Dois anos após The Age of Kings, a Ensemble Studios finalmente foi comprada pela parceira Microsoft, tornando-se um estúdio de desenvolvimento interno da divisão de jogos da comapanhia. Ao mesmo tempo, a nova engine gráfica da empresa, desenvolvida em paralelo com o segundo jogo da série Age of Empires, era anunciada. Chamada de BANG! e totalmente 3D, a promessa era utilizá-la em um novo projeto, com o codinome RTSIII. Enquanto todos esperavam que se tratasse de uma sequência direta de Age of Kings, seguindo o rumo da história humana, a Ensemble surpreendeu ao revelar o spin-off Age of Mythology.
Deuses sortidos
Talvez esse esquema não oferecesse a mesma diversidade dos outros títulos, já que não há nenhuma opção de mitologia asiática ou americana, por exemplo, mas certamente abriu espaço para várias divindades serem conhecidas pelo público, como Hator, Skadi e Hipérion. Mas escolher um deus não era apenas uma questão de afinidade mística, era uma questão de estratégia. Cada opção disponibilizava determinados poderes divinos, unidades míticas, melhorias e edificações próprios, de forma que era necessário organizar o melhor time para a partida. A adição de poderes divinos incrementou a jogabilidade ao fornecer aos jogadores armadilhas, ataques destrutivos ou habilidades de cura tão diversos quanto ninhos de aranhas gigantes, terremotos ou as clássicas tempestades de trovões.
As unidades humanas continuavam sendo a base de seu império, com os cidadãos construindo prédios e coletando recursos e um exército formado de soldados, arqueiros, cavalaria e artilharia. Juntam-se a elas unidades míticas geradas nos templos, que podem tanto fazer a diferença em batalhas quanto na economia ou exploração. As criaturas são variadas, como pégasos, hidras, sátiros, esfinges, gigantes e trolls (não os de internet). Ver um kraken lutando contra um leviatã, cercados por minotauros, múmias e fênix é uma verdadeira salada mitológica muito divertida.
Um império erguido sem pedras
Uma das mudanças de Age of Mythology para seus antecessores foi a remoção do recurso pedra. Realmente era o menos aproveitado, mas é curioso imaginar templos e muralhas sendo erguidos sem rocha. Poderes divinos, talvez? Mas nada de dar folga aos aldeões, agora além de coletar comida, ouro e madeira eles precisam reverenciar os deuses para conseguir a benevolência necessária para invocar as unidades místicas. Para tanto, os gregos precisam manter seus cidadãos reverenciando os templos, os egípcios erguendo monumentos e os nórdicos travando batalhas.Em 2003, a expansão The Titans adicionou uma nova civilização, a lendária cidade de Atlântida, baseada na mitologia grega e aproveitando o panteão de titãs, sendo os principais Gaia, Cronos e Urano. Outra inclusão, além de novas unidades e poderes, foi a possibilidade de invocar um titã no estágio mais avançado do game, uma unidade gigantesca e muito forte que podia quase sempre definir uma partida.
Quem eram os titãs? Na mitologia grega clássica, os titãs foram divindades primitivas extremamente poderosas que representavam a própria composição do universo. Descendentes de Gaia (a Terra) e Urano (o céu), eles reinaram durante a chamada "Era de Ouro". Em um dos mitos mais conhecidos, o titã Cronos devorava seus filhos com medo de que lhe roubassem o trono. Zeus, com ajuda de sua mãe Rhea, contudo, consegue escapar deste destino e acaba por liberar seus irmãos do estômago de seu pai. Após os titãs serem derrotados na Titanomaquia, a guerra contra a nova geração de deuses olimpianos, eles são presos no Tártaro, uma região abaixo do submundo.
Por falar em definir partida, vejamos alguns dos cheats de Age of Mythology, acessíveis ao pressionar enter durante o jogo:
- ATM OF EREBUS: 1000 ouro
- JUNK FOOD NIGHT: 1000 comida
- TROJAN HORSE FOR SALE: 1000 madeira
- BAWK BAWK BOOM: recebe o poder divino do meteoro de galinhas
- CONSIDER THE INTERNET: deixa as unidades mais lentas
- O CANADA: ganha um urso com um laser
- PANDORAS BOX: recebe poderes divinos aleatórios
- GOATUNHEIM: transforma todas as unidades em cabras
Vivendo a lenda
Um dos pontos mais legais de Age of Mythology é o seu modo campanha. Nos outros títulos havia diversas campanhas, cada uma focada em uma civilização diferente. Já aqui temos uma única história chamada A Queda do Tridente. O protagonista, o general atlante Arkantos, em sua missão de recuperar a benevolência de Poseidon, luta ao lado de Ajax e Odisseu na Guerra de Tróia, ajuda a rainha mercenária Amanra a resolver problemas internos do Egito, impede o Ragnarok com uma Valquíria e por fim enfrenta o próprio deus grego dos mares.Uma campanha adicional foi lançada pela Microsoft via download. Chamada de The Golden Gift, ela acompanha a aventura dos duendes Brokk e Eitri após a aventura original. A expansão The Titans também trouxe uma nova história que se passa após Atlântida ser tomada pelas águas. Kastor, filho de Arkantos, deve buscar um novo lar para seu povo, mas acaba se envolvendo na antiga guerra entre os titãs e os deuses.
A temática cativante, variedade de personagens, belos gráficos 3D e nova inteligência artificial tornaram Age of Mythology um clássico do gênero de estratégia, ficando ao lado de Age of Kings na posição de melhor jogo da franquia e um sucesso comercial imediato. O jogo ainda inspirou Age of Empires: Mythology, título da Griptonite Games para Nintendo DS. A série só seria retomada em 2009, com Age of Empires III, que modificou diversos elementos da estrutura tradicional de seus antecessores.
Revisão: José Carlos Alves