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Chamado às armas
Olhando para nosso tempo, é de assustar o número de FPS - First Person Shooters (ou jogos de tiro em primeira pessoa) - semelhantes sendo lançados a cada ano. Chega a ser engraçado ver empresas fazerem pequenas modificações aqui e ali, adaptar um roteiro falcatrua e vender tudo como um novo jogo para, ainda assim, receber ótimas críticas. Sabe por que isso? Porque FPS é um gênero que casa bem com os consoles atuais.![]() |
Um ponto para quem acertar o jogo. |
Embora a presença de FPS nos consoles seja realmente antiga, foi nesta geração em que este se tornou uma grande estrela. A evolução das mecânicas dentro do estilo, assim como a padronização dos dois analógicos nos controles e o desenvolvimento da parte online, finalmente permitiram aos jogadores de console experiências semelhantes às dos computadores, onde o gênero sempre fez um bom sucesso.
Some a isso os vastos cenários e a fluidez da movimentação dos jogos atuais e veremos que, depois de nos acostumar com jogos como Halo e Call of Duty, voltar para experiências antigas, mesmo que consagradas, como GoldenEye 007 (N64) é incrivelmente difícil. Deste modo, notamos que embora as possibilidades estivessem quase sempre presentes, foi a evolução do hardware que permitiu uma experiência adequada.
Um exército de clones
Cada geração tem um gênero amplamente replicado, sejam os platformers dos 16-bits, sejam os RPGs dos 32-bits ou os jogos de aventura 3D, do N64 em diante. Naturalmente que todos os consoles tiveram bons jogos de todos os gêneros; o Super Nintendo teve grandes RPGs de sucesso como Chrono Trigger, jogos de corrida como Top Gear e afins, mas, se você lembrar bem, o gênero que mais rendia na época era o de platformers.![]() |
Sparkster: Rápido como o Sonic, atira como o Megaman e resgata princesas sequestrada como o Mario... |
Claro que o que impulsiona o investimento empresarial é o lucro, mas, por trás de tudo, o que gera esse grande volume de vendas é a qualidade e a aceitação de um determinado perfil de jogos; um fator que está diretamente relacionado à adaptação técnica do estilo para as limitações de uma época.
Adaptações evolutivas ou Seleção Natural?
Quase como um Darwinismo gamístico, a sobrevivência de uma desenvolvedora depende de sua adaptação para com as mudanças. Ver grandes estúdios perderem o fio da meada na mudança de gerações não é de todo incomum.O perfil dos jogos de uma geração é grandemente influenciada pelos títulos first-party (da própria empresa que desenvolve o console) de primeira leva. Esses títulos são normalmente desenvolvidos junto com o console - objetivando aproveitar todas as funcionalidades permitidas pelo hardware, de modo a servir como um guia sobre o potencial e as qualidades do videogame para outras desenvolvedoras. Assim sendo, o fortalecimento de um gênero está diretamente ligado ao desenvolvimento dos consoles.
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Jogos first-party servem como demonstrativo das novas tecnologias. |
Se repararmos bem, o gênero de plataforma é um dos que pouco se modificou nas últimas décadas: ele até ganhou umas novas camadas de tinta, mas a experiência continua sempre muito semelhante.
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Trine: Um platformer moderno. |
O que esperar?
Dadas as devidas considerações, parece improvável que vejamos grandes mudanças no gênero dos FPS. Com a padronização das mecânicas e o alto volume de lançamentos semelhantes, o gênero pode ter encontrado um ponto de estagnação, um sinal claro de mudança para uma indústria que se recicla a cada geração.As vendas do segmento, ao menos no futuro próximo, devem ser mantidas pelo público exclusivo que encara os FPS como jogos de esporte com versões anuais, entretanto, é improvável que o estilo se mantenha como sucesso padrão para as próximas gerações, ainda mais depois das possibilidades demonstradas pelo sucesso de jogos de mundo aberto como Skyrim.
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Porque não se perder no mundo de Skyrim? |
Revisão: Rafael Becker