando de um onde esse evento ainda não ocorreu. Mas o que essa série tem a ver com BioShock Infinite, você pergunta. Vejamos.
Fronteiras do Universo (His Dark Materials, do inglês) é composta por três livros lançados entre 1995 e 2000: "A Bússola de Ouro", "A Faca Sutil" e "A Luneta Âmbar", escritos pelo autor britânico Phillip Pullman. É possível também conhecê-la pela adaptação cinematográfica de 2007 da primeira parte, estrelada pelos atores Daniel Craig e Nicole Kidman, embora o filme não reflita bem a temática e profundidade da obra original. Um jogo multiplataforma baseado na versão de cinema foi lançado no mesmo ano, mas ele não é digno de nota. Ainda existem outros três livros relacionados com a história, “Lyra’s Oxford”, “Once Upon a Time in the North” e “The Book of Dust” (ainda não finalizado), que acompanham alguns dos personagens da série principal em outros momentos de suas vidas.
A história começa acompanhando o cotidiano da jovem de apenas 11 anos Lyra Belacqua, que vive em um mundo diferente do nosso, onde as pessoas possuem como companheiros de vida animais falantes chamados daemon. Os daemon não são como bichos de estimação ou meros amigos, eles fazem parte do que uma pessoa é. Lyra mora na cidade de Oxford sob os cuidados dos catedráticos da universidade. Neste curioso universo, que ainda conta com feiticeiras e ursos polares guerreiros, a reforma protestante não ocorreu e a Igreja Católica preservou e expandiu seus poderes, o que levou à formação de um governo teocrático repressor a serviço da “Autoridade” divina.
A história dos livros envolve temas pesados como a morte (tanto da perspectiva trágica quanto da libertadora), religião como forma de opressão ou amparo e física quântica. Quem jogou Infinite até o final sabe que estes são tópicos abordados no jogo, afinal Columbia é uma teocracia misturada a políticas de segregação racial comandada pelo auto-proclamado profeta Zachary Hale Comstock, e os experimentos com partículas dos cientistas Lutece são o motor da aventura. A morte também é uma simbologia recorrente nas duas histórias. Outros elementos em comum entre as tramas são a presença de jovens protagonistas cujas habilidades únicas as destinarão a ter papel importante nos conflitos que seguirão e rebeliões contra autoridades religiosas opressoras.
Se você gostou da temática de universos paralelos usada para narrar os eventos em Columbia, saiba que em Fronteiras do Universo ela é uma peça chave. Logo no início, um dos pontos de maior destaque na trama é a pesquisa em andamento a respeito de uma possível “janela para outro mundo”, e a partir daí a coisa só aumenta, transformando-se em um dos alicerces da obra. É inclusive algo que me influenciou enquanto jogava Infinite, num primeiro momento estava vendo o jogo pela lógica da trilogia, que funciona de maneira um pouco diferente. Melhor parar por aqui para não entregar spoilers dos livros, mas fica a sugestão de leitura. BioShock Infinite e Fronteiras do Universo não são clones ou equivalentes, mas as similaridades devem ser suficientes para atrair a atenção dos fãs de um para outro e vice-versa. E se você já conhece as duas histórias, compartilhe conosco sua visão.
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Vitor Nascimento
