Dois anos após o lançamento de seu primeiro jogo, Age of Empires, a Ensemble Studios estava pronta para dar continuidade à saga épica da humanidade em forma de jogos de estratégia em tempo real. O foco agora não é mais a época de ouro do nascimento e desenvolvimento das primeiras civilizações do mundo, mas sim os pequenos reinados da Europa e grandes impérios da Ásia ao longo dos mil anos conhecidos como Idade Média. Mas não foi apenas o tempo que avançou para a série, como veremos.
Originalmente, Age of Empires II: The Age of Kings seria lançado apenas um ano após seu antecessor, aproveitando a mesma engine e código. As coisas não saíram como planejado, e a Ensemble se viu obrigada a lançar Age of Empires: The Rise of Rome no lugar da sequência. Os jogadores só puderam conferir o novo jogo no final de setembro de 1999.
O game herdou praticamente todas as características originais da série. Continuamos tendo um centro de cidade, que podemos evoluir até que torne-se um suntuoso castelo. As árvores de tecnologia, os aldeões e aldeãs e os recursos continuam lá, como nos lembramos deles. Você ainda pode caçar (javalis, veados e ovelhas), pescar, criar plantações, explorar minas, pedreiras e florestas atrás da matéria-prima necessária para erguer e manter seu império através de quatro grandes períodos: Idade Negra, Idade Feudal, Idade dos Castelos e Idade Imperial. Para fazer a transição é preciso preencher determinados requisitos, como ter certa quantidade de ouro nos cofres e ter construído determinados prédios. Cada vez que você passa de etapa, desbloqueia novas tecnologias, unidades e construções, além de mudar o estilo arquitetônico e vestimentas da sua sociedade.
As árvores tecnológicas dessa vez estão mais robustas e possuem papel fundamental na jogabilidade. Pesquisadas em estruturas específicas de sua área, elas permitem a criação de fazendas que produzem mais e armaduras mais resistentes, por exemplo. Manter o equilíbrio na hora de dividir os recursos entre construir mais unidades e pesquisar mais tecnologias é uma peça-chave na hora de montar um exército.
Seguindo os passos de Age of Empires, o jogo trouxe uma boa variedade de civilizações do período histórico representado, divididas em quatro grupos, cada uma com fraquezas, vantagens, personalidades, arquitetura e unidades exclusivas baseadas em suas contrapartes do mundo real. São elas os Bretões, Celtas, Francos, Godos, Teutões, Vikings, Bizantinos, Persas, Saracenos, Turcos, Chineses, Japoneses e Mongóis. Mais uma vez a Ensemble fez questão de aproveitar em seu jogo um leque amplo de opções, não se retendo apenas às mais conhecidas ou à região da Europa. Conhecer bem a sua civilização é essencial para decidir estratégias de jogo. Ao alcançar a Idade dos Castelos, por exemplo, recebe-se uma tecnologia especial, exclusiva da civilização que você escolheu e que pode influenciar as suas ações. A dos mongóis permite coletar carne 50% mais rápido e a dos francos, construir castelos mais baratos.
Hagia Sophia já estava presente no mundo dos jogos muito antes de Assassin's Creed 2: Revelations. |
Hora de conquistar o mundo
The Age of Kings conta com vários modos nos quais você pode mostrar suas habilidades de estrategista. No modo “comum” você é jogado num mapa com até oito civilizações e deve traçar seu caminho até o sucesso. Existem vários modos de jogo e tipos de vitória. Destruir os demais jogadores é o mais básico. Também é possível ganhar construindo e mantendo por tempo suficiente uma maravilha, conceito herdado do jogo anterior, que por sua vez veio de Civilization. As maravilhas são construções de enormes proporções e, ao contrário do primeiro game, cada civilização possui a sua. Templo do Céu, Hagia Sophia e Notre Dame de Reims estão na lista. Outra tática é resgatar todas as relíquias espalhadas pelo mapa, que precisam ser transportadas por um monge até a sua base. Um dos modos mais divertidos é o regicida, no qual em vez de destruir o centro da cidade inimiga, é preciso matar o rei, unidade específica para essas partidas. Xeque-mate.O jogo também contava com modo campanha que acompanhava importantes eventos históricos através de partidas com design e objetivos customizados. Era possível acompanhar as épicas jornadas de William Wallace (tutorial), Joana d'Arc, Saladino, Genghis Khan e Barbarossa. O enredo seguia os acontecimentos reais e os heróis apareciam como unidades especiais, mais fortes e que nunca morriam, apenas ficavam desacordadas enquanto não eram resgatadas. Além disso, os mapas eram especiais para representar cenários existentes. Na campanha do Genghis Khan você até precisava atravessar a Muralha da China, construída com várias camadas de muros! Se nem isso é suficiente para você, também havia um editor de mapas para construir um mundo do jeito que achasse melhor.
Claro, condições de vitória são para quem quer jogar sério. Com o uso dos famosos cheats as coisas ficam um pouco mais divertidas (ou bizarras?). Para ativá-los bastava apertar enter e digitar os comandos engraçadinhos no chat, confira os mais famosos:
- Cheese steak jimmy's – 1000 comida
- Robin hood – 1000 ouro
- Rock on – 1000 pedra
- Lumberjack – 1000 madeira
- Marco – revela o mapa
- Natural wonders – controla os animais em vez de sua civilização
- To smithereens – recebe uma unidade sabotadora que explode inimigos
- How do you turn this on – recebe carro Cobra com metralhadoras
- Wimpywimpywimpy – comete suicídio
Age of Empires II: The Age of Kings é até hoje o jogo da série com melhores críticas, tornando-se um grande clássico dos gênero de estratégia. Em 2000, ele recebeu uma expansão, The Conquerors, que acrescentou vários novos elementos, como civilizações do “Novo Mundo” (Astecas, Maias e Espanhóis) e novas campanhas. Em 2001, foi lançada uma versão para PS2, desenvolvida pela Konami, que planejava também uma adaptação para o Dreamcast, que foi cancelada. Em 2006, foi a vez do DS receber um spin-off através da Backbone Enterteinment. Em 9 de abril de 2013 o jogo renasce com Age of Empires II: HD Edition, disponível no Steam.
Em 2001, a Ensemble Studios seria comprada pela Microsoft, e seu novo RTS fugiria da temática histórica que consagrou o estúdio. Com Age of Mythology, saíram os reis, entraram os deuses.
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Vitor Nascimento