10 - Cambalhota para trás e... abismo
Pra quem não sabe, nunca antes na história foi tão importante dar cambalhotas (ou a famosa "rolada ninja") em um jogo. Na dúvida, aquela roladinha para trás pode ser a diferença entre um "vai pro inferno monstro lazarento, eu sou o cara aqui" e um chilique que faz seus vizinhos te olharem feio. Sabendo disso, provavelmente um estagiário da From Software deve ter dito algo do tipo "ei, e se a gente colocar umas lutas cabreiras em uns lugares estreitos nos quais o jogador pode cair ao desviar de alguma coisa?", e o pior de tudo, deve ter sido até promovido depois de falar essa barbaridade, mas enfim. A sensação de desviar de algum ataque desgraçado e cair para a morte é chata, por assim dizer. Na verdade chata é a narração do Galvão Bueno, isso já está em outro patamar. Por ser uma situação passível de acontecer em vários momentos do jogo, morrer em uma queda é nosso décimo lugar.
9- O baú da felicidade
Aí você está indo todo fanfarrão pegar algum item naquele baú lá em uma parte inferior do Sen´s Fortress, já imaginando se será alguma arma interessante, ou quem sabe alguma armadura, milagre ou anel... as esperanças alçam belos vôos. Apenas para, como em 95% de nossas expectativas em relação à romances na vida real, serem esmagadas tal qual insetos - leia-se, pessoas com um poder de luta menor que 9000 - pelo Vegeta. O primeiro encontro com um Mimic em Dark Souls é tão grotesco esteticamente quanto frustrante. O nosso baú da infelicidade abre seus dentes e abocanha o personagem, já retirando uma soma decente de vida. Aí, quem sabe o tesouro não seja uma fogueira gostosa e uma substancial perda de humanties e souls. Obrigado, nono lugar, por fazer eu ter que dar espadadas em todos os baús do jogo depois disso, e por ter feito eu dar uma bica no baú da casa da minha avó antes de ver o que tinha lá dentro.
Poderia até ser uma metáfora sobre ganancia. Mas é só sacanagem mesmo. |
8- O Bode
Capra Demon é um inimigo medíocre. Bem fácil de matar aos montes. Mas, jamais, repito, jamais, quando está em um beco com o tamanho do barril do Chaves, acompanhando por dois cães (que foram quem "boto pa nois bebe" e esquecer essa desgraça de momento) e no começo do jogo. O chefe da parte inferior do Undead Burg é um daqueles tios espaçosos que chegam na sua casa, trocam de canal, abrem a geladeira e fazem piadas sobre onanismo. Ele é aquele cara que senta em duas poltronas do ônibus e coloca o medley do MC Rodolfinho em um volume semelhante ao de uma sirene de escola. A falta de espaço e a claustrofobia dessa luta são o suficiente para fazer o jogador iniciante morrer umas boas vezes. A música tensa ajuda você a querer esmurrar o próprio pâncreas quando morre no jogo, ao invés de respirar fundo e tentar novamente. O oitavo lugar é responsável por uma série de desistências, dois ataques de raiva e um suicídio.
7- A tumba dos gigantes
Tomb of Giants é para mim, de longe (muito de longe) o pior mapa do jogo. Escuro, cheio de esqueletos gigantes querendo te matar, com precipícios, coisas malditas e um chefe chatinho. Na verdade ele é o mapa que me fez ter medo do escuro aos vinte e seis anos, assim como medo de ter um acidente vascular. Cada vez que vinha um dupla de esqueletos encher o saco eu já ficava tenso. Fosse o caso de morrer, para não arremessar o controle na parede, arremesso minha própria mão, apenas para sentir dor e arrependimento. Essas duais últimas palavras são perfeitas para descrever a sensação de entrar naquele lugar pela primeira vez. Dor e arrependimento.
Não gosto desse lugar, sério! |
6- Queda de framerate
Que o jogo tenta sacanear um pouquinho todo mundo sabe. Agora, quedas absurdas de framerate (a famosa lentidão) serem o motivo de uma morte é, como dizia o poeta, um tapa na cara da sociedade. O mapa em questão, Bilghttown, é até simpático e tudo mais. É também um dos locais com maior queda de framerate dos últimos anos, e se não fosse suficiente, tem uns monstros grandes que arremessam pedras e tiram um bom dano. A sensação de morrer por conta desse problema é muito mais indignante do que ouvir alguém chamar o Link de Zelda, por exemplo.
5- A cama do caos
Chegando no meio da lista, nada melhor do que um dos chefes mais lazarentos do jogo. A maravilhosa bruxa de Izalith que resolveu brincar com fogo e, ao invés de fazer xixi na cama, virou a cama do caos. Chegar até a chefe já é uma tarefa irritante. Aliás, cada vez que você cai em um dos buracos que ela abre e tem que passar pelo mapa inteiro novamente, alguma esperança na humanidade é perdida. O pior de tudo é, depois de ter vencido a batalha, se sentir um grande de um trouxa ao perceber que a solução era mais simples que beber água quando se está com sede (e quando, evidentemente, se tem acesso a água potável). Uma batalha mais chata que assistir Zorra Total com comentários do Luciano Huck, Bed of Chaos é nosso quinto lugar.
4- Cursed!
A doença mais legal de todos os tempos nos jogos, só que não. Adquirir curse em Dark Souls significa morte na hora, com perda eterna de souls e humanities, e ainda ficar com metade de sua vida total até usar um certo item. Ler o aviso "cursed!" no jogo te faz sentir a Catelyn Stark quando os bardos começam a tocar Rains of Castamere no famigerado Casamento Vermelho. Ler tal aviso te faz ficar com vontade de dar um tigger uppercut na primeira pessoa feliz que você ver na rua. Seria mais simples desligar o videogame e acabar com tudo isso de uma vez. Mas é claro que iremos curar esse status e partir pro jogo mais uma vez.
Oi, sou um sapo chato e só sirvo pra irritar você |
3- Ornstein e Smough
Vou confessar, eu me agredia fisicamente cada vez que morria para o Ornstein, depois de cerca de dez minutos de luta intensa e com a vida do desgraçado quase no fim. Sim, os dois chefes são um ótimo treino para a segunda parte do jogo, após Anor Londo, que é bem mais casca grossa que a primeira, mas mesmo assim, enfrentá-los garante uma boa dose de ódio no coração. Um mísero erro faz você ter que começar tudo outra vez. Além de ficar com um olho no peixe e outro no gato até um dos dois morrer, depois a luta fica ainda pior caso deixe Ornstein por último. E não, eles não são nem de longe a dupla mais chata do jogo.
2- O "dragão" da ponte
A entrada do dragão (que não é exatamente um dragão, mas um descendente deles) na ponte que liga ao Undead Parish é um momento muito legal do jogo. O que não é legal é tentar enfrentar o "mini"-chefe. É algo que nem precisa ser feito, na verdade, mas para aqueles que resolvem fazê-lo, é necessário praticar um pouco de yoga antes. Ele tem golpe que é morte em um hit, tem golpe que te queima, é grande e odioso. É preciso uma sorte maior que do Cuca e do Atlético Mineiro para vence-lo, ou alguma habilidade mística que apenas o Paladino Mascarado e Príncipe dos Sortilégios possui. No meu caso, fui pela sorte mesmo. Uma das tarefas mais difíceis do jogo é nossa medalha de prata.
Apelação em três, dois, um... |
1- Os Arqueiros de Anor Londo
Os arqueiros de Anor Londo são mais chatos que fim de semana sem eletricidade. Eles são mais insuportáveis que uma conversa entre o João Kléber e o Jô Soares. Eles existem apenas para fazer você se sentir mal, com ódio. Eu preferiria ver o box completo do DVD Xuxa Só Para Baixinhos do que ter que passar por ali de novo sem saber que uma flecha envenenada resolve o caso. Eles jogam flechas gigantes que te fazem cair de uma caminho bem estreito. E estão longe de você. E você tem que ir até lá. E por serem os maiores responsáveis por cabeçadas na parede, por chutes em lugares que não deveriam ser chutados, são o momento mais enfurecedor de Dark Souls.
Jogou esse jogaço? Qual momento que mais te enfureceu nele?
Revisão: Ramon Oliveira de Souza
Capa: Daniel Machado